FINANCIAL TIMES
É interessante ver como que um jornal como o Financial Times percebe o Brasil, à luz de tudo que nós aqui publicamos em Blogs. Vejam abaixo um artigo de Richard Lapper, do bureau de São Paulo, publicado em 26 de Julho passado. É mais sério do que um artigo sobre os excessos etílicos do presidente. Será que Richard Lapper será convidado a trabalhar noutra freguesia?
Traduzi-o por achar de extrema importância, pois quantifica uma série de coisas que já liquidaram iniciativas de pessoas sérias que apenas queriam trabalhar corretamente dentro da lei. Há muitos anos atrás, quando eu e alguns amigos, ainda estudantes, começamos nosso primeiro pequeno negócio me perguntaram: “Você já recebeu sua primeira multa?” Poderei que éramos pessoas sérias e responsáveis. A resposta foi: “Neste país é impossível não infringir alguma lei. Quando pensas que fizeste tudo certo descobres que há alguma coisa que passou desapercebido. Há um excesso de fatores que podem gerar multas.”
Outra coisa que fica clara pelas estimativas de setor informal. A economia brasileira é muito maior, ou seja, o próprio PIB é maior do que o aparente.
Se entre os leitores houver alguma pessoa com acesso aos candidatos a presidente, peço que cobre dos mesmos, em palanque, uma posição. Particularmente daqueles partidos que acham que podem seguir semeando dinheiro de impostos entre os seus amigos e asseclas, pois sempre haverá novos “patos” para contribuírem com mais impostos. A desobediência civil ocorre hoje através da sonegação. Essa passou de crime a ato patriótico, que salva a pátria e reduz o desemprego.
Segue abaixo a íntegra do artigo:
Uma burocracia desnorteante, papelada infindável e um dos sistemas de impostos mais onerosos significa que milhares de negócios brasileiros apenas literalmente apenas podem sobreviver na ilegalidade, conforme um relatório publicado na quarta-feira.
O relatório da International Finance Corporation acha grandes variações entre os 13 estados do Brasil que foram estudados mas conclui que o Brasil precisa simplificar seus procedimentos radicalmente para competir mais eficazmente com outros mercados emergentes.
“Ainda há uma grande distância entre o melhor que o Brasil tem a oferecer e fazer negócios em Bangkok e Johannesburg, e as reformas são necessárias” alega o relatório.
“Os estados deveriam combinar as melhores práticas do Brasil – como, por exemplo, o registro de propriedades informatizado do estado nortista do Maranhão, e ao mesmo tempo tentar manter o ritmo de reformas de países como o Chile, Vietname e a Slovakia.
”Um dos maiores problemas é o imposto. Em um dos casos extremos o IFC, braço do setor privado do Banco Mundial descobriu que negócios do Rio de Janeiro enfrentariam uma conta de impostos igual a mais do que o dobro dos seus lucros brutos se pagassem todas as suas obrigações fiscais.
Na média, nos 13 estados estudados a carga de impostos, chega a 147 porcento do lucro bruto.
As alterações dos códigos de impostos estaduais e municipais ocorrem com tanta freqüência que uma empresa que possua 50 funcionários precisa de três contadores em tempo integral para se manter informada comenta Caralee McLiesh uma das autoras do relatório. Os contadores precisariam gastar 26t00 horas anuais para lidar com os impostos, mais tempo do quer qualquer dos 155 países analisados anualmente pela IFC.
O relatório estima que em 2002 e 2003, 42 porcento da atividade econômica correu na economia informal no Brasil, comparado a 33 porcento no México, 16 porcento na China e 26 porcento na Índia.
2 Comments:
Talvez o famoso "jeitinho brasileiro" tenha surgido dessa necessidade de driblar o fisco. Hoje praticamente incorporou-se ao modo de ser do brasileiro em todos os campos. Infelizmente.
(Bianca)
Sem parâmetros morais e éticos é complicado sim. O governo mete a mão no bolso do cidadão,de forma agressiva. E a população devolve o gesto, criando "jeitinhos" para tentar escapar da sanha arrecadatória. É triste, sim! Nenhuma nação consegue encontrar caminhos se prevalecendo deste tipo de comportamento.
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