por Lúcio Lambranho, Congresso em Foco O empresário Valdebran Padilha, um dos principais acusados de envolvimento no escândalo do dossiê Vedoin, insistiu durante toda a primeira hora do depoimento na CPI dos Sanguessugas que sua participação no episódio tinha acontecido pela amizade de dez anos com o empresário e operador da máfia das ambulâncias, Luiz Antônio Vedoin. Mas sua versão não conveceu os integrantes da comissão e o empresário caiu em contradição ao ser confrontado com seu depoimento na Polícia Federal.
.Padilha repetia a cada questionamento que não tinha nenhum interesse na negociação e que sabia que estava acontecendo, mas não "intervia em nenhum momento". "Quando eles estavam nessa conversa [dinheiro] eu me afastava", disse ao ser questionado pelo deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que assumiu o lugar de relator devido à ausência do senador Amir Lando (PMDB-RO).
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Segundo Padilha, sua função era saber se os petistas que também faziam parte da negociação iriam entregar o dinheiro. "Havia uma desconfiança de ambas as partes. Se um ia entregar o dinheiro e se o outro iria passar a informação", afirmou.
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A versão de Padilha começou a cair em descrédito quando o vice-presidente da comissão, deputado Raul Jugmann (PPS-PE), leu parte do último depoimento dado pelo empresário, no dia 3 de outubro, na Polícia Federal, em Cuiabá. Segundo o texto, Padilha dizia que conhecia Luiz Antônio Vedoin há seis anos e que não tinha nenhuma relação de amizade e comercial com o operador do esquema das ambulâncias. "Não caiu versão nenhuma, se são 4 ou 6 anos é irrelevante. Amizade é relativa e eu não freqüentava a casa dele (Vedoin)", retrucou o depoente.
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O deputado Júlio Redecker (PSDB-RS) questionou Valdebran sobre as suas relações comerciais com a família Vedoin. "Não tem relação comercial, mas pegava dinheiro emprestado?", perguntou Redecker. No início do depoimento, o empresário negou que tenha entrado na negociação porque devia dinheiro para os Vedoin, mas confirmou que tinha feito empréstimos com os donos da Planam antes de 2002.
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"O pouco que houve foi cumprido e honrado e talvez por isso eles tenham me chamado para acompanhar o acordo", declarou Padilha. O empresário, que por 35 votos a favor e nenhum contra foi retirado do diretório regional do PT em Mato Grosso na última sexta-feira (17), ainda tenta sustentar a sua versão de que atendeu os Vedoin porque eles estavam "passando por problemas financeiros e de saúde na família".
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O empresário disse que os Vedoin, Expedido Veloso e Gedimar Passos garantiam que toda a negociação estava registrada na Justiça Federal e por isso ele aceitou acompanhar a negociação do dossiê.
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Os “aloprados”
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Valdebran também desmentiu as versões dos petistas Expedito Veloso, Jorge Lorenzetti e Hamilton Lacerda, todos acusados de envolvimento na compra do dossiê contra políticos tucanos.
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O empresário disse ter conversado várias vezes com Veloso sobre o preço final para venda das informações, que no início das negociações começaram no patamar de R$ 20 milhões por exigência da família Vedoin e acabaram sendo fechados por R$ 2 milhões.
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Expedito Veloso, ex-diretor de Gestão de Riscos do Banco do Brasil e integrante da campanha de Lula, negou que ter negociado valores mesmo admitindo que estava na busca do dossiê comprometendo os candidatos do PSDB, especialmente o candidato ao governo de São Paulo, José Serra. "Vai falar com eles [a família Vedoin]", disse ter dito Padilha quando a Veloso reclamou do preço alto no início das conversas com os operadores da máfia das ambulâncias.
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Valdebran Padilha também revelou ter falado por telefone com Jorge Lorenzetti antes de ser preso no dia 15 de setembro, em um hotel em São Paulo, junto com Gedimar Passos, outro integrante da campanha do presidente Lula. Segundo Padilha, a conversa foi feita por meio do telefone celular de Passos um dia antes da prisão, 14 de setembro.
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Do outro lado da linha, Lorenzetti, conhecido como o churrasqueiro preferido do presidente Lula, teria dito para o empresário que parte da negociação já estava concluída, considerando que Luiz Antônio e Darci Vedoin já estavam concedendo entrevista exclusiva à revista Istoé. Padilha disse que o R$ 1 milhão, entregue para ele por Gedimar Passos, serviu apenas para garantir a entrevista. As informações incluíram, pela primeira vez, o empresário Abel Pereira no caso e suas relações com o ex-ministro da Saúde, Barjas Negri (PSDB). Lorenzetti, assim como Veloso, negaram ter mencionado valores nas negociações com os Vedoin.
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Para fechar o acordo e receber o dossiê, os "aloprados", deveriam entregar mais R$ 1 milhão para Valdebran Padilha. O dinheiro, segundo o empresário, chegou na pasta carregada por Hamilton Lacerda, então assessor do senador Aloísio Mercadante (PT-SP). Caso a segunda parte do acordo fosse frustrada, disse Padilha, Expedito Veloso acionaria um "plano B".
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A alternativa, segundo a versão do empresário, era entregar à imprensa, sem nenhum pagamento, anotações feitas por Veloso durante as conversas com a família Vedoin. Valdebran Padilha também confirmou, como já tinha feito em depoimento à Polífica Federal, que a pasta recebida por ele com os dólares era igual a carregada por Lacerda e filmada pelo circuito interno de TV do hotel onde ele foi preso junto com Gedimar Passos.
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