SOMOS INFELIZES PORQUE NÃO APRENDEMOS A VOTAR!

Faltava tão pouco para atingir esse sonho... Educação, Saúde e Segurança! Tão pouco, mas ao mesmo tempo impossível enquanto eles¹³ burocráticos se agarram nas Estatais, verdadeiros cabides de empregos e corrupções, nós... Vamos agüentando! - PRIVATIZAÇÕES? Hummm! Por enquanto jamais! Ensina o petismo esperto e oportunista: - é para a "companheirada!" - Bando de lesa pátria!

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Sou uma pessoa que não acredita mais numa parte do povo brasileiro, infelizmente essa parte escolheu Lula pela segunda vez consecutiva para governar o Brasil. Depois dos diversos escândalos promovidos pelo seu partido o PT e pelo eleito. Mentiram, fez-se vítima e enganou o povo muito mal informado sobre o primeiro mandato e, com seu discurso "mequetrefe" de "pai do povo", chegou onde queria! Nunca em toda minha vida pude presenciar sem fazer nada, tamanha desgraça que assolou o Brasil. Portanto, recuso-me a aceitar essa autoridade! Por muito menos Collor foi impedido!

30 dezembro 2006

O parteiro do mal


Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 29 de maio de 2006

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Um leitor me envia a pergunta mais urgente e mais temível dos últimos tempos: Será que todo mundo já esqueceu a gravação, transcrita meses atrás na revista Veja, na qual um líder do PCC confessava que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, havia ajudado a organização a obter o apoio do MST?
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É claro que, sem esse apoio, a matança do dia 15 não teria chegado a acontecer. Ela resultou diretamente da ponte entre as duas organizações criminosas. E quem construiu essa ponte foi o sr. ministro. Se ele não foi o pai da criança, foi pelo menos o parteiro.
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Quando vemos, porém, que a mídia e a opinião pública em geral continuam inocentemente tratando S. Excia. como se fosse um virtual portador de soluções em vez de parte do problema, a pergunta é irresistível: Será que todo mundo esqueceu quem é esse cidadão? Será que as galinhas já não sabem – ou não querem -- distinguir entre o granjeiro e a raposa?
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Não tenho resposta. E não tenho um remédio mágico para curar a amnésia coletiva dos brasileiros. Em compensação, acho que não é só amnésia. Também não é só incapacidade de juntar os fatos e tirar conclusões. A percepção mesma dos fatos singulares, na hora em que acontecem, já é deficiente. No trajeto do olho ao cérebro, são tantos os neurônios dorminhocos estendidos pelo caminho, que a coitada da informação vai tropeçando, tropeçando, e não chega nunca. Em qualquer país medianamente acordado, um ministro suspeito de colaborar tão intimamente com duas gangues de criminosos seria bombardeado na mídia, afastado do cargo e investigado. No Brasil, a denúncia não ecoou nem nos jornais: morreu ali mesmo, nas páginas de Veja, como se nunca tivesse sido publicada. O sr. Bastos continuou no seu posto, imperturbado e solene como um cavalo de bronze indiferente aos cocôs de passarinhos.
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Antes disso, a declaração do sr. Olivério Medina, de que havia trazido cinco milhões de dólares das Farc para a campanha do PT, também foi amortecida com reconfortante facilidade. Alguém alegou que fôra apenas uma bravata, e imediatamente a explicação foi aceita como um motivo razoável para não perturbar o sr. Medina, mesmo depois de preso, com perguntas inquietantes.
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Em compensação, qualquer especulação idiota contra os militares brasileiros, mesmo quando contraria a lógica e o senso de realidade, é alardeada como se fosse uma verdade definitiva, uma revelação dos céus.
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Jamais esquecerei a história do terrorista que, assassinado e colocado por malvados milicos num automóvel em velocidade para simular acidente, emergiu do além para frear o veículo em tempo de não morrer de novo. Essa estupidez foi trombeteada pela Rede Globo durante uma semana inteira e, mesmo depois de demonstrada a sua absoluta impossibilidade física, rendeu dois prêmios jornalísticos ao seu inventor, Caco Barcelos.
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Nem sai dos meus pesadelos o episódio do soldadinho que, na urgência de sumir com documentos comprometedores, vendo que não tinha cinco minutos para lhes atear fogo, optou por passar algumas horas cavando um vasto buraco para enterrá-los.
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E, por mais desmemoriada que esteja a nação, talvez ainda recorde por alto as fotos do falso Vladimir Herzog, fartamente exibidas como provas da crueldade militar até ser demonstrado que as imagens do preso cabisbaixo e deprimido na beira da cama eram, de fato, as de um padre num bordel, recuperando forças após o extenuante exercício da cópula em doses cardinalícias.
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Os casos dessa natureza são centenas. Mas, em sã consciência, não posso atribuí-los à pura incompetência jornalística, por mais disseminada que esteja. Nenhuma incompetência é ideologicamente seletiva. Incompetentes genuínos errariam, de vez em quando, contra a esquerda. Façam uma revisão dos jornais dos últimos trinta anos e verão que isso jamais aconteceu. Lapsos, distrações, burradas, inconseqüências, são sempre contra os mesmos alvos – os militares, o “imperialismo”, a “direita”.
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Outro detalhe que me chama a atenção nesse assalto persistente e sistemático à honra das Forças Armadas é a reação sempre tímida, quase envergonhada, dos comandos militares. No máximo soltam uma notinha oficial de protesto, que ninguém lê. Nunca processam ninguém, nunca fazem nenhum engraçadinho pagar pelo crime de calúnia dolosa. O resultado dessa circunspecção paralítica é bastante pedagógico: ano após ano os detratores aprendem, diretamente dos próprios comandos das três armas, que a mentira antimilitar é barata e rentável.
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Quando estreei na prática do jornalismo aprendi que a essência da técnica profissional era a capacidade de apreender a importância relativa dos fatos e de discernir entre os verdadeiros e os falsos. Na época, isso não parecia ser objeto de dúvida entre meus colegas. Transcorridos quarenta anos, noto que essa capacidade distintiva elementar foi atrofiada, sufocada e por fim proibida no jornalismo nacional. Não por coincidência, isso aconteceu precisamente nos anos em que os jornalistas passaram a falar obsessivamente de “ética”. É claro que a única ética imperante no jornalismo nacional consiste em mentir a favor do lado certo. A chave do enigma reside portanto em saber o que é que entendem por “lado certo”.
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Que as crenças e valores gerais recortam e determinam em grande parte a percepção dos fatos, é algo que nenhum psicólogo jamais colocou em dúvida. Os antigos retóricos romanos já sabiam que a boa fama de um cidadão às vezes pesa mais do que centenas de provas contra ele. Quando a mentira se torna hábito e prática sistêmica de toda uma corporação profissional, é porque houve, antes disso, alguma mudança profunda na índole dos seus sentimentos morais. O império da mentira esquerdista na mídia brasileira tem de ser explicado, portanto, como efeito de uma mudança geral do código de valores imperante na sociedade brasileira.
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Essa mudança de fato ocorreu e não foi nenhum fenômeno social espontâneo. Há mais de meio século o conjunto de fundações bilionárias e organizações subversivas empenhadas em criar uma nova ordem global paradisíaca vem usando de todo o poder de controle que o dinheiro tem sobre a mídia, o movimento editorial e as escolas, para operar uma mutação radical dos sentimentos morais da humanidade inteira. O fenômeno está hoje tão fartamente documentado que só botocudos isolados da civilização pensariam em negá-lo (não digo que eles não existam mas, por economia de tempo, permito-me não levar suas opiniões em consideração).
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O fundo doutrinal dessa mudança vem do ódio milenar que certas seitas ocultistas devotam às religiões tradicionais e aos valores morais que elas ensinaram à humanidade. Entre os séculos XVIII e XIX, algumas dessas organizações saíram do isolamento e se transformaram em movimentos revolucionários de massa. Tal é a origem do comunismo, do fascismo e do nazismo, cujos discursos econômico-sociais não são senão puras construções pretextuais destinadas a encobrir as ambições civilizacionais muito mais vastas e profundas. Esse processo foi bem descrito em clássicos da historiografia e da ciência política como Fire in the Minds of Men, de James H. Billington (1980) e The New Science of Politics de Eric Voegelin (1950). Só a partir de fins do século XIX, no entanto, aparece comprovadamente a penetração da influência gnóstica em círculos de bilionários que então se transfiguram em reformadores do mundo e acabam dando aos mãos aos movimentos revolucionários.
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No vasto documentário que reuniram sobre as ambições espirituais do projeto globalista, os pesquisadores Lee Penn, Stanley Montieth, Pascal Bernardin e Ted Flynn, entre dezenas de outros, demonstraram, acima de qualquer possibilidade de dúvida, que as organizações financiadoras da subversão mundial se inspiram diretamente em crenças ocultistas e gnósticas de uma grosseria sem par. Os maiores charlatães espirituais de todos os tempos – Madame Blavatski, Aleister Crowley, Albert Pike, Alice Bailey – são cultuados em altos círculos de potentados financeiros e planejadores sociais como portadores da mensagem celeste destinada a forjar a utopia do Terceiro Milênio. É horrível ver tão descomunal poder político e financeiro ser posto a serviço de ideais tão imbecis e destrutivos, mas quem disse que o dinheiro traz sabedoria? Se dois milênios atrás o destino espiritual da humanidade dependesse do gosto das classes abastadas, a Europa teria sido educada por Simão o Mago e não por Simão Pedro. A novidade do mundo moderno é que a tradição judaico-cristã foi sendo perdida de vista pelas multidões ao mesmo tempo que o veloz enriquecimento capitalista elevava ao sétimo céu do poder famílias inteiras de idiotas presunçosos que acreditam ter no bolso a solução de todos os males humanos. Se não fosse a vaidade insana de Morgans e Carnegies, aberrações ideológicas como o comunismo e o nazismo teriam morrido no berço, por falta de suporte financeiro. Hoje em dia, se não fossem pelas fundações Soros, Ford e MacArthur, não haveria a estupidez neocomunista no Terceiro Mundo, nem tanta inermidade ante o terrorismo no Primeiro. Muito menos haveria o surto mundial de ódio gnóstico ao cristianismo.
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Dentre os itens fundamentais da mutação civilizacional em curso, destaca-se a idéia de desviar o culto religioso dos seus alvos espirituais tradicionais e canalizá-lo no sentido de “ideais sociais” oferecidos como o nec plus ultra da bondade humana.
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Ao longo de milênios a humanidade foi educada na base da devoção à bondade infinita, da prática das virtudes e do senso do dever. Um ataque maciço e simultâneo através de livros, filmes, espetáculos de teatro e TV, programas educacionais e ativismo judicial está tratando de abolir rapidamente esse quadro de referência e substituí-lo por slogans casuísticos como “ inclusão”, “justiça social”, “igualdade”, etc. No curso de duas gerações, esses novos símbolos de bom-mocismo lograram penetrar tão profundamente na alma das classes letradas, que hoje têm aí o mesmo valor emocional coercitivo dos Dez Mandamentos. Quem os infringe sente-se um pecador, um réprobo, um inimigo da espécie humana. Na classe jornalística, por exemplo, não há mais quase ninguém que não esteja persuadido de que esses estereótipos constituem a mensagem essencial das grandes religiões, cuja doutrina efetiva já escapa por completo ao seu horizonte de visão. Quando anos atrás a revista Veja propôs, a sério, a beatificação do sr. Herbert de Souza -- o estrategista revolucionário espertalhão que gramscianamente sugou o prestígio do cristianismo para esvaziá-lo do seu conteúdo espiritual e usá-lo como canal de agitação revolucionária --, não fez senão comprovar até que ponto a moral comunista, já tão assimilada que nem se reconhecia como tal, havia ocupado na mente da classe jornalística brasileira o lugar das crenças religiosas mais antigas e fundamentais.
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A “revolução cultural” gramsciana é, decerto, apenas uma expressão parcial e localizada de uma mutação muito mais vasta empreendida por um exército de poderes entre os quais se destacam a ONU, a Unesco e as fundações bilionárias. As revoluções morais ali planejadas sucedem-se em rapidez alucinante e em escala tão gigantesca que o cidadão comum não tem sequer os meios de acompanhá-las, quanto mais de apreciá-las criticamente e defender a sua integridade psíquica pessoal que elas violam incessantemente. Em cada terreno, a escalada de novas exigências e cobranças que se substituem aos antigos deveres morais é veloz e prepotente. Só para dar um exemplo, aqueles que ainda estão escandalizados com a idéia do casamento gay, devem agora de se preparar para a etapa seguinte: a Fundação Ford está lançando uma vasta campanha em favor não do simples casamento, mas da poligamia homossexual. A força dessas empreendimentos é irresistível: em menos de uma geração, quem quer que se oponha à idéia de crianças serem criadas por uma tropa de marmanjos entre uma suruba e outra será considerado um sujeito cruel e sem sentimentos, um perseguidor dos oprimidos, um nazista. Projetos do mesmo teor com relação à pedofilia já estão em avançado estado de implementação. O ardil é apelar à liberdade individual como legitimador de “relações consentidas” entre adultos e crianças. Que a coisa é uma mera bolha de sabão verbal, é claro que é. Todo ato de pedofilia é consentido, caso contrário não seria mera pedofilia e sim estupro. Legitimar a pedofilia consentida é legitimar toda e qualquer pedofilia. Isso está no programa e vocês dificilmente sairão desse mundo antes de ver a rejeição do “amor entre homens e meninos” ser condenada como atitude socialmente inaceitável.
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Muito antes de se disseminar na sociedade em geral, essas mutações afetam a cabeça das classes letradas, dos “intelectuais” no sentido gramsciano do termo. E os jornalistas são, entre os “intelectuais”, um alvo prioritário das lutas pela conquista das consciências. Especialmente no Brasil, país sem quaisquer tradições culturais sólidas que possam oferecer resistência ao assalto da utopia globalista, essas coisas penetram e se arraigam com impressionante facilidade, tornando-se o próprio cimento para a construção de personalidades adaptadas à “nova civilização”. Vocês podem ter a certeza de que, entre os jornalistas brasileiros, essa é a crença, essa é a moral, esse é o sentimento orientador. A perversão cultural que os afetou é funda e letal ao ponto de abolir em suas mentes o próprio senso de realidade, quanto mais a habilidade jornalística de distinguir o verdadeiro do falso. Toda uma geração de jornalistas, independentemente das convicções políticas nominais de cada um, enxerga o mundo por um prisma onde o único pecado é violar os mandamentos da sensibilidade politicamente correta. Para evitar a experiência de isolamento e exclusão decorrente de eventuais transgressões, eles fazem tudo. Até esquecer que o ministro da Justiça é o padrinho da aliança PCC-MST.

