SOMOS INFELIZES PORQUE NÃO APRENDEMOS A VOTAR!

Faltava tão pouco para atingir esse sonho... Educação, Saúde e Segurança! Tão pouco, mas ao mesmo tempo impossível enquanto eles¹³ burocráticos se agarram nas Estatais, verdadeiros cabides de empregos e corrupções, nós... Vamos agüentando! - PRIVATIZAÇÕES? Hummm! Por enquanto jamais! Ensina o petismo esperto e oportunista: - é para a "companheirada!" - Bando de lesa pátria!

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Sou uma pessoa que não acredita mais numa parte do povo brasileiro, infelizmente essa parte escolheu Lula pela segunda vez consecutiva para governar o Brasil. Depois dos diversos escândalos promovidos pelo seu partido o PT e pelo eleito. Mentiram, fez-se vítima e enganou o povo muito mal informado sobre o primeiro mandato e, com seu discurso "mequetrefe" de "pai do povo", chegou onde queria! Nunca em toda minha vida pude presenciar sem fazer nada, tamanha desgraça que assolou o Brasil. Portanto, recuso-me a aceitar essa autoridade! Por muito menos Collor foi impedido!

23 julho 2006

A CABEÇADA DA FENAJ. MAIS UMA

SINDICALISMO ENTRE AMIGOS
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Por Alberto Dines em 18/7/2006
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Zidane tinha um motivo para derrubar o italiano Materazzi com a cabeçada que certamente entrará para a história. Foi ofendido, revidou. Sabia que seria expulso, não reclamou.
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A cabeçada da Fenaj não tem justificativas nem desculpas. A ressurreição da proposta para a criação do Conselho Federal de Jornalistas não tem qualquer atenuante. É cabeçada de cabeçudos. Ao ignorar o repúdio nacional ao projeto anterior, a Fenaj apresenta-se à sociedade brasileira como um ente obsessivo, comandado pela vocação suicida, incapaz de revisões e autocríticas.
É verdade que a Fenaj acatou parcialmente uma sugestão deste Observatório no sentido de mudar o nome de seu coquetel Molotov, do então Conselho Federal de Jornalismo para Conselho Federal de Jornalistas. Mas cedeu à tentação autoritária ao adotar uma fórmula nitidamente corporativa e política. Prova disso é a opção bolchevique e hegemônica na pia batismal: Conselho Federal dos Jornalistas.
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Território livre
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A catastrófica reincidência retira os jornalistas da vanguarda da sociedade civil e os coloca na retaguarda, a reboque de interesses grupais, típicos de corriolas. Preocupados apenas com uma reserva do mercado profissional e inteiramente desatentos aos fantásticos desafios que se abrem diante das novas tecnologias, os camaradas da Fenaj dão o empurrão definitivo para que o jornalismo brasileiro esqueça seu glorioso passado e converta-se num afluente das assessorias de imprensa.
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Nada contra as assessorias de imprensa, ao contrário: ajudam empresas e governos a se comunicar com a sociedade. Neste sentido são indispensáveis. Mas o verdadeiro jornalismo transcende à mera comunicação; a função do jornalismo hoje é ajudar o desnorteado cidadão contemporâneo a pensar, formar juízos e assim escapar do rolo compressor da comunicação massificada, deletéria, frívola, desumana. E geralmente capciosa.
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A Fenaj alega que ao percorrer todas as instâncias legislativas submeteu seu projeto a um debate prévio. Mas este Congresso Nacional brasileiro representa o país real, o país da decência, ou apenas o país dos Severinos Cavalcantis, dos mensaleiros, dos sanguessugas e dos parlamentares-concessionários de emissoras de rádio e TV? O Congresso hoje é território livre dos lobistas e dos assessores. Os "representantes do povo" que endossaram e aprovaram o novo figurino do CFJ representam apenas os seus próprios interesses e os de suas facções.
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Despreocupação patronal
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A Fenaj está tergiversando, sua argumentação beira a desfaçatez. É inconcebível que um grupo que fala em nome dos operadores do Quarto Poder tente se apresentar como defensor da qualidade do nosso jornalismo através deste minúsculo fóssil.
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Não é o presidente da República quem deve vetar o esdrúxulo estatuto, é a própria Fenaj. Para recuperar um mínimo de credibilidade, para proteger-se e proteger o chefe da nação da pecha de autoritário que carrega desde o momento que endossou o abortado rascunho do CFJ.
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O feroz bombardeio da grande imprensa contra o projeto pode ser visto como injusto, exagerado, mas não descabido. Os "patrões" não são os únicos revoltados com a regulamentação. Os jornalistas também não a engoliram. Também os assessores de imprensa.
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A Fenaj não percebeu que com seus delírios revolucionários confere legitimidade às ANJ, Abert & Cia. A maioria dos empresários e empresas de jornalismo do país não está minimamente interessada em melhorar os procedimentos e padrões da imprensa brasileira. Nem melhorar o nível informativo e cultural da nossa sociedade.
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Graças à Fenaj conseguem se apresentar como anjos do bem.

