SOMOS INFELIZES PORQUE NÃO APRENDEMOS A VOTAR!

Faltava tão pouco para atingir esse sonho... Educação, Saúde e Segurança! Tão pouco, mas ao mesmo tempo impossível enquanto eles¹³ burocráticos se agarram nas Estatais, verdadeiros cabides de empregos e corrupções, nós... Vamos agüentando! - PRIVATIZAÇÕES? Hummm! Por enquanto jamais! Ensina o petismo esperto e oportunista: - é para a "companheirada!" - Bando de lesa pátria!

Minha foto
Nome:
Local: Belo Horizonte, MG, Brazil

Sou uma pessoa que não acredita mais numa parte do povo brasileiro, infelizmente essa parte escolheu Lula pela segunda vez consecutiva para governar o Brasil. Depois dos diversos escândalos promovidos pelo seu partido o PT e pelo eleito. Mentiram, fez-se vítima e enganou o povo muito mal informado sobre o primeiro mandato e, com seu discurso "mequetrefe" de "pai do povo", chegou onde queria! Nunca em toda minha vida pude presenciar sem fazer nada, tamanha desgraça que assolou o Brasil. Portanto, recuso-me a aceitar essa autoridade! Por muito menos Collor foi impedido!

26 novembro 2006

Uma intenção dialógica


JARBAS PASSARINHO
Ex-governador, ex-ministro, ex-senador
.
Ao ler as declarações respeitáveis do eminente prelado dom Geraldo Magella Agnelo e de outros dirigentes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), remeti-me ao debate fascinante travado entre Umberto Eco, ateu, e o erudito e brilhante cardeal Carlo Maria Martini, constante de um excelente opúsculo sob o intrigante título Em que crêem os que não crêem? Não sou ateu, nem agnóstico. Creio em Deus e no transcendentalismo e sigo, nos seus contornos, uma profissão de fé católica. Não mereço, provavelmente, ser confundido com o que o eminente cardeal do Rio de Janeiro classificou de “católico caótico”, posto que esteja distante dos tempos dos chamados católicos praticantes, em que cheguei, orientado por dom Mário de Miranda Vilas Boas, então arcebispo de Belém do Pará, a ler apologética e dogmática. Entendia – e estou arrimado no novo Aurélio – que catolicismo é inseparável da significação universal. A prática política, de que participei no período turbulento da luta armada deflagrada pelas guerrilhas comunistas, guerrilheiros treinados e financiados por Cuba de Fidel Castro, satélites do Leste Europeu, de Moscou e até a China de Mao Tsétung, tornou-me adversário da Teologia da Libertação, posto que nunca tenha aderido ao capitalismo do laissez faire, hoje apelidado de neoliberalismo.
.
Firmei minha convicção contrária ao marxismo, no estudo propedêutico que fiz de Marx, fundamentalmente em Marxisme de Marx, de meu guru Raymond Aron e nos dois volumes preciosos do padre Jean-Yves Calvez, La Pansée de Karl Marx, nunca traduzido, no Brasil. E basta, porque dizia Bobbio que quando se tem muitos mestres, não se tem nenhum. E também porque a censura da esquerda se aninha nos meios de comunicação de massa, boicotando quando não pode de todo impedir a publicação, como foi o caso do Camaradas, de William Wack. Não chegou, o livro, à segunda edição. Longe de Sartre, fico com a frase de Dostoievski: “Se Deus não existe, tudo é permitido”. Daí a surpresa por ler de hierarcas da Igreja Católica a afirmação de que a CNBB tem apoiado um partido político, o PT, ao redor de duas décadas, o que traduz opção facciosa em detrimento da universalidade. Mas não fica aqui a minha estranheza, como se fosse possível adicionar ao Decálogo o mandamento petista. Vou mais longe, na esperança de aprender o que não sei. O cardeal Martini ensina: “Os homens não esperaram o cristianismo para ter uma ética e para colocar problemas morais, sinal de que a ética estabelece um elemento essencial do humano, que envolve todos”.
.
E exemplifica, distinguindo a moral da ética: “Não considero que o código fundamental da moralidade humana, o Decálogo, esteja sujeito à revisão com o tempo; que matar, roubar, mentir possam se tornar recomendáveis em si mesmos”, dependendo da concepção variante de moral, que é um código de conduta, diverso da ética, que é o discernimento do bem e do mal. Ora, desde a separação da Igreja do Estado, as fronteiras são distintas. Nunca tivemos regimes teocráticos, como os muçulmanos o têm. Se a Igreja Católica decide oficializar seu apoio a um partido político, deixa de ser universal. No mundo, quando os totalitários, especialmente os comunistas, necessariamente ateus, erigiram regimes antiteístas, o papa Pio XI editou a encíclica Divini redemptoris, condenando o comunismo marxista, contestando os materialismos histórico e dialético e lastimando as perseguições que os católicos sofriam na União Soviética, no México e na Espanha. Foi uma posição política de defesa de Deus e da Igreja. Agora, não é a Igreja atacada por nenhum dos partidos políticos. Apoiou a contra-revolução de 64 e depois dela se afastou, não toda ela, mas a dominada pela Teologia da Libertação e a transformação das comunidades eclesiais de base (como previu e advertiu João Paulo II no discurso de Manaus) em centros políticos de capacitação política da esquerda.
.
Mas uma vez revogado o bipartidarismo, nenhuma justificação existe para introduzir, entre os 10 mandamentos da lei de Deus, o PT ou seu programa. Fazer críticas brandas aos que roubaram (mensalão), mentiram (depoimentos das CPIs), mataram (Celso Daniel) choca-se com a defesa da ética e da moral. Passa a Igreja a ser conivente com o roubar, matar e mentir, crimes praticados pela “organização criminosa”, assim definida pelo procuradorgeral da República. Cobrar do presidente dar “emprego” (ministérios) em troca do apoio parlamentar, pelo menos é muito menos imoral que conspurcar deprava irremediavelmente a democracia e a república.
.
Criticar isso mas permanecer ligado ao partido que cometeu tantas indignidades e as compensou com um assistencialismo que a CNBB condena apenas porque “não tem cobrado as contrapartidas”, acaba por ser uma exigência de fiscalização e a apoio implícito do Bolsa-Família (esmola, como a chamava Lula, quando oposição). Que é feito do Fome Zero? Do Bolsa-Família, dom Aldo Pagotto diz ser ajuda pessoal que “vicia pessoas que não querem trabalhar”. Apesar disso, a CNBB deixa claro que votou em Lula e acredita no programa do PT. Pobre cardeal Martini: o Decálogo foi revisto...
.
.
Não deixem de ler a reportagem feita pelo jornal Folha de São Paulo desse domingo, postada abaixo.