29 dezembro 2006

Chávez cassará licença de canal de TV oposicionista


Chávez cassará licença de canal de TV oposicionista
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Emissora mais antiga da Venezuela deverá sair do ar em março, diz presidente
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RCTV se opõe ao governo e apoiou golpe de 2002; ONG Repórteres Sem Fronteiras diz que decisão é "atentado ao pluralismo editorial"
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Redação da Folha de São Paulo - assinantes -
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O presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou ontem que não renovará a licença do canal de TV Radio Caracas Televisión (RCTV), uma das maiores do país e acusada pelo governo de ter participado do golpe de Estado de 2002.
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"É melhor que vá preparando as suas malas e veja o que vai fazer a partir de março, pois não haverá nova concessão para esse canal golpista que se chamou Radio Caracas Televisión", discursou, vestido de uniforme militar, às Forças Armadas.
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Chávez assegurou que "a medida já está redigida, de forma que vão se preparando, vão desligando os equipamentos".
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No ar desde 1953, o RCTV é o mais antigo canal comercial da Venezuela e tem se caracterizado nos últimos anos por fazer oposição a Chávez.
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No golpe de 11 de abril de 2002, que afastou o presidente do poder por dois dias, foi um dos canais privados de TV a apoiar o golpe, ao lado de Venevisión, Globovisión e Televen, os quatro principais do país.
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O anúncio de ontem contradiz declarações do governo feitas logo após a reeleição de Chávez, no início deste mês. O ministro das Comunicações, Willian Lara, disse na época que haveria um referendo popular para decidir se a emissora RCTV e os outros canais oposicionistas deveriam ter a concessão pública renovada.
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O presidente da emissora, Marcel Granier, disse "esperar que isso não tenha sido mais do que uma piada de mau gosto" e que a medida anunciada "não tem fundamento, é inconstitucional, ilegal e viola os direitos do público telespectador e das estações de televisão".
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Granier tem argumentado que a licença da RCTV vai até 2019, segundo a inscrição no Conselho Nacional de Telecomunicações (Conatel).
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Lara, no entanto, já rechaçou essa interpretação. Segundo ele, a Lei de Comunicações diferencia expressamente o que é a inscrição no Conatel da concessão que o Estado fornece para a utilização de uma freqüência de transmissão.
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Desde a tentativa de golpe que sofreu em 2002, Chávez tem aumentado seu controle sobre as instituições do Estado, expulsando opositores da estatal do petróleo, PDVSA, e das Forças Armadas.
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Recentemente, a ONG Repórteres Sem Fronteiras havia criticado ameaças de Chávez contra a RCTV: "Se o critério para revogar a licença do RCTV tem a ver com o fato de que o canal se situa na oposição, então trata-se claramente de um atentado ao pluralismo editorial. Dado que o presidente Hugo Chávez se reelegeu por ampla maioria, não entendemos qual o sentido e, sobretudo, a oportunidade dessa iniciativa".
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Em resposta, Lara disse que a ONG "deve ir às comunidades perguntar por que a maioria das famílias venezuelanas questiona a programação, a linha editorial e informativa de muitas emissoras de TV e de rádio, entre as quais está a RCTV".