14 julho 2006

RELAÇÕES PERIGOSAS

Em primeira mão para vocês... Relatório do Cap. Antônio De Lamare Junior, que trabalha no setor de inteligência da Polícia Militar:
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O criminoso capturado do PCC, João Henrique Baptista, o "Tantão" declarou neste domingo de madrugada que o mandante dos ataques é um guerrilheiro das FARC muito conhecido entre os
membros do PCC como "Taiguara". Esse guerrilheiro teria, há cerca de uns 15 dias, participado de uma reunião na fronteira do Brasil com a Colômbia, na cidade de Letícia.
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Teriam participado dessa reunião, além de Taiguara mais 4 membros das FARC e nada menos que o próprio José Dirceu, dois assessores e o piloto do avião (um piper cherokee fretado
no Brasil). Segundo revelou "Tantão", a idéia era "fazer bagunça para queimar o Alckmin". Os participantes seriam em sua maior parte aqueles beneficiados no Feriado do Dia das Mães. As armas seriam entregues em local informado pelo pessoal das FARC.
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O presente relatório foi impedido de ser publicado no momento em que o Ministro da Justiça tomou conhecimento do mesmo nesta segunda-feira, quando compareceu em São Paulo. Segundo declarações de um policial que pediu para não ser identificado, o criminoso "Tantão" entrou em uma viatura da PM às 04:30 hrs da manhã desta segunda-feira e permanece em destino ignorado.
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Então: As armas de guerra do crime - e as drogas - passam pelas fronteiras abertas do país tropical. As mortes violentas de brasileiros comuns há muito tempo superam as estatísticas de mortes das guerras no Oriente Médio. Agora, são as mortes de agentes de Estado que superam as guerras. O brasileiro há muito está escondido atrás das grades de sua casa. Agora, são as autoridades que são acuadas.
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Há muito, o crime vem sendo comandado por celulares, dos presídios. Todos nós sabemos. Há muito, ônibus são incendiados pelo crime em Vitória e no Rio de Janeiro. Não é a primeira vez que o crime ataca a polícia - já atacou quartéis das Forças Armadas. A rebelião mostra poder de ser nacional e com arrogância.
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Não foi por falta de aviso. Foi por falta de competência e de vergonha. Porque se falta dinheiro para a segurança ou para a educação, não tem faltado para sanguessugas e mensaleiros, maus exemplos de imunidade dos que fazem as leis da impunidade!!!
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O criminoso da ordem político nacional (reeleição) e internacional (Colômbia, Venezuela e Cuba) "fornecedores" de cocaína e da política na América Latina para a implantação da URSAL - União das Repúblicas Socialistas da América Latina.
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Neste último fim de semana assistimos, estarrecidos, os acontecimentos violentos contra o Sistema de Segurança do Estado de São Paulo. Os meios de comunicação e o próprio governo nos informam que a principal razão para os atos de "barbárie" seria a transferência de presos para um determinado presídio. Será?
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Todos nós brasileiros aprendemos, depois de tantos anos de violência e corrupção, que bandido, bandido mesmo, seja ele traficante, ladrão de banco, corrupto e, até mesmo os ladrões-de-galinhas, não agiriam contra seus próprios "empreendimentos" (se é que vocês me entendem).
Bandido que é bandido faz de tudo para manter seus "pontos", suas "bocas de fumo", suas "fontes de renda", bandido que é bandido, não age politicamente, não entra em confronto, assim, "de graça" com a polícia. Isso representa prejuízo muito grande para seus negócios. Rebeliões em presídios sempre aconteceram, por conta de super-lotação, melhores condições para os presos, etc. Mas, esta rebelião contra o Sistema de Segurança do Estado de São Paulo possui, claramente, um objetivo político.
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Os chefões do PCC não arriscariam o lucro com o comércio de drogas em São Paulo e não colocariam todo o sistema de segurança em alerta, contra suas "fontes de renda", pelo simples fato de terem sido transferidos para um determinado presídio.
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Então, nos perguntamos:
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- Por que esta rebelião acontece agora, justamente no Estado de São Paulo?
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- Ora, caros amigos, os chefões do PCC, que são poucos, estão entre a cruz e a caldeirinha. Todos sabemos de onde vem a droga que entra no Brasil. Ela é plantada em três países: Colômbia, Venezuela e agora, com o aval do presidente Boliviano, teremos plantações "legítimas" de coca na Bolívia. Então, por que os chefões do PCC estão agindo contra o Sistema de Segurança do Estado de São Paulo, um dos maiores do país? Por que fariam isso? Por que arriscariam seus "negócios"?
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- Porque a ordem veio dos "fornecedores".
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Os "fornecedores", que agora também estão no comando do poder dos países plantadores de coca querem, claramente, que o regime democrático de nosso país seja afrontado e que os Governos que representam "riscos" para seu "regime falsamente ideológico esquerdista", patrocinado, em grande parte, pelos traficantes, não seja ameaçado.
