A peculiar categoria dos guarda-costas petistas, que ganha projeção a cada escândalo, é subproduto de um fenômeno da última década: o crescimento da preocupação do partido com sua segurança.
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Só no ano passado, segundo dados da Justiça Eleitoral, o PT nacional desembolsou R$ 752 mil com segurança, divididos em R$ 413 mil pelo partido e R$ 339 mil pela campanha de Luiz Inácio Lula da Silva.
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Entre 1999 e 2006, o PT registrou à Justiça Eleitoral um aumento real de 248% nos gastos com "serviços técnicos profissionais", que incluem contratação de segurança privada.
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O salto dá uma idéia do aumento com gasto de segurança, uma vez que, até 2005, o partido não detalhava essa despesa.
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Em regra, o dinheiro beneficia ex-guarda-costas que subiram na máquina partidária e que montaram seus negócios.
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O último a sair da penumbra para o noticiário policial foi Dario Morelli Filho, compadre de Lula que começou fazendo segurança do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, foi guarda-costas do ex-ministro José Dirceu e montou empresa em Diadema (SP). No ano passado, ganhou R$ 187 mil para trabalhar na campanha de Aloizio Mercadante ao governo paulista.
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O gasto com segurança e vigilância foi um dos maiores do PT no ano passado, superando despesas com aluguel de imóveis e hospedagem de dirigentes. Em 2006, o PSDB informou gasto com segurança de R$ 22.920; o DEM, R$ 18 mil.
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Segundo petistas ouvidos pela Folha, os gastos mais elevados se devem ao crescimento rápido do partido desde o início da década. Mas há outros fatores. Um ponto de inflexão foi a chegada à presidência do PT de Dirceu, em 1995. Ele profissionalizou todas as áreas, das campanhas à comunicação. Fez o mesmo com segurança.
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Nas palavras de um colega de partido, a "mentalidade de aparelho" do ex-preso político contribuiu para elevar o item ao topo da agenda do PT. Dirceu passou a exigir varreduras periódicas nos escritórios do partido e o reforço das equipes de vigilância e segurança.
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Uma estrutura de "inteligência" interna, que iria desembocar no escândalo dos "aloprados", em 2006, passou a existir em campanhas. Ali se abrigava, por exemplo, Gedimar Passos, um ex-policial de confiança da direção petista. Acabou apanhado com uma pilha de dinheiro pela Polícia Federal.
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Em 2002, o assassinato de Celso Daniel, prefeito de Santo André, deu mais uma contribuição ao processo. O partido passou a gastar com carros blindados e coletes à prova de balas para seus dirigentes. Ironicamente, um dos suspeitos pela morte é outro ex-segurança petista que virou empresário, Sergio Gomes da Silva.
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Mas, entre os "guarda-costas emergentes" da sigla, todos são ofuscados por Freud Godoy. Sombra de Lula nos anos 80, tornou-se um bem-sucedido empresário. Foi assessor especial da Presidência, cargo que perdeu após ser citado no caso do dossiê. A empresa de sua mulher é a favorita do PT para fazer eventos e varreduras telefônicas. Em 2006, recebeu R$ 309 mil da campanha de Lula.
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Para o tesoureiro Paulo Ferreira, o gasto do partido com segurança é "compatível com sua estrutura e importância".
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Folha de S. Paulo
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