27 dezembro 2006

Perspectivas para a economia em 2007


A análise das tendências da economia brasileira começa necessariamente por uma avaliação do cenário mundial. E aqui começam as boas notícias: o mundo não estará hostil em 2007. Ao contrário.
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O ano de 2006 foi bem melhor que a encomenda. Não houve recessão, nem um surto inflacionário nos Estados Unidos, a maior economia do planeta (com PIB de US$ 13 trilhões, cerca de 30% de todas as riquezas produzidas mundialmente). A Zona do Euro, contrariando as expectativas, teve bom crescimento. E o Japão foi bastante bem. Assim, as três economias mais ricas completaram quatro anos de forte expansão - um momento raro.
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E o preço do petróleo não explodiu.
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Assim, o mundo entra em 2007 em boa forma. Há uma desaceleração em curso, mas suave - e é até uma boa notícia. Significa que a pressão inflacionária está sendo contida sem excesso de juros e sem recessão. Como a China em particular e os emergentes em geral continuam crescendo, o produto mundial deve registrar expansão de 4,7% em 2007, na previsão do FMI, contra os fortíssimos 5,1% prováveis para 2006.
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Com isso, o Brasil começa sob bons auspícios no quesito das contas externas: negócios e comércio em expansão pelo mundo todo, o que significa, por exemplo, que os importadores de produtos brasileiros continuam comprando.
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Um fato significativo: no final de 2006, a Vale do Rio Doce conseguiu fechar um aumento de 9,5% para o minério de ferro a ser vendo para os chineses em 2007. Isso em cima de aumentos de mais de 100% nos últimos dois anos. Está bom, não é mesmo?
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É um sinal importante de que os preços de comodities, cuja elevação turbinou as exportações brasileiras, não estão caindo. Claro, não sobem como nos últimos tempos, mas permanecem elevados.
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Vai daí que as exportações brasileiras devem ter, em 2007, uma expansão menor, mas ainda expansão. Se cresceram 25%, na média, nos últimos quatro anos, podem ter um aumento de 5% agora, encostando nos US$ 145 bilhões.
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As importações devem crescer mais depressa que as exportações, mas ainda se espera um superávit elevado, na casa dos US$ 38 bilhões.
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Continuam, pois, entrando dólares na economia - sinal de que não haverá pressão maior sob a cotação da moeda americana. O real pode até se desvalorizar, mas não muito.
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A dívida externa pública praticamente desapareceu (o governo brasileiro deve cerca de US$ 75 bilhões e as reservas já encostam nos US$ 85 bilhões).
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Resumo da ópera: não há problemas à vista no setor externo.
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No interno, parece tudo calmo no front da inflação. Visto o panorama de hoje, não se vislumbra nenhum fato que possa pressionar preços em 2007. Para a ampla maioria dos analistas, a inflação brasileira, depois de sete anos de bem sucedida aplicação do regime de metas, entrou numa fase de estabilidade. A partir daqui, deve girar em torno dos 4% ao ano.
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E se é assim, os juros devem continuar em queda. Nesse quesito, a grande novidade de 2007 é que a taxa real de juros (taxa básica de juros, aquela fixada pelo Banco Central, menos a inflação esperada) deverá girar em torno de 8% - abaixo da marca dos 10%. Ainda é elevada, se comparada com outros países, mas é preciso observar: até aqui, na era do Real, os juros reais só caíram abaixo dos 10% por um mau motivo, a escalada da inflação. Agora, deve haver uma combinação de inflação baixinha, com juros em queda.
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Isso traz duas consequências importantes para o consumo: aumenta o poder aquisitivo dos salários e favorece o crédito, especialmente o crédito às pessoas. Nesse aspecto, 2007 vai repetir 2006, com moderação. Até aqui, houve uma explosão do crédito concedido às pessoas, que praticamente dobrou nos últimos três anos, chegando a R$ 240 bilhões em novembro/06. Pode ir a R$ 280 bilhões em 2007. É esperado um novo impulso no crédito para a casa própria, com prazos cada vez mais longos e prestações fixas, dada a estabilidade da inflação baixa.
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Portanto, como em 2006, também em 2007 o crescimento do PIB será puxado especialmente pelo consumo das famílias.
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E aqui acabam as boas notícias. Todas as más se concentram no quesito contas públicas. Todos os sinais apontam na mesma direção: em 2007, mais uma vez, o governo vai aumentar seus gastos com Previdência (só o novo salário mínimo, R$ 380, vai custar quase R$ 6 bilhões), pessoal e custeio, sobrando muito pouco para investimentos em infra-estrutura. E se está aumentando os gastos, certamente vai aumentar a arrecadação de impostos para pagar tudo isso.
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Mais uma vez, o governo está fazendo a opção pelo consumo em vez de poupar e investir para aumentar a capacidade produtiva do país. Um exemplo: só em 2006 e 2007, o governo federal terá gasto R$ 16 bilhões com os aumentos do salário mínimo - valor equivalente a todo o investimento em infra-estrutura neste ano.
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Assim, o Brasil só vai acelerar o crescimento se houver mais investimentos privados. O problema é que o governo não tem conseguido criar as regras para atrair esses investimentos. Para 2007, o governo promete fazer as tais parcerias público privadas e concessões de rodovias para empresas privadas. Promete também destravar os investimentos em saneamento - todos setores que puxam o investimento.
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Se as promessas forem cumpridas, o país crescerá um pouco mais. Lembre-se: para alcançar um nível de crescimento de 5% ao ano, os investimentos precisam saltar dos atuais R$ 400 bilhões para R$ 500 bilhões/ano. E não é fácil juntar mais R$ 100 bilhões. O governo, incluindo todo o setor público, não consegue investir mais que R$ 20 bilhões/ano.
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O resto fica com o setor privado, que tem dinheiro. Mas que precisa de regras melhores e políticas públicas mais eficientes para investir.
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Carlos Sardenberg

25 dezembro 2006

Crescer aos poucos


A meta de crescimento de 5% para 2007 durou apenas algumas semanas. Ao decidir pelo salário mínimo de R$ 380 e, sobretudo, ao justificar sua decisão, o presidente Lula manifestou sua opção: “nós vamos distribuindo aos poucos e vamos crescendo aos poucos...”
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Para turbinar o crescimento – que deve fechar em 2006 abaixo de 3%, medíocre pelo segundo ano consecutivo – o presidente determinou que se acelerassem os investimentos públicos, pois geram empregos e criam capacidade produtiva nova. Vaí daí que, procura dinheiro aqui, procura dinheiro ali, ficou claro que era preciso escolher: ou se gastava com assistência social e com o salário mínimo (com aposentadorias, já que 17 milhões de beneficiários da Previdência ganham o mínimo) ou com novos investimentos.
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Em dinheiro: pelos cálculos dos ministérios do Planejamento e da Previdência, cada 5 reais a mais no salário mínimo elevam a despesa com aposentadorias em R$ 1 bilhão/ano. Assim, os 30 reais de aumento fechado na semana passado representam uma despesa anual de R$ 6 bilhões. Considerando que o novo valor será pago a partir de abril de 2007, o gasto no período será de R$ 4,6 bilhões.
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Isso equivale a quase dez vezes vezes o que o governo gastou em estradas neste ano. Daria para comprar oito sistemas de tráfego aéreo. Ao longo de 2006, o governo federal não está gastando nem R$ 15 bilhões em investimentos, de modo que o dinheiro do mínimo daria para um ganho de 35% no gasto com infra-estrutura.
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Mas não se pode comparar aposentadoria com radares, argumenta-se.
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Não só pode, como é necessário. Por mais meritória que se seja a política social, ela não sai de graça. Custa dinheiro, é dinheiro pago pelo contribuinte e que vai para o mesmo caixa, o Tesouro Nacional, de onde saem os recursos para todas as despesas do governo.
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Lula disse que governar é “cuidar do povo”, visão populista, paternalista, que se traduz nisso: distribuir dinheiro. Na verdade, porém, governar é escolher, definir prioridades. A prioridade de Lula não é o crescimento, mas transferência direta de renda aos mais pobres.
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Diz ele que isso não atrapalha ninguém, não bloqueia o crescimento e que todo mundo ganha. Exemplifica: “esse povo que vai ganhar mais vai comprar comida, roupa, sapato”.
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Certamente, estimula o consumo e isso movimenta toda a economia, como aliás já se viu neste ano. Mas há perdedores, sim.
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Transferência de renda significa necessariamente tirar de um e dar para outro. Os brasileiros que pagam impostos são os fornecedores da renda que o governo distribui. Decorre daí que uma política de forte expansão das transferências e do gasto público em geral significa que o governo tem de arrecadar cada vez mais impostos. E, de fato, o orçamento para o ano que vem prevê novo aumento da carga tributária.
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Ora, o dinheiro que as empresas pagam em impostos – que chega em muitos casos a 40% do faturamento – poderia ir para novos investimentos, não é mesmo? Esses investimentos gerariam empregos e salários – e, pois, ganho generalizado de renda.
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Mas se o povo vai comprar comida, roupa e sapato, isso estimula a produção local e esta gera crescimento, tal é a tese presidencial. Na sua fala atravessada, Lula completa: “Esse dinheiro (do mínimo e das aposentadorias) nunca será comprado em dólar, vai ser comprado em comida e produto brasileiro”.
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Quem disse que será produto brasileiro? Pode ser perfeitamente produto importado e, pois, gasto em dólar. Quer ver um exemplo? O governo reduziu impostos sobre computadores e as vendas aumentaram muito, especialmente nas classes mais pobres. Ora, computador ou é importado ou tem muito componente importado. O pãozinho e o macarrão têm trigo importado.
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Na verdade, se há um estímulo forte ao consumo – e a produção local não atende – acontece uma de duas: ou há inflação ou se aumentam as importações.
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O que acontece no Brasil neste momento é o aumento da importação. O IBGE mostrou que, de janeiro a outubro último, as vendas do comércio varejista (consumo) subiram 6% em relação ao mesmo período de 2005. A produção industrial, na mesma base de comparação, aumentou 2,9%.
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A diferença foi coberta por um aumento de importações – “comprado em dólar”. Até aqui, não há problema com as importações, pois as exportações, sustentadas por um boom da economia mundial, continuam fortes. Mas importação, convém lembrar, gera emprego industrial lá fora.
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O que aumenta a capacidade de produção são novos investimentos. E é isso que falta ao país. Hoje, o Brasil investe o equivalente a 20% do PIB. O setor público, esticando o número, contribui com 1,5% e os outros 18,5% vão por conta da iniciativa privada.
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Se o governo não vai aumentar sua quota – porque vai continuar gastando mais em custeio, previdência e assistência social – resta a alternativa do setor privado.
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Mas para que este invista ainda mais, seria preciso reduzir a carga tributária e a taxa de juros. Mas como reduzir impostos se o governo precisa sempre de mais dinheiro para transferir renda e cuidar do povo?
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E para que caia a taxa de juros, o governo precisaria reduzir sua dívida, hoje equivalente a 50% do PIB, quando deveria estar em 30%. Para reduzir a dívida, precisaria pagar mais juros – mas o governo está pensando justamente o contrário, cortar no pagamento de juros para gastar mais.
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Resumo da ópera: distribuir renda é meritório e é uma decisão política do presidente, que foi eleito com os votos dos beneficiários dessa distribuição.
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Mas tem custos e perdedores. Com mais consumo, sobra menos dinheiro para investimentos, e sem estes a economia cresce pouco e não gera empregos suficientes.
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Em novembro último, havia 2,2 milhões de desempregados nas regiões metropolitanas. Em novembro do ano passado, exatamente 2,2 milhões. No período, foram gerados 600 mil empregos, suficientes para atender o pessoal que chegou ao mercado, mas não para reduzir o estoque de desempregados. Eis um grupo de perdedores, porque a economia cresceu “aos poucos”.
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CARLOS ALBERTO SARDENBERG, jornalista, é âncora do programa CBN Brasil, veiculado de segunda a sexta, das 12 às 14 hs, pela CBN, rede nacional de radiojornalismo. É comentarista econômico dos programas noticiosos da CBN, do Jornal das Dez (da Globonews) e do Jornal da Globo, da TV Globo. Escreve uma coluna em O Estado de S.Paulo, às segundas-feiras, e outra coluna, às quintas-feiras, no jornal O Globo. Mantém um blog no www.g1.com.br.