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Por que o Estado de São Paulo representa um risco?
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Porque São Paulo é a capital mais produtiva de nosso país, é governada por um partido que se diz "neo-liberal", o único com alguma chance de derrubar os planos de se fazer da América Latina um território esquerdista, onde Hugo Chávez seria o grande líder de um continente onde a droga é plantada livre e legalmente, com o objetivo financiar os governos ditadoriais-esquerdistas como os de Cuba e Venezuela. Por isso os dirigentes do PCC estão entre a cruz e a caldeirinha: Ou, enfrentam todo o Sistema de Segurança do Estado mais poderoso de nosso país. Ou, correm o risco de ficar sem o "GÁS-COCA" que alimenta o mercado das drogas.
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É hora de pensarmos seriamente sobre os riscos que Hugo Chávez e vários outros dirigentes de países e partidos que se dizem "esquerdistas", inclusive em nosso país, estão criando para a democracia de nosso tão amado Brasil. Afinal, é bem mais fácil negociar com o partido brasileiro, onde atual presidente liberou uma TV só para Hugo Chávez, a Tele Sur, um o partido que aceitou dinheiro da ASFARC e de Cuba e que tinha, como projeto de uma de suas facções a previsão de arrecadar US$ 1.000.000.000,00 (Um bilhão de dólares) para transformar a América Latina num território "esquerdista" (URSAL) e plantador de coca.
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Estão aí a morte de Celso Daniel, o Escândalo do Mensalão, as falcatruas publicitárias, e tantas coisas a mais. Se o Governo de São Paulo quer realmente desvendar essa farsa, basta investigar mais seriamente os criminosos, que estão se passando por advogados dos comandantes do PCCs. Comecem a investigar as "viagens" e de onde está vindo o dinheiro desses "ditos advogados" que, em verdade são bandidos que possuem as carteirinhas da OAB e estão repassando as ordens vindas da Colômbia, Venezuela e Cuba.
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São eles que estão trazendo as ordens dos "fornecedores" para serem repassadas ao comando do PCC, pois eles são patrocinados pelos chefões que financiam o tráfico e a política na América Latina. Todos sabemos, é do conhecimento geral:
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- Bandido não rasga dinheiro à toa e não age politicamente sem que um comando maior esteja por trás. Esses atos de barbárie são, com certeza, políticos mas, se Deus quiser, assim como o mensalão e tantos outras falcatruas, irão ser passados à limpo.
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Tudo o que está acontecendo em São Paulo foi arquitetado pelo Palácio do Planalto para "mudar o foco" das denúncias da revista Veja sobre as contas em paraísos fiscais que seriam do presidente Lula e do resto do PT e para acabar com a credibilidade do candidato do PSDB Geraldo Alckmin, cuja base eleitoral é São Paulo. Mais detalhes veja abaixo.
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E HÁ CEGOS QUE NÃO QUEREM VER !!!!
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Já tenho mencionado isso a mais de um mês, mas vou repetir e podem mandar para quem quiserem o que aqui abaixo vou escrever.
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Estava mais que na cara que este partido de comunistas iria fazer algo para acabar com a credibilidade do único candidato que poderia interferir na sua sede inescrupulosa pelo poder, que eles detém a fim de perpetuar no comando da nação o imbecílico Dom Luiz Ignácio Corleone. Também já mencionei anteriormente, inclusive em crônica divulgada nos jornais Folha de São Paulo e Estadão, que o maior entrave para Geraldo Alckmin era o secretário de segurança pública do estado de São Paulo, o arrogante e prepotente secretário Saulo. Não deu outra. A quadrilha do planalto central pegou exatamente na chaga que poderia atacar.
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Através de pessoas infiltradas dentro dos presídios, prometeram liberdade para os marginais perigosos, desde que eles, viessem a ajudar a desestabilizar o arcaico sistema prisional paulista. A troco de promessas e de dinheiro conseguiram infiltrar ainda mais celulares e através deles conseguiram causar o caos em todo o estado, eliminando feito moscas nossos policiais militares e civis. Cabe ressaltar que, os policiais andam fardados e tem local fixo de trabalho, sendo que por outro lado o marginal anda sem identificação na testa que identifiquem as suas ações criminosas, melhor dizendo, o crime se organizou, porém a polícia que deveria ser o caçador, acabou virando caça.
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Na sede de poder que aqueles delinqüentes (PT) tem em se perpetuar no poder, não se importam de usar qualquer subterfúgio, por mais sádico que seja, para atingir às sua finalidades, mesmo que elas sejam por demais sórdidas. Se acham que isso irá parar por ai estão enganados. Foi publicado ontem no jornal Estado de São Paulo, que, em gravação de celulares de dentro dos presídios paulistas, haviam partido ordens para não só matar policiais, mas sim vários membros do PSDB e da oposição ao desgoverno federal.
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Cuidado amigos, pois a próxima vítima pode ser qualquer um de nós.

