SOMOS INFELIZES PORQUE NÃO APRENDEMOS A VOTAR!

Faltava tão pouco para atingir esse sonho... Educação, Saúde e Segurança! Tão pouco, mas ao mesmo tempo impossível enquanto eles¹³ burocráticos se agarram nas Estatais, verdadeiros cabides de empregos e corrupções, nós... Vamos agüentando! - PRIVATIZAÇÕES? Hummm! Por enquanto jamais! Ensina o petismo esperto e oportunista: - é para a "companheirada!" - Bando de lesa pátria!

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Sou uma pessoa que não acredita mais numa parte do povo brasileiro, infelizmente essa parte escolheu Lula pela segunda vez consecutiva para governar o Brasil. Depois dos diversos escândalos promovidos pelo seu partido o PT e pelo eleito. Mentiram, fez-se vítima e enganou o povo muito mal informado sobre o primeiro mandato e, com seu discurso "mequetrefe" de "pai do povo", chegou onde queria! Nunca em toda minha vida pude presenciar sem fazer nada, tamanha desgraça que assolou o Brasil. Portanto, recuso-me a aceitar essa autoridade! Por muito menos Collor foi impedido!

24 fevereiro 2007

Como superar o esquerdismo



Cura para o esquerdismo: superando o esquerdismo em 10 etapas
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Há alguns meses atrás, Michael Savage, conhecido pelo seu popular programa de rádio nos Estados Unidos, se referiu ao esquerdismo como uma doença mental. Embora essa não seja uma idéia comum, eu concordo com ela. Eu tenho visto o esquerdismo transformar algumas das pessoas mais inteligentes em meros robôs que repetem uma propaganda política e não conseguem detectar as incoerências e inverdades em sua mensagem. Suas emoções bloqueiam a lógica e os impedem de ver o óbvio.
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Dada a dificuldade de tirar os esquerdistas da caverna e levá-los para a luz, eu achei que seria útil traçar um programa de 10 etapas para uma bem sucedida transição do esquerdismo para a realidade. Nós, conservadores e liberais, devemos lembrar que os esquerdistas precisam do nosso apoio porque não conseguem caminhar sozinhos.
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Etapa 1: Admitir que você é um esquerdista. Essa é a primeira etapa para qualquer esquerdista à caminho da recuperação. É Importante compreender que você não é "a favor do Progresso social", "moderado" ou "esclarecido", muito menos "iluminado". Você é apenas um esquerdista, e precisa encarar a sua situação de forma honesta, sem ilusões.
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Etapa 2: Dar a sua palavra de que daqui por diante vai passar a sustentar suas crenças com fatos. Reconheça que a verdade é mais importante do que a superioridade moral que você se atribui. Essa é a única maneira de você chegar à realidade. Você deve começar a enxergar além da propaganda ideológica do tipo Greenpeace, Frei Betto, Viva Rio, Caros Amigos e passar a entender as coisas como elas existem no mundo real. Você não pode mais contestar as idéias baseando-se nas suas emoções e sensações, muito menos suas "revoltinhas" e "chiliques". Você vai ter que sustentar seus argumentos com informações verdadeiras. Esse é um passo difícil, porque significa que você deve deixar de ser mentalmente preguiçoso.
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Etapa 3: Reconhecer que o governo dos militares foi melhor do que o que os esquerdistas pretendiam impor no Brasil. Essa pode ser a etapa mais difícil para os esquerdinhas pacifistas hippies e metidos a alternativos. Ao admitir que os milicos que você odeia na verdade lutaram para salvar o Brasil da tirania comunista, você pode até sentir um mal estar. Você deve relembrar que vários militares deram suas vidas para que o povo brasileiro não ficasse na mesma situação do povo cubano e que graças aos militares, você hoje pode vomitar seu ódio livremente sem censura e sem "paredón". Se não fosse a contra-revolução de 1964, você estaria hoje vivendo sob um estado policial que jamais o deixaria acessar a Internet e o faria viver com medo, tal qual é em Cuba.