21 dezembro 2006

A grande trava é o governo

21.12, 10h23
Editorial do Estadão

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A economia brasileira só será destravada quando o governo conseguir destravar o investimento - e isso não será feito com discursos presidenciais, mas com ações concretas para encorajar o investidor privado e para mudar a qualidade do gasto público. Os últimos números divulgados pelo IBGE não justificam muito otimismo. No terceiro trimestre, o investimento em máquinas, equipamentos e construções não passou de 20,8% do PIB, praticamente a mesma taxa de igual trimestre de 2004 (20,9%). Os números foram inferiores em todos os demais terceiros trimestres a partir de 1995, ponto inicial da atual série das contas nacionais.
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O Brasil só poderá escapar do crescimento medíocre, marca dos últimos 20 anos, quando houver investimentos, ano após ano, da ordem de pelo menos uns 24% do PIB. A China investe cerca de 40% e outras economias dinâmicas têm mantido, por longo tempo, taxas de investimento iguais ou superiores a 30% do valor de sua produção. O dinamismo econômico depende, nesses países, principalmente do entusiasmo dos investidores privados, nacionais e estrangeiros, mas o otimismo dos empresários não é gratuito.
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Para despertá-lo, é preciso criar um ambiente propício aos negócios, com tributação razoável, boas condições de financiamento e um mínimo de segurança para planos de longo prazo. No Brasil, falta a maior parte desses estímulos. O País tem uma indústria razoavelmente moderna e diversificada, agropecuária competitiva e mercado interno de grande potencial. Mas a carga tributária é próxima de 40% do PIB, os tributos entravam a atividade produtiva e o governo carrega uma dívida custosa, de vencimento curto e sem perspectiva de grande alívio em poucos anos. Sem essa perspectiva, não há como prever nem juros compatíveis com o mercado internacional nem folga orçamentária para redução de impostos e elevação do investimento público.
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Num mundo cada vez mais integrado, o investidor procura aplicar seu dinheiro em ambientes onde possa produzir de forma competitiva. A eficiência produtiva não depende apenas de máquinas modernas e boas instalações. A produtividade geral da economia depende, em primeiro lugar, de infra-estrutura, isto é, de bons sistemas de transporte, energia abundante, telecomunicações eficientes e um ambiente institucional adequado aos negócios. Nos estudos internacionais de competitividade, o Brasil faz feio em todos esses quesitos. Ano após ano, o País se destaca pelo peso de sua burocracia, pelo funcionamento precário de seu sistema judicial e pelo custo administrativo - e não só financeiro - associado ao sistema tributário.
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Se desse um mínimo de atenção a essas comparações, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia formular sem muita dificuldade uma agenda para destravar a economia, ou seja, para destravar o investimento privado. Teria de começar, naturalmente, por um esforço para destravar o governo, amarrado a um excesso de gastos de custeio.
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Gastaria menos tempo e menos dinheiro com bondades não só custosas, mas também de retorno duvidoso, e mandaria seus auxiliares cuidar do que realmente importa. Em vez de recorrer a truques contábeis - como um novo cálculo do resultado primário - para aumentar o investimento público, trataria de avançar, por exemplo, no programa de Parcerias Público-Privadas. Nenhuma dessas parcerias foi estabelecida até hoje pelo Executivo federal. A primeira só deverá ser formalizada em 2007 - se os ministros deixarem de trombar uns com os outros e de tropeçar nos próprios pés.
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O governo desperdiçou quatro anos de prosperidade internacional. As exportações cresceram, nesse período, graças à agilidade do setor privado, mas o dinamismo do comércio exterior não foi transmitido ao conjunto da economia nacional. Em 2007, segundo as previsões correntes, o ambiente global ainda será propício ao crescimento. O governo não deveria arriscar-se a perder mais essa oportunidade. Nos anos seguintes, o cenário global poderá ser menos benigno. Com sensatez e firmeza, será mais fácil enfrentar qualquer piora no cenário externo.
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Corrupção trava o país
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21.12, 11h20
Correio Braziliense
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A WWF-Brasil, organização não-governamental ambientalista, divulgou ontem pesquisa sobre a percepção e a atitude dos brasileiros em relação à água e sua utilização. A consulta incluiu perguntas sobre a relação entre o desenvolvimento e a conservação do meio ambiente.
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Os técnicos do WWF-Brasil queriam saber a opinião dos brasileiros sobre as recentes declarações de representantes do governo de que o crescimento econômico do país estaria sendo “travado” pelas restrições ambientais aos projetos de infra-estrutura.
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O Ibope, empresa contratada pela WWF para fazer o levantamento, apurou que apenas 7% dos brasileiros atribuem à questão ambiental a atual estagnação da economia do Brasil. Enquanto isto, 62% dos entrevistados pelo Ibope apontaram a corrupção como a causa principal do baixo desempenho da economia do país, seguida da carga tributária e dos juros altos.

20 dezembro 2006

Governo Lula II: De onde vem tanta popularidade?

20.12, 17h50
por Paulo G. M. de Moura, cientista político

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A pesquisa Datafolha avaliando a percepção da opinião pública sobre o governo nesse momento, revelou números sorridentes para Lula. O índice de aprovação do presidente atingiu a marca dos 52%, o maior de um presidente da República desde que o Datafolha começou a fazer pesquisas de avaliação do governo Federal, em 1990. A pesquisa revela, também, que 35% dos entrevistados consideram Lula o melhor presidente que o Brasil já teve. Finalmente, o Datafolha mostra, ainda, que as expectativas dos brasileiros em relação ao desempenho da economia são otimistas.
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Lula, sob essas circunstâncias, vive sua segunda “lua de mel” com a opinião pública. No jargão político essa expressão define o período de bonança normalmente experimentado pelos mandatários de postos executivos recém eleitos, embalado pelo resultado da eleição, quando o desejo pragmático da população de que o novo governo dê certo, em seu (da população) próprio benefício, costuma turbinar estatísticas das pesquisas de opinião em favor do governante recém ungido pelas urnas.
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O presidente FHC, com 35% de aprovação no período equivalente não se beneficiou desse efeito nas mesmas proporções de Lula. Por quê? Creio que pelo menos por duas razões co-relacionadas. A primeira delas foi a desvalorização do Real logo após a reeleição. Com essa medida todo o ganho de renda que a população havia recebido em função da estabilização da moeda e da equiparação do Real ao dólar se converteu em perda acentuada e repentina.
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Essa medida foi necessária em função de o ex-presidente ter trocado o compromisso com a reforma do Estado pela batalha pela aprovação da emenda da reeleição. O argumento de FHC para pedir a aprovação da reeleição, era de que ele precisaria de mais um mandato para completar seu trabalho e fazer o país voltar a gerar empregos.
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O presidente sofreu enorme desgaste de imagem ao envolver-se na barganha da reeleição, cuja emenda tramitou lentamente desde agosto de 1995 até ser aprovada em dezembro de 1997. Reelegeu-se, mas não teve força política para avançar na agenda da mão das reformas, pois, a reforma do Estado é que pode, efetivamente, garantir o tão desejado desenvolvimento sustentado da economia brasileira.
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Em 1994, FHC se elegeu em primeiro turno ao acabar a inflação. Em 1998, usando a confiança adquirida com a estabilização da moeda, FHC prometeu que traria empregos. Não os trouxe devido aos impasses que criou para si mesmo com medidas compensatórias de caráter recessivo, necessárias à preservação da estabilidade sem a reforma do Estado. A volta dos empregos com o aumento das exportações demorou, e terminou beneficiando Lula. Na prática, ficou a sensação das pessoas de que FHC não cumpriu a expectativa gerada. Resultado: não elegeu Serra e terminou com sua popularidade em baixa.
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E Lula? Sem entrar no mérito da qualidade das políticas públicas do governo, o fato é que, na percepção da opinião pública, Lula está cumprindo a expectativa que gerou ao longo de 25 anos de oposição. A de que, se eleito, seria um presidente que, finalmente, daria prioridade ao social. Lula fez isso por duas vias. Por um lado, através da manutenção da estabilidade econômica e da recuperação parcial do poder de compra da população pela via da valorização do Real, ainda que com crescimento econômico medíocre. Por outro lado, distribuindo dinheiro para os pobres.
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Sob esse ponto de vista, portanto, mantendo essas duas balizas em vigor (Real valorizado e distribuição de dinheiro aos pobres), a perspectiva de que Lula mantenha seus índices de popularidade em alta são grandes, desde que nenhum escândalo atinja sua pessoa, diretamente. No primeiro mandato ele conseguiu, ajudado por Roberto Jefferson e pela covardia de oposição de rabo preso.
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Mas, essa é apenas uma das dimensões sobre o novo mandato de Lula a levar-se em consideração para projetar-se seu segundo mandato. A preservação dos índices de popularidade do presidente, no comando de um governo marcado por escândalos de corrupção, não é garantia de que o padrão desastroso da condução política do primeiro mandato será sanado, mesmo com a prioridade dada por Lula à aliança com o PMDB.
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O novo governo ainda nem instalou. Seus novos inquilinos ainda não tiveram tempo e oportunidade de dar vazão aos novos escândalos, que virão.
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Não há razão para crer-se que o que se viu no primeiro mandato de Lula não vá se repetir agora, talvez em maior proporção. Afinal, os parlamentares envolvidos em escândalos se autoperdoaram e querem aumento de 91% dos salários; os eleitores avalizaram a roubalheira nas urnas e elegeram grande bancada do PT (da qual fazem parte Palocci e Genoino, dentre outros), e reelegeram vários mensaleiros e sanguessugas. Operando dentro ou fora do governo, como fazem Zé Dirceu e Severino Cavalcanti, os atores desse esquemão continuam vivos e ativos. É só esperar para ver.