12 julho 2006

PLANO REAL

Passo a passo, como foi criado o Plano Real
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Ao longo do caminho para a criação e a implantação do real, foram enormes os problemas, crises, divergências e mesmo brigas. Acompanhe como o plano foi concebido
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Desde o final dos anos 70, um grupo de economistas brasileiros, muitos dos quais ligados ao Departamento de Economia da PUC-Rio, trabalhava com o conceito de inflação inercial - independentemente de outras causas, a inflação passada tende a se replicar no futuro, nas asas da indexação generalizada da economia. Alguns deles começaram a desenhar planos para combater o componente inercial. Um dos caminhos era o congelamento simultâneo de preços e salários, implementado com êxito em Israel em 1985.
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No Brasil, porém, com o fiasco do plano Cruzado em 1986, e a série de congelamentos ainda mais fracassados que o sucedeu, este caminho foi inviabilizado. Restavam poucas alternativas. Uma delas seria um 'currency board' como o implementado pela Argentina em 1991, pelo qual o país praticamente renuncia à moeda nacional, ao submeter sua emissão a uma regra de cobertura total pelas reservas internacionais.
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Outra abordagem, mais complexa, tinha sido alinhavada pelos economistas Pérsio Arida e André Lara Resende em um trabalho acadêmico de 1984, que ficou conhecido como 'plano Larida'. A idéia era criar uma moeda com indexação diária, que reajustasse automaticamente todos os preços e contratos da economia. Ela conviveria algum tempo com a moeda anterior, e depois a substituiria. Era como se a moeda indexada absorvesse a inflação diariamente, e depois se transformasse numa moeda nova, limpa, livre da contaminação hiperinflacionária. O plano era mais um esquema para liquidar o componente inercial da inflação.
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Solução inviável
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Com a disparada da inflação para um nível anual acima de 200% em 1984, ficou evidente para muitos daqueles economistas que combater a espiral inflacionária apenas com aperto fiscal e monetário tornara-se inviável. Quando o País entrou na fase hiperinflacionária, depois do fracasso do Cruzado, aquela restrição ficou ainda mais clara.
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"Partíamos do princípio de que não seria exeqüível fazer a contração monetária e fiscal necessária para quebrar a inércia dos contratos; ela seria de tal ordem que governo nenhum teria condições de realizá-la", diz Arida. Em outras palavras, um plano ortodoxo para combater a hiperinflação geraria uma queda do PIB tão violenta que, na prática, esta opção se tornava quase impossível.
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Por outro lado, todos os participantes daquele grupo de economistas estavam absolutamente conscientes de que combater a inflação inercial sem mexer no descalabro das contas públicas brasileiras levaria inexoravelmente a mais um fracasso, como o do Cruzado e dos diversos planos heterodoxos que o sucederam. "Tínhamos que atacar a área fiscal e a reforma do Estado", relembra Gustavo Franco, um dos principais formuladore e executores do Plano Real.
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Convocados um a um
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Todas estas questões já tinham sido amplamente mastigadas pelo grupo de economistas que viria a lançar o programa de estabilização, quando eles foram, um a um, convocados a participar do governo, com a nomeação de Fernando Henrique Cardoso como quarto ministro da Fazenda de Itamar Franco, em maio de 1993.
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O grupo incluía Lara Resende, Arida, Franco, Pedro Malan, Edmar Bacha, Winston Fritsch e Chico Pinto, todos ligados à PUC-Rio. Era evidente para eles que a sua missão, e grande oportunidade histórica, era, no pouco mais de um ano e meio que restava ao governo Itamar, encerrar o ciclo de hiperinflação iniciado em 1986, com o fracasso do plano Cruzado. Nos dez anos anteriores ao Plano Real, a inflação brasileira medida pelo IPCA acumulou 310 bilhões por cento. Neste período, houve uma sucessão de pacotes, mudanças de padrão monetário, congelamentos e até um seqüestro de contas e aplicações, todos inúteis.
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Por indicação de José Serra e Sérgio Motta, o Serjão, duas das principais lideranças do PSDB, e futuros ministros do presidente Fernando Henrique, o então ministro da Fazenda chamou o executivo Clóvis Carvalho, que trabalhava para o grupo Villares em São Paulo, para ser seu secretário-executivo. O engenheiro Carvalho, sem formação em Economia, recebeu a missão de gerenciar e dar objetividade àquele grupo brilhante de acadêmicos.
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"O Serjão entrou no circuito, me dizendo que precisavam de alguém para 'fazer funcionar'", relembra Carvalho. "Pedi um dia para pensar, e ele me disse que eu só tinha 15 minutos; liguei para minha esposa e falei que era algo para no máximo seis meses, dada a rapidez das trocas de ministros da Fazenda pelo Itamar", continua.
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Clóvis Carvalho ficaria seis anos e meio em Brasília, como secretário-executivo da Fazenda até o fim do governo Itamar, ministro-chefe da Casa Civil de Fernando Henrique até junho de 99, e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior até setembro do mesmo ano, quando saiu do governo.
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Série de reuniões
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O grupo imediatamente iniciou uma série de reuniões, em São Paulo, Brasília (muitas no apartamento funcional de Fernando Henrique) e Rio, que se prolongaria até as etapas finais do lançamento do Plano Real. As discussões eram feitas de igual para igual e sem hierarquias, independentemente das posições que ocupassem no Ministério da Fazenda e até em outras áreas do governo.
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Desde o início, estava claro que a grande tacada seria fazer um plano para acabar com a hiperinflação, que teria necessariamente que incluir uma recauchutada geral no caos das contas públicas brasileiras, e um dispositivo para derrotar o componente inercial da inflação. Quanto a este segundo ponto, dada a desmoralização dos congelamentos, a saída estava em um esquema do tipo 'plano Larida'. A idéia do 'currency board' chegou a ser cogitada, mas havia uma rejeição quase instintiva no grupo à noção de se renunciar à moeda nacional. "Todo mundo lia o que todo mundo escrevia e estava todo mundo pensando a mesma coisa", diz Franco.
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Arida observa que, mesmo tendo dado errado, o plano Cruzado criou na sociedade brasileira a idéia de que algo de grande impacto teria de ser feito para derrotar a inflação. A série de tentativas de planos parecidos que se seguiu, apesar dos sucessivos fracassos, fazia com que os agentes econômicos sempre esperassem que um novo congelamento viria. Com isto, ele diz, "os preços aumentavam na expectativa do próximo congelamento, a inflação acelerava, e os políticos congelavam, validando a previsão dos empresários".
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O plano Collor em 1990, de sequestro das contas bancárias e aplicações, aumentou ainda mais o temor de intervenções drásticas do governo.
