Presidente do Senado ouviu apelos de 15 colegas para deixar o cargo.Após constrangimento, ele se negou a renunciar ao mandato.
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O presidente do Senado, Renan Calheiros, foi constrangido pelos colegas em plenário nesta terça-feira. Senadores da oposição e da base do governo fizeram na sessão desta terça apelo para que ele deixe o cargo durante o processo sobre as acusações de que recebeu ajuda de um lobista para pagar despesas pessoais.
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"O que me preocupa é a rua. A rua o condenou e passou a nos cobrar", disse o líder do Democratas, José Agripino (RN).
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Renan ouviu, por cerca de duas horas, pelo menos 15 senadores pedindo seu afastamento do cargo, entre eles dois do PMDB, Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), e dois da base do governo: Eduardo Suplicy (PT-SP), e Renato Casagrande (PSB-ES).
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"Estando na presidência, o senhor causa influência no Conselho de Ética. Essa posição interfere", disse Casagrande. Apenas dois o defenderam: o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), e Almeida Lima (PMDB-PI).
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Sentado na cadeira de presidente, Renan avisou que não deixará o cargo. "Sucumbir à sedução de um pseudo clamor é incompatível com a coragem e honradez que tenho me pautado. Com serenidade, entendo que devo permanencer na presidência, mesmo que, com isso, contrarie apetites políticos de ocasião", disse Renan. "Quero saber qual é acusação", questionou.
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O presidente do Senado se manifestou após discurso feito na tribuna pelo líder do PSDB, Arthur Virgilio (AM), para anunciar a posição oficial do partido de defender seu afastamento do cargo.
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"O PSDB entende que, neste momento, com esse gesto, Vossa Excelência teria o direito a ampla defesa", disse. "Não é com prazer que PSDB sugere esse caminho. Mas esse julgamento precisa ter dois pressupostos: amplo direito de defesa e ampla investigação sobre os fatos", disse Virgilio.
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Logo depois das falas de Virgilio e Renan, foi a vez de o presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), reafirmar a posição tucana. Renan ainda teve que ouvir o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) fazer o mesmo apelo.
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"Reafirmo que, em nome da Casa que o senhor jurou defendê-la, entendo que é melhor para o Senado que esse processo seja feito com outra pessoa no seu lugar provisoriamente", afirmou.
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Desgaste
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A decisão da Mesa Diretora do Senado de devolver nesta terça ao Conselho de Ética o processo contra Renan aumentou o desgaste contra ele entre os colegas. No Senado, o clima nesta tarde é de que Renan se enfraqueceu politicamente depois da tentativa frustrada de arquivar o processo por meio da Mesa Diretora.
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O presidente do Senado chegou a pedir para que a Mesa solicitasse o aval do plenário sobre o futuro de seu processo. Preocupado com uma derrota, que politicamente o enfraqueceria ainda mais, Renan recuou. Sem maioria na Mesa, não quis enfrentar os colegas em plenário e teve que aceitar o retorno da investigação ao Conselho, onde seus aliados são minoria.
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A postura oficial do PSDB e do PDT de pedir nesta terça seu afastamento imediato do cargo deixou Renan apenas com o apoio da ala governista do PMDB e de alguns senadores da base do governo.
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Dentro da base, aliás, Renan já perdeu aliados como Renato Casagrande, Eduardo Suplicy, Augusto Botelho (PT-RR) e Aloizio Mercadante (PT-SP), que defendem uma investigação profunda sobre o caso. "É a imagem da instituição em jogo", diz José Agripino.
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Da tropa de choque de Renan, poucos aparecem para defendê-lo publicamente. A tarefa tem sido comandada pelo líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), principal interlocutor de Renan durante a crise. Já José Sarney (PMDB-AP) tem sido um dos principais conselheiros, mas não se manifesta aos jornalistas. Nos últimos dias, o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), não faz mais a defesa de Renan como antes.
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Já a líder do PT, Ideli Salvatti (SC), chegou a liderar com Jucá o grupo pró-Renan, mas, pressionada pela bancada, recuou e agora passa a defender, pelo menos, a investigação. Ideli teve que ler em plenário uma nota aprovada pela bancada do PT em defesa da posição da Mesa Diretora de devolver o processo ao Conselho de Ética.
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LEANDRO COLONDo G1, em Brasília
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