15 dezembro 2006

Sul-Sul, Snif-Snif


15.12, 17h22
por Guilherme Fiúza, do site NoMínimo

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Lula chorou. De novo. Na primeira posse, foi a emoção do operário que “chegou lá”. E agora? Por que chorou?
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O presidente reeleito disse que foi porque descobriu que o eleitor pobre não precisa mais de intermediários para votar. Mas quem prestou bem atenção às suas palavras e às suas circunstâncias, fica com a impressão de que Lula chorou porque não tem a menor idéia do que fazer daqui para frente. Chorou de medo.
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O menino perdido na tempestade, a imagem de Eduardo Galeano, autor de “As veias abertas da América Latina”, simbolizando o nativo oprimido do continente, é hoje a melhor imagem para o próprio Lula. Seu discurso cada vez mais “bolivarista” – na verdade um mimetismo da retórica populista de Hugo Chávez –, com o qual celebrou o nascente Parlamento do Mercosul, não tem um pingo de consistência. É mais do mesmo – ou mais da mesma retórica aguada usada no chororô da diplomação.
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A emoção de Lula ao dizer que o povo pobre aprendeu a votar com a sua própria opinião, sem fazer o que lhe mandam, tem endereço certo. O presidente está impregnado dessa teoria persecutória de seus auxiliares mais próximos – como o ministro e faz-tudo Marco Aurélio Garcia e o professor-paranóia Bernardo Kucinski – que o fazem acreditar a cada manhã, mesmo antes da campanha eleitoral, que a imprensa burguesa faz de tudo para dinamitá-lo. Depois dos conselhos apocalípticos de Kucinski-Garcia, Lula já começa o dia mal-humorado, revoltado com o golpe imaginário de cada dia da mídia elitista.
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O choro de Lula mistura vingança e pavor. Sem projeto claro para o segundo mandato, rezando para que a conjuntura continue ventando a seu favor, o presidente se abraça à crença de que seu poder emana da força primitiva dos descamisados – e as instituições restantes que tratem de amá-lo ou deixá-lo.
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Na falta de idéia melhor, esse mesmo filão político da conexão com os pobres do mundo dominou o discurso de Lula no nascedouro do Parlamento do Mercosul. O presidente disse que ouve “vozes dizendo que o melhor é fazer acordo com os Estados Unidos”, e responde que, ao invés disso, a aposta no Mercosul significa a opção por uma “política de generosidade e de compreensão”.
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Nunca antes na história deste país se ouviu uma retórica diplomática tão pueril. O chororô da ideologia sul-sul, do pacto nacional e continental dos descamisados, é o que há de mais marcante e inconsistente na era Lula.
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Hoje, o presidente reeleito mostra em diversos de seus movimentos, especialmente no cenário nacional, maturidade de estadista. Tem conseguido evitar, por exemplo, que seu governo vire refém de facções histéricas de seu próprio partido, ou das brigadas fisiológicas do PMDB, todos mal disfarçados de justiceiros do crescimento econômico.
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Mas Lula parece continuar acreditando que sua criptonita é o papel de bibelô da pobreza mundial, o personagem do Lech Walesa que deu certo.
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É um caminho puramente ideológico, segregacionista, cheio de totens bolivarianos vazios e arroubos perigosos como a política de “big brother” do Itamaraty contra os não-alinhados. O presidente precisa entender que é este delírio que poderá, mais tarde, fazê-lo chorar de verdade.

14 dezembro 2006

Doadora da campanha de Lula “ganhou” área no porto do governo


14.12, 10h16
Folha de S. Paulo

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A empresa Deicmar S/A, doadora da campanha de Lula, está instalada no porto de Santos por meio de um TPU (Termo de Permissão de Uso), instrumento que, na prática, significa uma dispensa de licitação para a concessão de áreas de exploração no terminal.
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Além disso, ela foi beneficiária da MP 320, editada pelo governo em agosto para regulamentar os portos secos (armazéns de uso público situados em zonas secundárias de portos e aeroportos e administrados pela iniciativa privada).
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A Deicmar é arrendatária de uma área de 51 mil metros quadrados da Codesp (estatal federal que administra o porto santista), cujo contrato vale até maio de 2011. A empresa também possui terrenos próprios.
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O TPU da área foi concedido no atual governo, segundo a Abtra (Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados). Esse instrumento jurídico é utilizado até que se promova uma licitação, mas pode ser prorrogado mediante aprovação das autoridades que administram o porto.
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O mesmo instrumento beneficia a empresa Santos Brasil, do empresário Daniel Dantas, que também ocupa área no porto destinada à exportação de veículos automotores.
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Conforme a atual distribuição de cargos entre os partidos que formam o governo Lula, a Codesp é hoje comandada pelo PR (fusão do PL com o Prona) do deputado federal eleito Valdemar Costa Neto, que renunciou ao mandato em 2005 por conta do caso do mensalão.
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Fundada há mais de 60 anos, a Deicmar atua como operador logístico e portuário, armazenando e transportando cargas. No porto de Santos, sua principal atividade também é a movimentação de veículos.
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Até maio deste ano, o terminal da Deicmar era o único no complexo santista a fazer essa movimentação, com média anual em torno de 235 mil unidades. Desde então, a Santos Brasil também opera o serviço.
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Medida Provisória
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Em agosto, a Deicmar foi beneficiada pela medida provisória que eliminou a necessidade de licitação para o alfandegamento. Após a publicação, ela foi uma das primeiras empresas a receber a licença de operação para atuar como CLIA (centro logístico e industrial aduaneiro). Antes disso, estava no porto por meio de liminar.
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A Abtra, que diz ser contra a MP 320, entende que a Deicmar não foi beneficiada com a publicação da medida.
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"Ela tem alfandegamento desde 1987, não está recebendo agora", disse o diretor da associação José Roberto de Sampaio Campos.
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Com a publicação da MP 320, a discussão sobre se os portos secos prestam serviços públicos tornou-se mais intensa. "Essa é uma discussão que está gerando debates acalorados. Atividade de porto seco é atividade de serviço público? O governo, hoje, entende que não. Agora, quem tem de definir isso é a Justiça", afirmou Campos.
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O diretor de infra-estrutura e serviços da Codesp, Arnaldo de Oliveira Barreto, entende que a Deicmar não presta serviço público. "Ela é uma arrendatária de uma área da União, mas é uma empresa privada."
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A Deicmar, segundo TSE, também fez doações para as campanhas de Telma de Souza (PT), André Montoro (PSDB), Ricardo Montoro (PSDB) e Edmur Mesquita (PSDB). Os dois primeiros foram candidatos à Câmara dos Deputados. Já os dois últimos, à Assembléia.
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Deputados
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Ricardo Montoro, que, como seu irmão André, recebeu R$ 10 mil, disse que foi informado pela empresa de que ela estava habilitada para doar. Segundo ele, sua família possui relações de amizade com a Deicmar. "Minhas contas foram aprovadas pelo TRE." Telma e Edmur não foram localizados.
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A Folha entrou em contato com a Deicmar ontem, mas nenhum representante da empresa atendeu a reportagem.

13 dezembro 2006

Brasil, a 'casa grande' da mãe Joana


13.12, 09h33
por José Nêumanne, no Estadão

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Dizia-se que a única lei que pegou aqui foi aquela na qual Gérson, fazendo propaganda de cigarros, enaltecia o “levar vantagem em tudo”. Hoje se verifica que mais efetivo entre nós é o “princípio de Peter”, que consagra a irresistível vocação humana para o erro: “Se algo pode dar errado, dará errado.” No Brasil, em especial depois de o sonho megalômano dos tecnocratas e militares da última ditadura ter sido sepultado sem honra no panteão da Nova República e, particularmente, na gestão pelo prejuízo do PT de Lula, errar é destino manifesto. Errou a base aliada no episódio do mensalão; erraram os companheiros “aloprados” que produziram o dossiê falso antitucano; enganou-se a Aeronáutica ao não dispor de equipamentos sobressalentes para evitar a pane de rádio nas torres de controle de nossos aeroportos; equivocou-se o ministro da Defesa, Waldir Pires, recusando-se a reconhecer que atrasos e cancelamentos de vôos representem uma crise neste país, onde a maioria dos eleitores que sufragaram o chefe dele nunca viu avião a não ser voando... lá longe, em nosso lindo céu de anil.
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Na República da gestão da inércia e erro (alimentando-se mutuamente), na Pátria da impunidade ampla, geral e irrestrita, erra quem pode e quem tem juízo tenta se proteger desse erro. Fernando Morais está aí lançando a biografia do fundador do Instituto Técnico de Aeronáutica (ITA) e do Correio Aéreo Nacional (CAN), o brigadeiro Montenegro, mas esse tipo de herói que empenhava a vida em algo que podia dar certo, embora parecesse impossível, ficou fora de esquadro. A sigla agora pode servir para definir o Caos Aéreo Nacional, que começou há alguns anos, quando os vôos passaram a atrasar pontualmente e ninguém providenciou nada, resultou na tragédia da queda do Boeing da Gol, chegou à crise do controle que ameaça as férias gerais nacionais e ninguém faz nada para que seus efeitos cessem. Ou seja, ninguém tomou providência nenhuma para que eles não produzissem essa sensação terrível de que a casa-da-mãe-joana é aqui. E ponto.
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O publicitário Neil Ferreira tem saudade dos tempos em que se voava menos e de forma mais segura porque o cantor Jorge Veiga apelava pelos microfones da Rádio Nacional, a Globo da época da infância dele: “Alô, alô, emissoras de rádio do Brasil. Dêem seus prefixos para controle de nossas aeronaves!” O problema é que o CAN pode até dar a impressão de que, de repente, houve uma confusão causada por má gestão, mas isso se concentra nos ares do Brasil, quando, na verdade, o caos em terra firme é muito maior e tende a piorar, conforme constatou o ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU), autor de um relatório sobre o colapso causado pela “desgestão” geral. As chuvas de dezembro impediram a chegada do “apagão” elétrico, mas a falência múltipla do Estado brasileiro está aí batendo a nossas portas nas esperas de nove meses por consulta no SUS.
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Ineficiente, voraz e estróina, a máquina pública brasileira, seja ela federal, estadual ou municipal, é generosa com quem a domina e brutal com os que não conseguem acesso às “boquinhas” do aparelhamento a que a companheirada do PT a tem submetido desde sempre, mas mais ainda agora que ocupa a Presidência da República. É por isso que Waldir Pires sobrevive às exibições explícitas de incompetência que tem dado. E o diretor do Instituto Médico Legal de São Paulo, Hideaki Kawata, se deu ao luxo de atribuir a “muito azar” da “coitada” mãe Daniele Toledo do Prado, de 21 anos, o laudo falso, firmado por subordinados dele, que constatou cocaína na mamadeira da filha dela, Victoria, de 1 ano e 3 meses. A vítima não pôde ir ao enterro da filha, foi presa e agredida ao longo de quatro horas por companheiras de cela e nenhuma punição foi aplicada aos autores desse terrível engano.
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Neste país, onde os traficantes fornecem serviços que deveriam ser do Estado na periferia das metrópoles e mandam nas cadeias onde moram e os controladores de vôo fazem da Aeronáutica, da Anac, das companhias aéreas, do governo federal e, sobretudo, dos passageiros gato e sapato, o contribuinte lesado, que paga a conta, nunca tem vez. O poeta paraense José Maria Leal Paes suspendeu suas viagens de Belém para São Luís porque a rodovia em que viajava agora representa uma ameaça à integridade de seu automóvel e à vida de sua família: os assaltantes esperam o transeunte no primeiro buraco e agem à luz do dia e na ausência de polícia. Assim como os guardas de trânsito em metrópoles como a nossa já deixaram há muito tempo de tentar orientar o chofer porque têm sua missão limitada a fornecer subsídios para a indústria de multas. Leal Paes se comunica com Deus e o mundo pela internet, mas certamente não foi ele quem avisou aos caminhoneiros do Brasil que não entrassem na conversa fiada do programa de renovação de frota do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Difícil é entender como 159 motoristas brasileiros ainda financiaram 118 caminhões novos e 41 usados para os porem na estrada e se depararem com o cano de uma arma de fogo pronto para furtar sua carga, a ser vendida ao comerciante inescrupuloso da próxima esquina, e sua vida, que, para qualquer um dos três Poderes republicanos, não vale um vintém furado.
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O colapso da infra-estrutura, que é uma coletânea de erros de terra, mar e ar, como proclamava aquela coleção de romances de aventura de antanho, é o filho predileto da mentalidade dos dirigentes políticos de nossa democracia: eles transformaram o Estado brasileiro numa casa grande seleta e refinada e o resto do País numa imensa senzala. Lula e o PT não são os únicos culpados, mas sua crônica incapacidade gerencial tem dado uma enorme contribuição para o caos generalizado que nos espreita.