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Etapa 4: Aprender economia. Eu sempre defini um esquerdista como alguém que nunca aprendeu nada de economia. A maioria dos esquerdistas com quem eu conversei não conseguiriam controlar o saldo de sua conta bancária e muito menos explicar um conceito simples como o de demanda e oferta. Já é hora de dar descarga nessa sua completa ignorância do que é economia e aprender como o mundo real funciona. Esse conceito é muito importante para as próximas etapas que envolvem o comunismo, fatos sobre as empresas e a ineficiência do governo.
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Etapa 5: Diga "não" ao comunismo e ao socialismo. Embora esse conceito seja óbvio para todo mundo que preze sua liberdade, é um passo importante na sua recuperação. Se você tiver dificuldade com essa etapa, tente viver e trabalhar durante um ano em Cuba.
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Etapa 6: Empresas não são malignas. Se você estiver lendo esse texto conectado à Internet ou através de email, é graças às empresas. Se você recebe algum contra-cheque, é graças às empresas. Se você trabalha para alguma entidade sem fins lucrativos ou para o governo, você ainda deve agradecer às empresas. O setor estatal e o setor sem fins lucrativos não teriam nenhum dinheiro para exercerem suas atividades e pagar o seu salário se não fossem as empresas privadas. Também é importante que você entenda que obter lucro não é igual à "ganância" ou "exploração". O capitalismo tem criado as sociedades de melhor nível de vida na história. Até mesmo países comunistas precisam das empresas para sobreviver. Então comece a encarar a realidade.
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Etapa 7: O governo é ineficiente. Se você é um desses esquerdistas que acreditam que o governo deve criar mais e mais impostos para tomar conta da sociedade, você precisa se concentrar nessa etapa. Você precisa reconhecer que a burocracia do governo vai desperdiçar a maioria do que é pago em impostos, enquanto que o setor privado vai empregar muito melhor o dinheiro que obtém de seus consumidores. Mesmo os políticos esquerdistas entendem isso até certo ponto, e é por isso que o PT está rechaçando a maioria das idéias esdrúxulas que tentou passar quando ainda era oposição. Se você precisar refrescar sua memória quanto à ineficiência do governo, vá até um guichê de alguma repartição pública e tente obter alguma informação ou documento.
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Etapa 8: A natureza não é sua "mãe" e não vai acabar. Já chegou a hora de parar de dar dinheiro para o Greenpeace ou qualquer outra dessas organizações econazistas que você apóia. Encare a realidade de que o planeta, a sociedade e o ambiente está melhor hoje do que em toda a história e que está continuando a melhorar. Eu sei que muitos de vocês ecofanáticos abraçadores de árvores comedores de granola vão ter muita dificuldade em abandonar o pânico ambientalista. Eu sugiro a leitura do livro "The Skeptical Environmentalist" do autor Bjorn Lomborg. O Lomborg é um ex-membro do Greenpeace e é um professor de estatística em uma universidade da Dinamarca. Ele tentou provar que a natureza estava acabando mas se surpreendeu ao ver que estava acontecendo exatamente o contrário.
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Etapa 9: Pare de fumar maconha ou de se entorpecer com o que quer que seja. Agora, alguns de vocês vão ter que arrumar um programa de 10 etapas para parar de se drogarem. A maconha distorce seu senso de realidade e você deve parar de consumí-la. Além disso, você não vai sentir tanta fome.
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Etapa 10: Pare de deturpar a história. Admita que Comandante Marcos, FARC, Kim Il, Saddam Hussein, Fidel, Che Guevara e os demais líderes anti-americanos e comunistas são tiranos genocidas e facínoras sem escrúpulos. Admita que G. W. Bush venceu as eleições americanas de forma limpa e que graças à Ronald Reagan a Guerra Fria finalmente acabou e o império soviético foi derrotado.
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Depois de ter completado todas essas etapas e ter superado o esquerdismo, compartilhe seu despertar com as outras pessoas que ainda não tiveram a sorte de se libertarem dele. Vá até onde o rebanho esquerdista mais próximo se reúne e espalhe a boa nova de que você se libertou dos grilhões da ignorância que ainda os prende. Parabéns!

