ALCKMIN CRESCE: DATAFOLHA CONFIRMA NOSSA ANÁLISE
por Paulo G. M. de Moura, cientista político
Acabo de ler no blog do Reinaldo Azevedo - http://blogdoreinaldoazevedo.blogspot.com – não deixe de visitar, mas vou avisando, causa dependência - que o Datafolha publica essa manhã, pesquisa mostrando crescimento de 7 pontos percentuais de Alckmin e conseqüente redução de 23 para 17 pontos a diferença que separa o tucano de Lula. O molusco cresceu um ponto percentual no ranking desse instituto. Ufa! Vocês pensam que é fácil ficar sustentando, quase sozinho, um ponto de vista analítico sobre a conjuntura que tromba de frente com a avalanche midiática lulista?
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Além disso, defendi a tese de que Alckmin deveria concentrar esforços na tentativa de ampliar sua penetração eleitoral junto às regiões onde ele é mais forte, e não no nordeste, reduto de Lula. Finalmente, defendi que não adiantaria Alckmin seguir se expondo erraticamente sem uma estratégia definida, e que deveria se preservar e investir em pesquisas que lhe conferissem orientação estratégica, na costura da aliança com o PFL e na composição de seu comando de campanha.
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No dia 12 de abril no artigo intitulado “O vôo de galinha do tucano Alckmin”, afirmei:
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“De nada adianta Alckmin sair viajando pelo nordeste como um desesperado atrás dos eleitores de Lula. Se a solução para esse problema da falta de estratégia não for equacionada no curto prazo, se tornará fatal para o projeto de poder do PSDB. Para isso, os tucanos precisam tomar algumas medidas preventivas de curto prazo. A primeira coisa a fazer é parar para pensar e traçar um plano de ação, ao invés de seguir voando como galinhas desesperadas. A providência seguinte é encomendar uma bateria de pesquisas que alimente a construção das variáveis estratégicas (foco, posicionamento, imagem e discurso) da candidatura de Alckmin. Isso leva algum tempo, mas é um investimento imprescindível e inadiável. Enquanto essas repostas não são construídas, é preciso definir algumas balizas mínimas que permitam orientar a atuação do candidato, que precisa trocar o pneu do carro andando. Todo o cuidado em cada declaração e/ou aparição pública de Alckmin, é pouco nesse momento. Sem balizas estratégicas que lhe forneçam critérios para decisões e ações, o candidato torna-se vulnerável e tende a errar, causando prejuízos eleitorais a si mesmo.
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”Em 25 de maio, no artigo intitulado “Sangue frio, Alckmin!”, escrevi:
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“Observando de longe é difícil ter certeza, mas a impressão que tenho, é de que Alckmin está começando a corrigir esses erros. Na minha maneira de entender, os movimentos táticos adequados ao momento pelo qual passa sua candidatura deveriam priorizar: a) a montagem de uma estrutura de comando de campanha envolvendo um tripé formado por lideranças dos partidos coligados (eu poria Cesar Maia nesse time), cientista(s) político(s), para analisar pesquisas, e profissionais de comunicação e marketing político; b) a consolidação da aliança com o PFL; c) a realização de atividades políticas junto à área de influência dos redutos dos partidos coligados, para consolidar sua posição de largada nas regiões e com os eleitores junto aos quais a oposição é mais forte.
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”E, no dia 19 passado, encerrei um artigo com a seguinte frase:
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“O jogo começou. A oposição recém entrou em campo e já dá para sentir o ambiente diferente. Os petistas estão inquietos e preocupados. Acusaram o golpe. As pesquisas qualitativas deles devem ter revelado que o golpe do PFL calou fundo. Os petistas vão reagir e contra-atacar, não nos iludamos. Mas aqueles que pensavam que a reeleição de Lula seria um passeio, tratem de tirar o cavalinho da chuva.
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”Tenho a impressão que essa brigalhada entre tucanos e pefelistas foi cortina de fumaça para ocupar os jornalistas com um assunto que não importa às maiorias despolitizadas, enquanto eles arrumavam a casa e preservavam Alckmin da exposição às vulnerabilidades provocadas pela ausência de estratégia. Não que não existissem alguns motivos para esses atritos, mas até que eles foram bem úteis.
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No curto prazo, acertei. No longo prazo, em que espero ver se confirmar uma virada ao estilo do referendo das armas, ainda não. Até porque Alckmin cresceu, mas Lula também cresceu um ponto percentual.
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O que isso significa? Significa que Alckmin cresceu porque mostrou à maioria silenciosa que tem força, coragem e vontade de enfrentar o molusco. Os exércitos da oposição são muito maiores do que as pesquisas mostram. Mas não se mobilizarão para derrotar o petismo se não virem em Alckmin um líder disposto a fazer com o petismo o que o petismo fazia com seus adversários quando lutava pelo poder.
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Mas se Alckmin cresceu batendo, porque Lula não caiu? Alckmin não cresceu ainda sobre os eleitores efetivos ou potenciais de Lula. Cresceu sobre eleitores que já foram seus e ele perdeu, e sobre eleitores que estavam com Serra e ainda não havia migrado para ele. Há mais espaço para crescer nessa fatia do mercado eleitoral, se Alckmin seguir com essa linha estratégica no próximo período. É preciso conquistar mais eleitores de Serra e garantir o segundo turno primeiro. O segundo passo, quando Lula começar a cair, será tirar do molusco esse último contingente de eleitores que ele conquistou na onda da euforia midiática com o faturamento da publicidade oficial. Talvez essa segunda fase do processo possa iniciar ainda antes do horário eleitoral gratuito, com a oposição se valendo de propaganda impressa de massas e o discurso unificado de suas lideranças, focando numa só coisa: pau em Lula. A virada, se houver, se dará nos 45 dias do horário eleitoral gratuito.
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Digo se houver, porque o molusco não está morto, não é burro, está no poder e tem muitos recursos e vantagens competitivas. Além disso, será preciso que o marketing de Alckmin acerte a alquimia entre a batida em Lula e a venda de um país diferente que o novo governo terá que construir. Mas, por enquanto, os indicadores me satisfazem.
1 Comments:
Bobby.
Um bom plano de governo e um belo guasqueaço no Mulla, vão resolver o problema!
Abraço
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