Ao renegar esquerda, Lula provoca mal-estar no PT e na ‘inteligentsia’

13.12, 10h17
Folha de S. Paulo
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As afirmações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo as quais as pessoas com mais de 60 anos que permanecem de esquerda têm problemas e a humanidade evolui rumo ao centro, desencadearam uma série de reações críticas, dentro e fora do PT, em particular no meio intelectual.
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Em evento da revista "IstoÉ", que o homenageava anteontem à noite, Lula disse a uma platéia formada na maioria por empresários: "Se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque ela tem problemas. Se você conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque também tem problemas. Então, quando a gente está com 60 anos (...) é a idade do ponto de equilíbrio (...) a gente se transforma no caminho do meio".
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O sociólogo Francisco de Oliveira, ex-integrante do PT e hoje no PSOL, afirmou: "Tenho 73 anos e continuo de esquerda, com muito orgulho. Tenho pena dos que se afastaram dela, embora respeite as razões de alguns e leve outros na brincadeira. Essa do Lula não é brincadeira, é lamentável".
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Procurada pela Folha, a professora de filosofia da USP Marilena Chaui, uma das principais ideólogas do PT, disse não ter tomado conhecimentos das declarações de Lula e acrescentou que não fala com o jornal.
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A socióloga Maria Victoria Benevides, 64, ex-integrante da Comissão de Ética Pública do Palácio do Planalto, respondeu, em tom de brincadeira, que ao ler as declarações de Lula pensou que tinha de ir ao médico. Em seguida, a petista criticou o presidente, mas afirmou que não fazia nenhuma "condenação moral" a Lula.
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"Acho que foi uma indelicadeza com militantes que continuaram de esquerda depois dos 60 anos, como o Apolônio de Carvalho, o Florestan Fernandes. Que eu saiba, nenhum deles se declarou de centro."
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Plínio de Arruda Sampaio, também ex-integrante do PT e hoje no PSOL, disse: "Há muito tempo Lula não tem mais posição de esquerda, o que é novo é a discussão médica. Não sabia que ele entendia disso, mas às vezes, na andropausa, o cara descobre vocações novas".
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O advogado Hélio Bicudo, que também se desligou do PT, afirma que ficou mais de esquerda com o tempo. "Estou com 84 anos e sou mais de esquerda hoje do que quando tinha 60 anos."
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Partidos
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Raul Pont, membro da corrente Democracia Socialista do PT, disse que Lula o surpreendeu porque, há menos de um mês, participou da reunião do Diretório Nacional do partido e teve comportamento distinto.
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"Eu tenho mais de 60 anos e luto pelo socialismo. Estou no PT por causa disso. Não me criei na clandestinidade porque gostava, mas em função da ditadura", disse.
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O senador Cristóvam Buarque (PDT), ex-ministro de Lula, diz que a frase consolida sua opinião de que o governo atual é de "direita". "Eu tinha nove razões para defender que o PDT fique fora da coalizão. Agora, tenho dez", disse ele.
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O presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, afirmou que, apesar de ser mais velho do que Lula, continua sendo de esquerda. "Ou então não tenho muito juízo", disse.
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Segundo ele, Lula fez a declaração anteontem para "brincar" com a platéia.

Ao renegar esquerda, Lula provoca mal-estar no PT e na ‘inteligentsia’

13.12, 10h17
Folha de S. Paulo
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As afirmações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo as quais as pessoas com mais de 60 anos que permanecem de esquerda têm problemas e a humanidade evolui rumo ao centro, desencadearam uma série de reações críticas, dentro e fora do PT, em particular no meio intelectual.
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Em evento da revista "IstoÉ", que o homenageava anteontem à noite, Lula disse a uma platéia formada na maioria por empresários: "Se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque ela tem problemas. Se você conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque também tem problemas. Então, quando a gente está com 60 anos (...) é a idade do ponto de equilíbrio (...) a gente se transforma no caminho do meio".
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O sociólogo Francisco de Oliveira, ex-integrante do PT e hoje no PSOL, afirmou: "Tenho 73 anos e continuo de esquerda, com muito orgulho. Tenho pena dos que se afastaram dela, embora respeite as razões de alguns e leve outros na brincadeira. Essa do Lula não é brincadeira, é lamentável".
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Procurada pela Folha, a professora de filosofia da USP Marilena Chaui, uma das principais ideólogas do PT, disse não ter tomado conhecimentos das declarações de Lula e acrescentou que não fala com o jornal.
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A socióloga Maria Victoria Benevides, 64, ex-integrante da Comissão de Ética Pública do Palácio do Planalto, respondeu, em tom de brincadeira, que ao ler as declarações de Lula pensou que tinha de ir ao médico. Em seguida, a petista criticou o presidente, mas afirmou que não fazia nenhuma "condenação moral" a Lula.
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"Acho que foi uma indelicadeza com militantes que continuaram de esquerda depois dos 60 anos, como o Apolônio de Carvalho, o Florestan Fernandes. Que eu saiba, nenhum deles se declarou de centro."
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Plínio de Arruda Sampaio, também ex-integrante do PT e hoje no PSOL, disse: "Há muito tempo Lula não tem mais posição de esquerda, o que é novo é a discussão médica. Não sabia que ele entendia disso, mas às vezes, na andropausa, o cara descobre vocações novas".
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O advogado Hélio Bicudo, que também se desligou do PT, afirma que ficou mais de esquerda com o tempo. "Estou com 84 anos e sou mais de esquerda hoje do que quando tinha 60 anos."
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Partidos
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Raul Pont, membro da corrente Democracia Socialista do PT, disse que Lula o surpreendeu porque, há menos de um mês, participou da reunião do Diretório Nacional do partido e teve comportamento distinto.
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"Eu tenho mais de 60 anos e luto pelo socialismo. Estou no PT por causa disso. Não me criei na clandestinidade porque gostava, mas em função da ditadura", disse.
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O senador Cristóvam Buarque (PDT), ex-ministro de Lula, diz que a frase consolida sua opinião de que o governo atual é de "direita". "Eu tinha nove razões para defender que o PDT fique fora da coalizão. Agora, tenho dez", disse ele.
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O presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, afirmou que, apesar de ser mais velho do que Lula, continua sendo de esquerda. "Ou então não tenho muito juízo", disse.
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Segundo ele, Lula fez a declaração anteontem para "brincar" com a platéia.

Ninguém viu... mas todos não gostaram


13.12, 11h46
por Rosângela Bittar, no Valor Econômico

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Pode-se imaginar o que diria o presidente Lula se fosse um mero espectador do que se passa no país. Um país onde as eleições presidenciais produziram resultados oficiais há 45 dias e, hoje, faltando poucas horas para a diplomação dos eleitos e 19 dias para a posse do presidente da República reeleito, que deveria assumir ungido por um poder descomunal, tal como demonstrado na campanha, o que existe de fato e concreto é que Luiz Inácio Lula da Silva está perdendo popularidade.
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O cenário que se descortina neste país é ímpar: o governo antigo está parado e não existe o novo, apesar de sucessivas reuniões que duram nove, dez horas; não há transição porque não é necessário, houve uma reeleição; ministros atuais sofrem a humilhação da fritura; o presidente é humilhado em reunião internacional por colegas a quem não perde oportunidade de prestar vassalagem; o marketing eleitoral continua na postura e nos discursos, e a impressão é que não há o menor risco de isto tudo dar certo.
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O novo ministério é um mistério. Os intérpretes da vontade do presidente diziam, no princípio, que Lula formaria um governo de notáveis, em que teriam lugar personalidades como Jorge Gerdau e Sepúlveda Pertence. Estes tiveram tempo de recusar o convite presidencial, entre uma e outra data pelas quais salta a promessa de divulgação dos nomes.
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Desistindo dos notáveis, o presidente repetiu em várias ocasiões que o governo está composto e trabalhando, não havendo necessidade de pressa. Só que é grande a instabilidade, não há realmente trabalho algum: de paralisados pela campanha eleitoral, os ministros agora passaram a ficar paralisados pela redefinição dos planos e, principalmente, pela indefinição quanto à sua permanência ou não no segundo mandato. Afinal, muitos são ex-secretários-gerais, substitutos de titulares.
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Ministros que podem ser demitidos (Guido Mantega) estão elaborando planos que o presidente não gosta e manda refazer; ministros cotados para ficar (Marina Silva) sofrem fritura em praça pública e ataques abertos da ministra mais poderosa do governo (Dilma Rousseff), que deveria coordenar todas as atuações ministeriais, inclusive e principalmente as que vivem atualmente em crise.
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Considerada exemplo de eficiência, competência e discrição, a ministra da Casa Civil é o modelo que o presidente Lula, como ele próprio diz a seus auxiliares, gostaria de ver reproduzido em todos os setores. Daí, depreende-se que ela vai ficar. Porém, ela não conseguiu ainda dar um passo para resolver a mais grave crise de gestão pela qual passou este governo de tantas crises, a da aviação civil.
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Enquanto não se resolve este problema agudo, o ministro da área (Waldir Pires) vai também sofrendo dolorosa fritura, e ninguém se importa com a sorte dos usuários do transporte aéreo no Brasil, como se o centro do problema não estivesse na atividade do controle de vôo e, portanto, da vida.
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Os partidos não indicam seus novos ministros do governo de coalizão, mas prometem manter os que estão nos cargos. O próprio presidente vem dando sinais de que gosta desse atual ministério, mas e os resultados, como ficam?
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Um dia, Luiz Fernando Furlan quer sair, no outro aceita ficar se puder nomear o presidente do Sebrae, e, num terceiro, ele deixa o amigo do presidente (Paulo Okamotto) no Sebrae em troca de, finalmente, nomear o presidente do principal banco de fomento do governo, o BNDES, vinculado à sua pasta do Desenvolvimento. Uma proeza que, desde que entrou no governo, não conseguiu realizar. O presidente do Banco do Brasil pede demissão e, a três semanas da inauguração do novo governo, nomeia-se um interino, cujo poder tem alcance limitado.
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O que se observa é mesmo a gestação de um misterioso ministério, do qual só se sabe que não é de notáveis. Ou não..., diria o ministro ainda não reconfirmado Gilberto Gil que, mesmo nesta instável condição, partiu para negociações radicais com artistas e esportistas em torno de verbas de incentivo fiscal, sem que a área econômica ou o Congresso tenham dado garantias de aprovação da iniciativa.
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Multiplicam-se as notícias sobre a deterioração de dados da área social, aquela em que o governo sempre se julgou melhor gestor. Há retrocessos principalmente na Saúde, com o aumento da mortalidade infantil, e da Educação, com a queda da matrícula no ensino básico.
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Políticas inteiras que o presidente imaginava acertadas vêm caindo no conceito interno e internacional. Há um massacre no Sudão e Ongs acusam o Brasil de se omitir no voto de repreensão à tirania africana; o presidente Lula é humilhado pelo presidente da Venezuela e suporta estoicamente a grosseira intervenção de Hugo Chaves, em nome de quê não se sabe, talvez de uma suposta liderança no continente que lhe está sendo subtraída dia a dia. O jamais resolvido caso da Petrobras com a Bolívia, que vai da ameaça de rompimento total dos investimentos ao recuo para investimento total já, beira a esquizofrenia. O novo governo está se deixando desmoralizar antes mesmo de começar, no turbilhão de cultivados equívocos.
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O PT que, por ser o partido do presidente da República é também o principal da coalizão de governo, percebe a geléia geral, não se submete à coordenação presidencial tão declarada há um mês e agora já de refreado ímpeto, e indica que vai levar para o Congresso a confusão que vê no governo.
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O caos do curto período não arrefeceu o marketing, que continua firme, nos discursos e atitudes. O crescimento é de 5% ao ano: como, ninguém sabe; os programas prioritários são 50, quais, uma comissão vai definir; o ministro da Defesa apela à oração para que os aviões não caiam. E até o dia 1º de janeiro, com Natal e Ano Novo no caminho, não deve dar tempo para que Luiz Inácio Lula da Silva recupere a popularidade perdida.