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Diante desta situação, Fernando Henrique determinou à equipe econômica que queria um programa de estabilização "sem sustos, sem congelamento e sem confisco". E a abordagem do plano Larida, pela qual se anunciava previamente a introdução da moeda indexada, tinha a grande vantagem de obedecer a esta determinação do ministro.
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Medidas preparatórias
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Logo na partida, em julho de 1993, antes mesmo que estivesse totalmente definida a decisão de se lançar um programa de estabilização, o grupo elaborou o Plano de Ação Imediata (PAI), um conjunto de medidas fiscais preparatórias para o Plano Real. Os objetivos do PAI eram o corte e maior eficiência dos gastos públicos; recuperação de receita tributária; o fim da inadimplência de Estados e municipíos nas dívidas com a União; o controle e a rígida fiscalização dos bancos estaduais; o saneamento dos bancos federais; e a privatização.
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O plano estabelecia um corte de US$ 6 bilhões nas despesas do governo em 1993, e determinava que a proposta orçamentária de 1994 deveria ser feita com uma previsão realista de receita - uma tentativa de romper com o padrão de ajustar as despesas irrealistas do Orçamento por meio da inflação.
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Outras providências do PAI eram a regulamentação do Imposto Provisório sobre a Movimentação Financeira (IPMF), antecessor da atual Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF); o endurecimento da fiscalização da Receita Federal; o disciplinamento dos Estados e municípios, com propostas que só viriam a ter plena eficácia com a promulgação da Lei de Responsabilidade Fiscal, em maio de 2000; e as primeiras iniciativas do ciclo de medidas pelas quais o governo federal e o Banco Central fecharam o ralo financeiro dos bancos estaduais (em 1995, com a intervenção no Banespa, Banerj, Nacional e Econômico, e a criação do Proer, foi enfrentado o início de crise bancária causada pelo fim dos lucros com a inflação).
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Vários incêndios a apagar
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Além do PAI, a equipe de Fernando Henrique Cardoso teve de apagar vários incêndios, enquanto arquitetava o Plano Real. Em junho de 1993, a Câmara dos Deputados aprovou por 384 votos a favor, e dois contra, uma lei salarial articulada pelo então deputado (hoje senador) Paulo Paim, do PT, que previa reajustes mensais (substituindo as antecipações bimestrais e reajustes quadrimestrais então em vigor) para salários com valor de até 20 mínimos, e reajustes reais para o mínimo de 3% ao mês.
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A equipe econômica gelou, porque estava claro que a vigência da 'lei Paim' significaria o descontrole final da hiperinflação. Segundo Franco, alguns pensaram em deixar o governo, naquele momento inicial em que a idéia de derrotar a hiperinflação ainda era um sonho ao qual atribuíam baixa probabilidade de realização. "Abriu a janela, vamos embora", ele descreve, referindo-se ao que passou na cabeça de muitos naquele instante.
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Fernando Henrique, porém, foi persistente, e garantiu que Itamar vetaria a lei, caso, ao fim dos trâmites parlamentares (ainda iria ao Senado e voltaria à Câmara), fosse aprovada naqueles termos, o que de fato foi. A lei foi vetada, e o governo colocou em campo a 'Agenda Brasil', com Franco (então no Ministério da Fazenda) e Raul Jungman, então vice-ministro de Planejamento, discutindo com a sociedade civil e sindicalistas a questão salarial, entre outras.
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No final, em 19 de agosto, em uma sessão tumultuada, o Congresso Nacional aprovou a lei salarial elaborada por Franco, que dava reajustes mensais com redução de 10 pontos porcentuais, com a defasagem reposta a cada quatro meses.
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Reversão das expectativas negativas
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Na época, Fernando Henrique comentou que a vitória do governo na briga da lei salarial marcava a reversão das expectativas negativas da sociedade. "Vamos agora dar uma virada na economia, sem choques e com muito trabalho", ele disse. Ninguém apostaria que aquela promessa se tornaria realidade, como de fato aconteceu.
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Mais adiante, entrando por 1994, Bacha negociou com o Congresso a emenda constitucional do Fundo Social de Emergência (FSE, equivalente à atual Desvinculação das Receitas da União, DRU), um mecanismo para introduzir algum grau de flexibilidade nos gastos da União. O PAI e o FSE criaram as condições mínimas de ajuste fiscal (sempre consideradas arriscadamente limitadas pelo grupo) para que o Plano Real pudesse ser lançado.
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Franco descreve a primeira fase das reuniões sobre o Plano Real propriamente dito como 'especulativa'. Além dos economistas, também participaram nesta etapa Serra; Eduardo Jorge, assessor do Ministério da Fazenda e futuro secretário-geral da presidência da República de Fernando Henrique, envolto em acusações não comprovadas de tráfico de influência depois que saiu do governo; Eduardo Graeff, chefe da assessoria parlamentar do Ministério da Fazenda, e, no governo FHC, sub-secretário de coordenação parlamentar da Casa Civil e depois secretário-geral da Presidência; Murilo Portugal, atual representante do Brasil no FMI; e José Roberto Mendonça de Barros, que trabalhou no Ministério da Fazenda, entre outros.
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Passando da especulação para escrever
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A segunda fase, como relembra Franco, foi a de "passar da especulação para escrever", uma vez definido que a inflação inercial seria combatida com a criação de uma moeda paralela, indexada, que mais tarde se tornaria a única moeda do País. Nesta segunda etapa, Serra se afastou do dia a dia das reuniões do grupo.
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Dois participantes fundamentais nesta segunda fase, segundo vários integrantes, foram Carvalho e Franco. O primeiro pela disciplina executiva que impôs ao grupo. O trabalho de Carvalho incluía desde estabelecer regras básicas, como a de que ninguém poderia atrasar na entrada ou sair antes do término das reuniões, até determinar tarefas específicas e cobrar a sua execução. "Definir missão e objetivos claros é chave; é o jeito de alinhar a equipe, fazendo com que todo mundo saiba para onde vai e que a energia passe", descreve Carvalho.
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Franco, por sua vez, dentro do grupo dos economistas, foi o que mais colocou a mão na massa na trabalhosa tarefa de transformar idéias gerais nas detalhadas peças legislativas que implantaram o Plano Real. Para isto, foram detectados e convocados, dentro da engrenagem do governo, e até fora dele, uma rede de profissionais e especialistas que poderiam contribuir em áreas específicas: política salarial, salários de funcionalismo, previdência, setor financeiro, contratos, tarifas públicas, seguros, etc.
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Alguns atores importantes, e pouco conhecidos, foram o advogado José Coelho Ferreira, funcionário de carreira do Banco Central (BC), e hoje juiz do Supremo Tribunal Militar; Fuad Noman Filho, assessor do Ministério da Fazenda, hoje secretário da Fazenda de Minas; e Rui Jorge, adjunto da procuradoria-geral da Fazenda Nacional, hoje na Petrobrás.
