O "Movimento PT", tendência partidária, apresenta um documento para o III Congresso do PT, onde expõe as suas teses principais. Dentre os signatários, consta o nome da deputada Maria do Rosário, uma candidata possível para a prefeitura de Porto Alegre. Torna-se, portanto, importante analisar algumas das idéias expostas.
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Como praticamente todas as tendências partidárias, também esta se recusa a qualquer renovação doutrinária. As idéias socialistas continuam orientando a sua ação, o que se traduz por um descompasso cada vez maior entre o que pensa o partido e o que ele faz enquanto governo. Temos, então, paradoxalmente, um governo aplaudido pelo setor financeiro, nacional e internacional, e encarado pelas instâncias partidárias e por suas correntes como se encaminhando para uma transição ao socialismo. Para não deixar lugar a dúvidas, é dito que se trata agora, neste segundo mandato, de "compatibilizar nossa experiência de governo com os possíveis caminhos para a construção do socialismo". É ainda acrescentado que "não vamos concluir, agora, a formulação de nosso modelo de socialismo, pois não há acúmulo suficiente para isto". Realmente, não dá para entender. Um século de experiência socialista não é ainda suficiente? E a ex-União Soviética, com seus campos de educação e extermínio? E a China maoísta, com seus próprios genocídios? E o Camboja, com o extermínio de metade de sua população? E Cuba, com seus assassinatos, encarceramentos e eliminação dos direitos humanos?
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O controle da mídia é um outro eixo norteador de seu programa. O linguajar marxista está muito presente. Assim, o "sistema capitalista" se caracterizaria pela "propriedade dos meios de produção e dos aparelhos ideológicos formadores da opinião pública". Logo, democratizar os "aparelhos ideológicos" significaria passá-los seja para o controle dos sindicatos (controlados, por sua vez, pelo partido), seja para o Estado que utilizaria os seus comissários para determinar aquilo que pode ser visto ou não, ouvido ou não, lido ou não. Os países totalitários e de autoritarismo socialista enveredaram todos, sem exceção, para a abolição da liberdade de imprensa e da mídia em geral, sempre, é claro, em nome da "verdadeira democracia". Essa tendência chega mesmo a afirmar que a "crise do socialismo real e as grandes transformações do mundo capitalista não tornaram obsoletos os conceitos socialistas sobre a democracia". Faz sentido!
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Sob esta ótica, o Movimento PT continua fazendo uma defesa incondicional do "socialismo do século XXI" de Chávez, de Evo Morales, na Bolívia, de Fidel Castro, em Cuba, e de Rafael Correa no Equador, dentro de uma perspectiva de solidariedade internacional socialista. "O PT e nosso governo não podem aceitar passivamente a predominância da visão colonizada de parte da imprensa brasileira, que ataca implacavelmente tais dirigentes políticos". Está, então, entendido. Os brasileiros devem aceitar o amordaçamento da imprensa, o fechamento de redes privadas de televisão, a eliminação das instituições democráticas, a subordinação do Poder Legislativo e do Judiciário ao Executivo e entregar, de graça, as usinas da Petrobrás para os ditadores-eleitos desses países. É esse o modelo apregoado para o Brasil e para a sociedade gaúcha em particular?
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Contra todas as evidências históricas, mostradas pelas sociedades capitalistas desenvolvidas, como a França, a Inglaterra, a Espanha, os países nórdicos, os EUA, a Alemanha, o capitalismo é caracterizado "por um anti-humanisno". Ora, nas sociedades capitalistas desenvolvidas, há a afirmação da liberdade individual, o empreendorismo, o bem-estar social, os direitos civis, a liberdade de imprensa e de pensamento em geral, a liberdade de ir e vir, a liberdade de circulação. Onde estão essas liberdades e o bem-estar social nas sociedades "socialistas"? A inversão é total: a barbárie socialista se tornou uma forma de humanismo e as sociedades que afirmaram o humanismo são declaradas bárbaras! Estamos, na verdade, diante da barbárie do pensamento!
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por Denis Rosenfield
Marcadores: new socialism
1 Comments:
Lamentável para nós brasileiros, estarmos indo para a contramão da história, enquanto alguns países europeus que tiveram a triste experiência de regimes comunistas e socialistas, estão mudando e vendo que realmente esse discurso "igualitário" é utópico, nós aqui na América LATRINA, estamos à passos largos caminhando para esse modelo que já é sabidamente ruím, antidemocrático , injusto , corrupto e bárbaro. EDU FL
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