11 dezembro 2006

Governo Lula se cala diante de genocídio


11.12, 14h39
por Ricardo A. Setti, no Jornal do Brasil
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A "política externa independente" adotada pelo presidente Jânio Quadros em seu efêmero governo de menos de sete meses (31 de janeiro a 25 de agosto de 1961) foi vista com grande perplexidade na época. A História, porém, logo se encarregou de mostrar que se tratava de um contraponto supostamente "progressista" ao conservadorismo interno - que ia da política monetária extremamente rígida a atitudes de moralismo grotesco como a proibição do uso de biquínis. A "política externa independente" levou Jânio a receber pela primeira vez uma delegação comercial da China comunista, enviar missões à União Soviética e países de sua órbita e, entre outras peripécias, exatos seis dias antes de renunciar à Presidência, a condecorar com a Ordem do Cruzeiro do Sul o mítico guerrilheiro cubano Ernesto Che Guevara, então ministro do governo de Fidel Castro.
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Coisa parecida se dá com o governo do presidente Lula. Há, naturalmente, setores internos em que se fazem concessões à esquerda - como a virtual entrega dos organismos encarregados da questão agrária a militantes, com a conseqüente impunidade de atos criminosos cometidos por invasores de terras e ocupantes de prédios públicos. Mas é no terceiro-mundismo da política externa em que mais aparece essa ambigüidade, digamos, estratégica. É ali que o governo se envolve em iniciativas puramente retóricas, de retorno virtualmente zero, como essa um tanto patética Cúpula África-América do Sul idealizada por Lula e realizada dias atrás em Abuja, na Nigéria, à qual nada menos que 41 dos 66 chefes de Estado com presença prevista sequer se preocuparam em comparecer.
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É igualmente na área da política externa que se cometem excessos intoleráveis, como os constantes afagos feitos pelo governo brasileiro a ditaduras, ou Lula declarar seu apoio ao populista demagogo Evo Morales ainda como candidato à Presidência da Bolívia e, mais recentemente, fazer o mesmo em relação ao igualmente populista, demagogo e autoritário Hugo Chávez na Venezuela. Portanto, longe do certo escândalo que provocou, deve ser visto apenas como conseqüência natural dessa postura na área externa o por todos os títulos vergonhoso voto que o Brasil, novamente, proferiu no Conselho de Direitos Humanos da ONU.
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Deixemos um pouco de lado o calamitoso problema do tráfego aéreo brasileiro e as picuinhas em torno da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados para examinar essas atitudes do governo. No último episódio, estava em jogo uma resolução que exigia do governo muçulmano do Sudão a investigação e a punição das autoridades envolvidas no que é hoje o pior genocídio em andamento no mundo - a limpeza étnica promovida por milícias pró-governo central das populações não árabes na região de Darfour, a Oeste do país. Os sucessivos massacres, iniciados em 2003, já teriam provocado pelo menos 200 mil mortes e um êxodo de proporções bíblicas entre a população negra, com 2,5 milhões de refugiados em situação desesperadora, parte deles no vizinho Chade.
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Apoiada por um bloco de países da Europa Ocidental e pelo Canadá, a resolução perdeu por somente dois votos - 22 a 20 - havendo quatro abstenções, uma delas a do Brasil. Em vez de acompanhar países ocidentais democráticos, o Itamaraty preferiu alinhar-se a ditaduras tenebrosas ou governos autocráticos que votaram contra ou se abstiveram, como os da Arábia Saudita, China, Cuba, Paquistão, Rússia e Zâmbia. Esse tipo de voto vergonhoso vem se repetindo no Itamaraty de Lula.

TSE volta a recomendar rejeição das contas de campanha de Lula e do PT


11/12/2006 - 16h23
da Folha Online

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Analistas e técnicos do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) recomendaram a desaprovação das prestações de contas do comitê financeiro nacional do PT e do candidato da legenda à Presidência da República, o presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois pareceres já levam em conta declarações de retificação de contas prestadas pelo partido.
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No novo parecer sobre as contas do comitê financeiro, a equipe do TSE volta a apontar falhas em três itens principais: problemas de conciliação bancária; doações de órgãos ou entidades vedadas pela lei; recursos de origem não identificada.
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O segundo parecer sobre as contas do candidato Lula aponta problemas também a respeito de doadores vedados pela lei; na comprovação de despesas de campanha, bem como questionamento sobre a quitação de R$ 10,3 milhões em dívidas pelo instituto da "novação" (troca do credor).
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Na semana passada, os técnicos do TSE já haviam recomendado a rejeição das contas de campanha de Lula e do comitê de campanha do PT. Na ocasião, o TSE deu um prazo de 72 horas para a equipe de coordenação de campanha do PT explicar o que os técnicos consideravam como irregularidades, como as doações feitas por empresas concessionárias de serviços públicos. Os advogados do PT retificaram as contas de campanha.
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Antes de dar sua decisão, o relator do caso, o ministro Gerardo Grossi deve conceder vista dos autos, pelo prazo de 48 horas, para manifestação do procurador-geral Eleitoral, Antonio Fernando Souza. Em seguida, os processos retornam ao ministro. A diplomação do presidente da República e do vice-presidente eleitos está marcada para o dia 14 de dezembro, às 19h.
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Na semana passada, o tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, disse que o partido vai considerar "natural" se o TSE aprovar com ressalvas as contas da campanha do presidente Lula à reeleição. "É natural que haja ressalvas, o importante é que sejam aprovadas", disse. - É comovente o zêlo com que esses quadrilheiros defendem o que está errado, outro dia disseram que basta atingir uma certa "nota" para passar de ano! Agora estão forçando para que o Tribunal aceite as contas com ressalvas. Se realmente o Brasil fosse uma Nação de homens advindos da flor de uma elite, da nata de uma sociedade, onde o respeito às Instituições fosse o espelho onde todos mirarassem e sentissem orgulho, esse senhor que se diz eleito pela maioria, teria vergonha do que será relatado na história do Brasil e na melhor das hipoteses para o bem de todos; renunciasse, acompanhado de um pedido de desculpas ao povo. Esse ser que não aguenta mais esconder o rosto pelas desfaçatez imposta pelo Partido dos Trabalhados. (Comentário meu)
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O advogado do PT, Marcio Silva, foi procurado, mas ainda não pôde ser localizado para comentar as decisões.

Reage, Lula!

A crise do tráfego aéreo e dos aeroportos deixou de ser um movimento de controladores de vôo, uma responsabilidade da Aeronáutica, um problema do Ministério da Defesa. Trata-se de uma questão de governo. E grave.
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Lula deve interromper suas conversas com PMDB, PSB, PC do B ou seja lá o que for e dar prioridade absoluta a essa crise, que afeta não só negócios, o trabalho e o conforto de milhares de cidadãos brasileiros às vésperas de Natal e Ano Novo como atinge em cheio a imagem do sistema brasileiro de aviação no mundo todo.
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O choque no ar entre o jato Legacy e o Boeing da Gol, em 29 de setembro, matando 154 pessoas, foi resultado de uma série de descuidos, falhas materiais e erros operacionais, mas acabou deixando não só a dor das famílias e uma comoção nacional como uma imensa ferida aberta no controle de tráfego aéreo.
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A imagem de excelência, no nível de Europa e Estados Unidos, ruiu de repente, tão de repente quanto o choque das asas do Legacy e do Boeing sobre os céus de Mato Grosso. Os operadores deflagraram uma operação-padrão, típica de movimentos sindicais civis, quando são em grande maioria militares. O governo se dividiu. O ministro da Defesa, Waldir Pires, tomou as dores dos manifestantes. A Aeronáutica decretou prontidão.
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Nisso tudo, Lula mais uma vez não viu, não sabia. A diferença é que, mesmo com a crise parando nas manchetes, continuou não vendo, não sabendo. Até o último lance: a pane de ontem, terça-feira, no sistema de rádio do Cindacta-1, o centro de controle de tráfego aéreo sediado em Brasília.
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Foi uma pane inédita, num sistema italiano que tem apenas seis anos de uso e é considerado dos mais modernos do mundo. E justamente num momento de crise e de insubordinação. Não é demais, convenhamos, admitir a hipótese de sabotagem. Aliás, não foi por outro motivo que a Aeronáutica chamou a Polícia Federal para participar das investigações.
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E como conviver com essa hipótese num sistema literalmente vital? Vital para as pessoas, para a aviação civil, para a economia e para a imagem externa do país?
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A situação é gravíssima. Sabemos todos o quanto o PMDB está sedento por poder e o quanto Lula está disposto a ceder. Mas devem esperar. Porque, como bumerangue, a crise vai mais cedo ou mais tarde bater direto na testa deles. Alguém tem que assumir a responsabilidade e dar um basta nesse caos.
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Eliane Cantanhêde é colunista da Folha em Brasília e comentarista do telejornal "SBT Brasil", do SBT. Assina a coluna Brasília da página 2 aos domingos, terças, quintas e sextas-feiras. Escreve para a Folha Online às quartas.