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Os bancos públicos no cabresto
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Segundo Carvalho, Fuad inventou o Comitê de Coordenação Gerencial das Instituições Financeiras Públicas Federais (Comif), com a função específica de colocar no cabresto os grandes bancos públicos, como o Banco do Brasil. Em outras tentativas de estabilização, estas instituições às vezes minavam os esforços do governo, seja com fortes aumentos salariais que se irradiavam pelo setor público, seja pelo lado da oferta de crédito em volume incompatível com os planos. "O corporativismo era enorme, os bancos oficiais representavam a maior ameaça", rememora Carvalho. No Plano Real, o BB foi induzido a criar uma 'reserva de moeda' de R$ 4 bilhões, apertando a cobrança de dívidas e segurando o crédito.
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Coelho, do BC, costumava falar, como relembra Franco, que "em matéria de pacotes econômicos, nada se cria, tudo se copia (de pacotes anteriores)". Ele queria dizer que o Plano Real, apesar dos seus elementos inovadores, deveu seu sucesso, em grande parte, ao aperfeiçoamento de aspectos dos muitos programas anti-inflacionários fracassados que o antecederam.
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Uma das principais lições tiradas de planos anteriores era a de que a contestação judicial era a maior inimiga dos programas de estabilização. Na elaboração do Plano Real, extraordinárias precauções foram tomadas para eliminar este perigo. Franco comandou este processo, mobilizando advogados e juristas dentro e fora do governo.
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Franco e Coelho conversaram longamente com juristas como José Thadeu de Chiara, professor de direito monetário da USP, Gilberto Ulhôa Campos e José Luiz Bulhões Pedreira, todos de fora do governo. Chiara, segundo Franco, redigiu os três primeiros artigos da primeira medida provisória do Plano Real, publicada no dia 29 de fevereiro de 1994. "Ele era como um especialista em uma doença rara", diz Franco, referindo-se ao fato de o jurista ter uma especialidade bastante incomum, mas que seria vital para o País naquele momento.
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URV, moeda de fato, mas sem poder de compra
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Um detalhe importante da primeira MP do Plano Real era o de que a Unidade Real de Valor (URV), o indexador introduzido em 1º de março de 1994, cujo valor em cruzeiros reais aumentava a cada dia, foi estabelecido como uma moeda de fato, porém sem poder de compra. Esta característica, obviamente, só surgiu quando a URV foi convertida no real, e este começou a circular (aliás, houve uma grande operação logística para levar as novas cédulas e moedas para todos os rincões do País). Os salários e benefícios previdenciários foram convertidos imediatamente para a URV. Os contratos e transações entre agentes privados foram convertidos voluntariamente, e a adesão foi um sucesso.
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Os implantadores do Plano Real estavam atentos ao fato de que já havia um entendimento consagrado pelo Supremo Tribunal Federal de que "não há direito adquirido sobre uma moeda extinta". Desta forma, quando, em 1º de julho, a moeda URV converteu-se no real, e o cruzeiro real desapareceu, os contratos e transações na nova moeda tinham grande solidez jurídica.
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A URV, um desdobramento da idéia desenvolvida no estudo de Lara Resende e Arida, foi a peça mais sofisticada do Real. Segundo o grande economista Mário Henrique Simonsen, a URV foi "a mais genial invenção do plano". Ela era um indexador diário, baseado em três índices de preços, e que também tinha uma paridade fixa, de 1 para 1, em relação ao dólar. A cada dia, a URV valia uma soma maior de cruzeiros reais. No dia 1º de julho, todos os contratos, contas bancárias, aplicações financeiras, operações de crédito, etc da economia que já haviam sido denominados em URV passaram a sê-lo em reais, à paridade de R$ 1 para cada URV. Os que ainda eram expressos em cruzeiro real foram convertidos ao real a R$ 1 por Cr$ 2.750,00.
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A implantação do Plano Real foi feita por meio de duas Medidas Provisórias (posteriormente convertidas em lei), editadas no final de fevereiro e de junho de 1994. Em dezembro de 1993, uma Exposição de Motivos delineou todo o arcabouço do plano. A escolha de 'Unidade Real de Valor' para o nome da moeda indexada, segundo Franco, teve o dedo do publicitário Nizan Guanaes. O nome 'real' para moeda definitiva foi uma preferência de Fernando Henrique.
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Vai-se a hiperinflação, fica a inflação
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Em 1º de julho de 1994, a URV transformou-se no real, o cruzeiro real desapareceu e, junto com ele, a hiperinflação. Mas não a inflação. Como lembra Franco, o real nasceu com um nível relativamente alto de inflação (mas, obviamente, nada comparável à hiperinflação). Nos 3 primeiros meses, ela acumulou quase 8%, ou mais de 35% em termos anualizados. Um nível perigoso, dada a tradicional tendência da sociedade brasileira a exigir e obter indexação dos seus contratos e transações.
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Para combater este surto inicial de inflação, o governo aplicou doses cavalares de juro real, e deixou o câmbio se valorizar, aproveitando uma fase de grande disponibilidade de capitais internacionais para os países emergentes. Além disto, a equipe econômica realizou um hábil jogo de pressão direta junto a setores empresariais que ameaçavam o plano com o seu poder de formação de preços. As principais armas do governo eram a conversa dura e as reduções - ou ameaças de redução - de tarifas alfandegárias de produtos importados.
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No final das contas, o plano foi bem-sucedido. Com o distanciamento de dez anos depois, fica claro que o objetivo principal foi atingido: o Brasil erradicou a hiperinflação, e mesmo a inflação em níveis muito altos. Quando o plano foi lançado, porém, não havia nenhuma certeza de que aquela meta seria atingida. Ao longo dos doze meses que antecederam o lançamento do programa, alguns participantes daquele grupo inicial saíram do governo, e sem dúvida o temor do fracasso deve ter contado nestas decisões. Lara Resende, por exemplo, um dos principais redatores da Exposição de Motivos, pediu o boné logo antes da sua publicação.
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Um orgulho indisfarçável
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Dez anos depois, os responsáveis pelo Plano Real mostram um indisfarçável orgulho ao relembrar como livraram o Brasil do atoleiro da hiperinflação. Ao longo do caminho, foram enormes os problemas, crises, divergências e mesmo brigas. No período pós-Real, o crescimento econômico médio foi medíocre, o que representa uma grande decepção para os que acreditavam que a inflação era a raiz de todos os males do Brasil. Ainda assim, os pais do Real têm claramente a noção de que, sem o seu trabalho, o Brasil certamente seria pior. E acima de tudo ficou a lembrança de um fantástico trabalho de equipe: "Foi o melhor grupo com o qual trabalhei em toda a minha vida", resume Clóvis de Carvalho.
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Fernando Dantas