PT evita apurar e punir seus desvios éticos


Fábio Zanini
da Folha de S.Paulo, em Brasília

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A cada vez mais extensa lista de escândalos não investigados e não punidos pelo PT teve dois momentos carregados de simbolismo na semana passada.
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Na quarta-feira, completaram-se seis meses desde a invasão da Câmara pelo MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), liderado pelo petista Bruno Maranhão. A prometida sindicância interna do PT está parada. Um dia antes, venceu o prazo da punição aplicada pelo PT aos envolvidos na compra do dossiê, de suspensão da filiação por 60 dias.
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Em ambos casos e vários outros, do mensalão aos sanguessugas, o partido prometeu apuração, mas pouco ou nada fez. Em nada o PT de agora lembra o que, em 2003, rapidamente expulsou parlamentares por terem se oposto a reformas defendidas pelo governo.
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Maranhão chegou a ter o processo disciplinar aberto pela comissão de ética, mas ainda não foi ouvido. Afastado da Executiva, permanece no Diretório Nacional do PT.
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"O processo ficou parado porque ele passou um tempo preso [40 dias] e por causa da eleição. Será retomado", diz o coordenador da comissão de ética do PT, Danilo Camargo.
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No caso dos "aloprados", a Executiva criou a figura da "expulsão política" para Jorge Lorenzetti, Oswaldo Bargas, Hamilton Lacerda, Expedito Veloso. Tal punição não existe no estatuto do partido. Lacerda e Lorenzetti pediram desfiliação voluntariamente, mas Bargas e Veloso continuam no partido.
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Com base no artigo 228 do estatuto, eles foram suspensos temporariamente por 60 dias, prazo no qual deveria estar concluído o processo de julgamento - que nem começou.
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Em 5 de dezembro, venceu a suspensão. Procurada, a direção do partido diz que a expulsão de fato será "formalizada".
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O caso mais emblemático ainda é o mensalão. O partido já prometeu comissão de ética, sindicância e "debate de procedimentos", mas sempre recuou. O tema foi abafado no 13º Encontro Nacional, em abril. Há uma intenção de tocar nas crises políticas no 3º Congresso do PT, marcado para julho do ano que vem.

10 dezembro 2006

A Internet pode ser a solução! - Mas não foi!!!


Comentário de Dora Kramer, Estadão de Domingo:
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"A decisão do TSE que determinou a retirada do comentário de Arnaldo Jabor do site da CBN, a pedido do presidente 'Lula' até pode ter amparo na legislação eleitoral, mas fere o preceito constitucional da liberdade de imprensa e de expressão, configurando-se, portanto, um ato de censura."???
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Em outro trecho:
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"Jabor faz parte de uma lista de profissionais tidos pelo presidente Lula como desafetos e, por isso, passíveis de retaliação à medida que se apresentem as oportunidades!" Não deixem de ler, reler, passem adiante!!!!!!
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Texto Arnaldo Jabor:
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Essa é a hora de não nos transformarmos em "CUMPLICES", dessa loucura que está sendo implantada
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O que foi que nos aconteceu?
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No Brasil, estamos diante de acontecimentos inexplicáveis, ou melhor, explicáveis" demais. Toda a verdade já foi descoberta, todos os crimes provados, todas as mentiras percebidas.
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Tudo já aconteceu e nada acontece. Os culpados estão catalogados, fichados, e nada rola. A verdade está na cara, mas a verdade não se impõe. Isto é uma situação inédita na História brasileira. Claro que a mentira sempre foi a base do sistema político, infiltrada no labirinto das oligarquias, claro que não esquecemos a supressão, a proibição da verdade durante a ditadura, mas nunca a verdade foi tão límpida à nossa frente e, no entanto, tão inútil, impotente, desfigurada.
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Os fatos reais: com a eleição de Lula, uma quadrilha se enfiou no governo e desviou bilhões de dinheiro público para tomar o Estado e ficar no poder 20 anos.
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Os culpados são todos conhecidos, tudo está decifrado, os cheques assinados, as contas no estrangeiro, os tapes , as provas irrefutáveis,mas o governo psicopata de Lula nega e ignora tudo. Questionado ou flagrado, o psicopata não se responsabiliza por suas ações. Sempre se acha inocente ou vítima do mundo, do qual tem de se vingar. O outro não existe para ele e não sente nem remorso nem vergonha do que faz. Mente compulsivamente, acreditando na própria mentira, para conseguir poder.
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Este governo é psicopata!!! Seus membros riem da verdade, viram-lhe as costas, passam-lhe a mão nas nádegas. A verdade se encolhe, humilhada, num canto. E o pior é que o Lula, amparado em sua imagem de "povo", consegue transformar a Razão em vilã, as provas contra ele em acusações "falsas", sua condição de cúmplice e comandante em "vítima".
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E a população ignorante engole tudo. Como é possível isso? Simples: o Judiciário paralítico entoca todos os crimes na Fortaleza da lentidão e da impunidade. Só daqui a dois anos serão julgados os indiciados - nos comunica o STF.
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Os delitos são esquecidos, empacotados, prescrevem. A Lei protege os crimes e regulamenta a própria desmoralização. Jornalistas e formadores de opinião sentem-se inúteis, pois a indignação ficou supérflua. O que dizemos não se escreve, o que escrevemos não se finca, tudo quebra diante do poder da mentira desse governo. Sei que este é um artigo óbvio, repetitivo, inútil, mas tem de ser escrito....
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Está havendo uma desmoralização do pensamento. Deprimo-me: " Denunciar para quê, se indignar com quê? Fazer o quê?". A existência dessa estirpe de mentirosos está dissolvendo a nossa língua. Este neocinismo está a desmoralizar as palavras, os raciocínios. A língua portuguesa, os textos nos jornais, nos blogs, na TV, rádio, tudo fica ridículo diante da ditadura do lulo-petismo. A cada cassado perdoado, a cada negação do óbvio, a cada testemunha, muda, aumenta a sensação de que as idéias não correspondem mais aos fatos! Pior: que os fatos não são nada - só valem as versões, as manipulações.
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No último ano, tivemos um único momento de verdade, louca, operística, grotesca, mas maravilhosa, quando o Roberto Jefferson abriu a cortina do país e deixou-nos ver os intestinos de nossa política. Depois surgiram dois grandes documentos históricos: o relatório da CPI dos Correios e o parecer do procurador-geral da República. São verdades cristalinas, com sol a Pino.
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E, no entanto, chegam a ter um sabor quase de "gafe". Lulo- petistas clamam: "Como é que a Procuradoria Geral, nomeada pelo Lula, tem o desplante de ser tão clara! Como que o Osmar Serraglio pode ser tão explícito, e como o Delcídio Amaral não mentiu em nome do PT? Como ousaram ser honestos?".
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Sempre que a verdade eclode, reagem. Quando um juiz condena rápido, é chamado de "exibicionista". Quando apareceu aquela grana toda no Maranhão (lembram, filhinhos?), a família Sarney reagiu ofendida com a falta de "finesse" do governo de FH, que não teve a delicadeza de avisar que a polícia estava chegando... Mas agora é diferente. As palavras estão sendo esvaziadas de sentido.Assim como o stalinismo apagava fotos, reescrevia textos para contestar seus crimes, o governo do Lula está criando uma língua nova, uma novi-língua empobrecedora da ciência política, uma língua esquemática, dualista, maniqueísta, nos preparando para o futuro político simplista que está se consolidando no horizonte. Toda a complexidade rica do país será ransformada em uma massa de palavras de ordem, de preconceitos ideológicos movidos a dualismos e oposições, como tendem a fazer o populismo e o simplismo. Lula será eleito por uma oposição mecânica entre ricos e pobres, dividindo o país em "a favor" do povo e "contra", recauchutando significados que não dão mais conta da circularidade do mundo atual. Teremos o "sim" e o "não", teremos a depressão da razão de um lado e a psicopatia política de outro, teremos a volta da oposição mundo x Brasil, nacional x internacional e um voluntarismo que legitima o governo de um Lula 2 e um Garotinho depois.
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Alguns otimistas dizem: "Não... este maremoto de mentiras nos dará uma fome de verdades!". Não creio. Vamos ficar viciados na mentira corrente, vamos falar por antônimos.
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Ficaremos mais cínicos, mais egoístas, mais burros. O Lula reeleito será a prova de que os delitos compensaram. A mentira será verdade, e a novi-língua estará consagrada. É amigos. Este texto deve se transformar na maior corrente que a internet já viu. Talvez assim, possamos nós, que não somos burros, mais uma vez salvar o brasil.
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Passe para quantas pessoas você puder. Se você é brasileiro e gosta de seu País, faça algo por ele. Essa é a hora !!!!
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PS: Apesar do texto ter sido enviado a milhões de Internautas, o Lula ganhou as eleições, parece que estou postando esse texto fora de hora, mas não é assim. Estou fazendo agora, para que façamos uma reflexão... É! Uma reflexão sobre o que aconteceu e o que ainda vai acontecer, as amizades do apedeuta são as piores possíveis, ele não vai cortar ministérios e até agora, está metido numa grande confusão em formar uma base de apoio com os mesmos partidos do mensalão, sua diplomação está "sub judice" pois, o PT usou dinheiro de empresas vinculadas ao Governo, como a Vale do Rio Doce e outras tantas. Eles continuam peitando a justiça. Veja reportagem abaixo, como achincalham brincam com a justiça.