05 julho 2006

ESTAMOS TODOS NO INFERNO

Não há solução, pois não conhecemos nem o problema
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Você é do PCC?
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- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível... vocês nunca me olharam durante décadas... E antigamente era mole resolver o problema da miséria... O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias... A solução é que nunca vinha... Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a "beleza dos morros ao amanhecer", essas coisas... Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo... Nós somos o início tardio de vossa consciência social... Viu? Sou culto... Leio Dante na prisão...
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Mas... a solução seria...
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- Solução? Não há mais solução, cara... A própria idéia de "solução" já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento econômico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma "tirania esclarecida", que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC...) e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até conference calls entre presídios...) E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.
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Você não têm medo de morrer?
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- Vocês é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar... mas eu posso mandar matar vocês lá fora.... Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba... Estamos no centro do Insolúvel, mesmo... Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração... A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala... Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em "seja marginal, seja herói"? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha... Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante... mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem. Vocês não ouvem as gravações feitas "com autorização da Justiça"? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.
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O que mudou nas periferias?
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- Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40 milhões como o Beira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório... Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no "microondas"... ha, ha... Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.
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- Mas o que devemos fazer?

- Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas... O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, "Sobre a guerra". Não há perspectiva de êxito... Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas... A gente já tem até foguete antitanques... Se bobear, vão rolar uns Stingers aí...Pra acabar com a gente, só jogando bomba atômica nas favelas... Aliás, a gente acaba arranjando também "umazinha", daquelas bombas sujas mesmo.... Já pensou? Ipanema radioativa?
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Mas... não haveria solução?
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- Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a "normalidade". Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco... na boa... na moral... Estamos todos no centro do Insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês... não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: "Lasciate ogna speranza voi che entrate!" Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno.

03 julho 2006

ALCKMIN CRESCE: DATAFOLHA CONFIRMA NOSSA ANÁLISE

30.06, 13h11
por Paulo G. M. de Moura, cientista político

Acabo de ler no blog do Reinaldo Azevedo - http://blogdoreinaldoazevedo.blogspot.com – não deixe de visitar, mas vou avisando, causa dependência - que o Datafolha publica essa manhã, pesquisa mostrando crescimento de 7 pontos percentuais de Alckmin e conseqüente redução de 23 para 17 pontos a diferença que separa o tucano de Lula. O molusco cresceu um ponto percentual no ranking desse instituto. Ufa! Vocês pensam que é fácil ficar sustentando, quase sozinho, um ponto de vista analítico sobre a conjuntura que tromba de frente com a avalanche midiática lulista?
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Por falta de tempo e de acesso, não leio tudo o que se publica sobre política no país, mas fora Cesar Maia, que além de bom analista é político, e o Reinaldo Azevedo, que além de bom analista é jornalista, não me lembro de ter lido em nenhum outro lugar a defesa da necessidade de bater em Lula como caminho para o crescimento de Alckmin.
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Além disso, defendi a tese de que Alckmin deveria concentrar esforços na tentativa de ampliar sua penetração eleitoral junto às regiões onde ele é mais forte, e não no nordeste, reduto de Lula. Finalmente, defendi que não adiantaria Alckmin seguir se expondo erraticamente sem uma estratégia definida, e que deveria se preservar e investir em pesquisas que lhe conferissem orientação estratégica, na costura da aliança com o PFL e na composição de seu comando de campanha.
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No dia 12 de abril no artigo intitulado “O vôo de galinha do tucano Alckmin”, afirmei:
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“De nada adianta Alckmin sair viajando pelo nordeste como um desesperado atrás dos eleitores de Lula. Se a solução para esse problema da falta de estratégia não for equacionada no curto prazo, se tornará fatal para o projeto de poder do PSDB. Para isso, os tucanos precisam tomar algumas medidas preventivas de curto prazo. A primeira coisa a fazer é parar para pensar e traçar um plano de ação, ao invés de seguir voando como galinhas desesperadas. A providência seguinte é encomendar uma bateria de pesquisas que alimente a construção das variáveis estratégicas (foco, posicionamento, imagem e discurso) da candidatura de Alckmin. Isso leva algum tempo, mas é um investimento imprescindível e inadiável. Enquanto essas repostas não são construídas, é preciso definir algumas balizas mínimas que permitam orientar a atuação do candidato, que precisa trocar o pneu do carro andando. Todo o cuidado em cada declaração e/ou aparição pública de Alckmin, é pouco nesse momento. Sem balizas estratégicas que lhe forneçam critérios para decisões e ações, o candidato torna-se vulnerável e tende a errar, causando prejuízos eleitorais a si mesmo.
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”Em 25 de maio, no artigo intitulado “Sangue frio, Alckmin!”, escrevi:
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“Observando de longe é difícil ter certeza, mas a impressão que tenho, é de que Alckmin está começando a corrigir esses erros. Na minha maneira de entender, os movimentos táticos adequados ao momento pelo qual passa sua candidatura deveriam priorizar: a) a montagem de uma estrutura de comando de campanha envolvendo um tripé formado por lideranças dos partidos coligados (eu poria Cesar Maia nesse time), cientista(s) político(s), para analisar pesquisas, e profissionais de comunicação e marketing político; b) a consolidação da aliança com o PFL; c) a realização de atividades políticas junto à área de influência dos redutos dos partidos coligados, para consolidar sua posição de largada nas regiões e com os eleitores junto aos quais a oposição é mais forte.
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”E, no dia 19 passado, encerrei um artigo com a seguinte frase:
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“O jogo começou. A oposição recém entrou em campo e já dá para sentir o ambiente diferente. Os petistas estão inquietos e preocupados. Acusaram o golpe. As pesquisas qualitativas deles devem ter revelado que o golpe do PFL calou fundo. Os petistas vão reagir e contra-atacar, não nos iludamos. Mas aqueles que pensavam que a reeleição de Lula seria um passeio, tratem de tirar o cavalinho da chuva.
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”Tenho a impressão que essa brigalhada entre tucanos e pefelistas foi cortina de fumaça para ocupar os jornalistas com um assunto que não importa às maiorias despolitizadas, enquanto eles arrumavam a casa e preservavam Alckmin da exposição às vulnerabilidades provocadas pela ausência de estratégia. Não que não existissem alguns motivos para esses atritos, mas até que eles foram bem úteis.
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No curto prazo, acertei. No longo prazo, em que espero ver se confirmar uma virada ao estilo do referendo das armas, ainda não. Até porque Alckmin cresceu, mas Lula também cresceu um ponto percentual.
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O que isso significa? Significa que Alckmin cresceu porque mostrou à maioria silenciosa que tem força, coragem e vontade de enfrentar o molusco. Os exércitos da oposição são muito maiores do que as pesquisas mostram. Mas não se mobilizarão para derrotar o petismo se não virem em Alckmin um líder disposto a fazer com o petismo o que o petismo fazia com seus adversários quando lutava pelo poder.
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Mas se Alckmin cresceu batendo, porque Lula não caiu? Alckmin não cresceu ainda sobre os eleitores efetivos ou potenciais de Lula. Cresceu sobre eleitores que já foram seus e ele perdeu, e sobre eleitores que estavam com Serra e ainda não havia migrado para ele. Há mais espaço para crescer nessa fatia do mercado eleitoral, se Alckmin seguir com essa linha estratégica no próximo período. É preciso conquistar mais eleitores de Serra e garantir o segundo turno primeiro. O segundo passo, quando Lula começar a cair, será tirar do molusco esse último contingente de eleitores que ele conquistou na onda da euforia midiática com o faturamento da publicidade oficial. Talvez essa segunda fase do processo possa iniciar ainda antes do horário eleitoral gratuito, com a oposição se valendo de propaganda impressa de massas e o discurso unificado de suas lideranças, focando numa só coisa: pau em Lula. A virada, se houver, se dará nos 45 dias do horário eleitoral gratuito.
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Digo se houver, porque o molusco não está morto, não é burro, está no poder e tem muitos recursos e vantagens competitivas. Além disso, será preciso que o marketing de Alckmin acerte a alquimia entre a batida em Lula e a venda de um país diferente que o novo governo terá que construir. Mas, por enquanto, os indicadores me satisfazem.

02 julho 2006

O RESGASTE DA CIDADANIA (Italiana)

Resumo: A obtenção de cidadania italiana pela família do presidente Lula é absolutamente inconcebível sob qualquer ângulo de análise, tratando-se do escárnio levado aos limites do impensável.
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© 2005 MidiaSemMascara.org
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A notícia – da mais alta gravidade – passou quase sem registro pela grande imprensa. Talvez porque nada mais surpreenda no ambiente de degradação moral patrocinado pela atual administração pública. Ou talvez porque a notícia é mesmo inacreditável: a primeira-dama brasileira, esposa do Presidente da República, Da. Marisa Letícia Lula da Silva, recentemente solicitou e obteve a cidadania italiana, que foi estendida para os filhos do casal. Sim, é isto mesmo que o leitor que não sabia do fato acaba de ler. Todos os membros da família presidencial, exceto o próprio, são agora italianos. Com direito a passaporte e até título de eleitor, para não haver dúvidas.
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Não há em relação à dupla cidadania da famiglia presidencial nenhuma ilegalidade, ressalte-se desde logo. Mas a situação é absolutamente inconcebível sob qualquer ângulo de análise. Trata-se do escárnio levado aos limites do impensável. Tanto que nunca houve situação análoga no Brasil. E se aconteceu noutra parte do mundo, só pode ter sido em alguma republiqueta de terceira categoria, a fim de garantir a fuga de algum ditador ladravaz.
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Por respeito aos eleitores, aos cidadãos ou ao País que elegeu seu marido, nenhuma primeira-dama, ainda que tenha condições legais para tanto, ousa sequer pensar em requerer uma outra nacionalidade. Por isso, ninguém consegue imaginar a primeira-dama norte-americana, Laura Bush, por exemplo, solicitando cidadania mexicana. Como também ninguém conceberia Da. Lucy Geisel requerendo nacionalidade alemã. Estes dois exemplos são de primeiras-damas cujas origens estrangeiras são relativamente próximas, tanto que até falam o idioma de seus pais ou avós. Mas este não é o caso de Da. Marisa Letícia. Ao que consta, ela não sabe dizer nem bom-dia em italiano.
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As explicações para tamanho desdém são todas comprometedoras. A própria Da. Marisa Letícia declarou: “É só uma oportunidade, no caso de se precisar”. Essa “precisão” seria para o caso de fuga da famiglia presidencial, tão comum na história do continente? Ou seria para garantir o emprego dos bambini, porque o Brasil se tornou um país inviável economicamente depois de décadas de intervencionismo estatal que o partido de seu marido ajudou a implementar? Ou se deve a uma razão mais simples como evitar as filas do consulado americano, uma vez que não é exigido visto de entrada para os cidadãos da Comunidade Européia.
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O gesto da primeira famiglia brasileira ficará no mínimo como símbolo da confiança que seus membros depositam no chefe e do que esperam do futuro da nação. Também explica o surrado e vazio jargão, “resgate da cidadania”, tão utilizado pelo PT. Não tem nada a ver com os direitos e garantias individuais ou de cidadania. Tem a ver com obtenção de nacionalidade estrangeira para os seus quadros. Só resta agora confirmar se o Ministro Palocci seguiu o mesmo caminho.