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16 fevereiro 2007

Arrecadação é recorde e aumenta 10,5% em janeiro


Valor Econômico
16.02, 11h20
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O governo federal arrecadou R$ 38,57 bilhões em janeiro, um recorde histórico para esse mês. O aumento real foi de 10,51% sobre o resultado de janeiro de 2006. Quanto aos valores recolhidos por meio de pagamento de tributos, janeiro registrou entrada de R$ 35,86 bilhões nos cofres da União, o que revela variação de 11,37% sobre o mesmo mês no ano passado.
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O secretário adjunto da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, informou que as empresas pagaram, em janeiro, R$ 7,16 bilhões de Imposto de Renda e R$ 3,49 bilhões de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Os aumentos reais sobre janeiro de 2006 foram de 21,2% para o IR e 10,71% para a CSLL. Esse resultado, segundo Barreto, é decorrente da maior antecipação de pagamentos relativos à declaração de ajuste no mês passado. Também contribuiu arrecadação atípica de débitos em atraso.
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Essa antecipação serviu para evitar os custos da variação da taxa de juros Selic que incidiria em março, prazo final da declaração. O secretário atribuiu a esse comportamento a queda dos juros, que desestimula adiar o recolhimento para obter a renda de investimentos financeiros e também alguma folga de caixa nas empresas.
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Barreto evitou afirmar que essa relevante variação da arrecadação desses dois tributos sobre o lucro teve, em janeiro, alguma relação com a atividade econômica. No ano passado, as receitas de IRPJ e CSLL cresceram 5,25% e 2,99%, respectivamente.
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A arrecadação do Imposto de Importação (II) teve, em janeiro, aumento real de 12,59% sobre o mesmo mês em 2006, totalizando R$ 925 milhões. Esse crescimento foi explicado pela elevação de 31,78% no valor em dólar das importações, aumento de 3,4% na alíquota média do IPI vinculado, redução de 3,43% na alíquota média do II e diminuição de 5,95% na taxa média de câmbio.
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As receitas de janeiro relativas às contribuições PIS e Cofins das entidades financeiras tiveram quedas de 15,12% e 12,74%, respectivamente, na comparação com janeiro do ano passado. O movimento foi atribuído à suspensão de pagamentos por meio de compensação de tributos. Os valores obtidos pelo governo federal com o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) foram de R$ 2,46 bilhões, valor 5,44% maior que o de janeiro do ano passado. Mas a decomposição setorial revelou, no mês passado, quedas de 13,92% para automóveis e 7,31% para fumo.
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Barreto também defendeu ontem o veto à norma que limita a fiscalização dos auditores nos casos de pessoas jurídicas de atuação personalíssima que prestam serviço às empresas. O Congresso, na tramitação do projeto que criou a Super Receita, aprovou um artigo que remete à Justiça do Trabalho a decisão de desconsiderar esse tipo de pessoa jurídica. Mas para o secretário, é indispensável que, nesses casos, os efeitos tributários sejam os de uma contratação rotineira de empregado.
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A preservação da atuação dos fiscais é necessária, segundo Barreto, porque os prazos legais de cobrança de impostos (cinco anos) e contribuições (dez anos) poderiam ser perdidos se a Receita dependesse da decisão final de uma ação judicial.

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PAC na gaveta: Lula corta mais de R$ 8 bilhões da área social



Estadão
16.02, 10h04
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Metade do corte de R$ 16,4 bilhões anunciado ontem pelo governo em suas despesas de custeio e investimento vai sair da área social. Só o Ministério da Saúde vai perder R$ 5,8 bilhões com o chamado contingenciamento. Das pastas da Previdência, Educação, Desenvolvimento Social, Trabalho, Cultura e Esportes vão sair outros R$ 2,35 bilhões. Até mesmo os ministérios responsáveis pelas obras de infra-estrutura, como Cidades e Transportes, carros-chefe do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), foram afetados pelo bloqueio orçamentário, mas nesse caso os cortes têm um destino certo: as emendas parlamentares.
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O contingenciamento, como é chamado na área técnica, não identifica quais programas de cada pasta serão atingidos e se são ou não despesas decorrentes de emendas parlamentares. Mas a equipe econômica distribuiu os cortes de modo a congelar justamente os gastos propostos pelos congressistas.
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“Não temos nada contra as emendas dos parlamentares, mas elas têm de caber no nosso esforço fiscal”, disse o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Segundo ele, o governo poderá liberar até R$ 4 bilhões dos R$ 14 bilhões das emendas até o fim do ano. Hoje, contudo, os técnicos admitem que as despesas previstas por emenda estão “informalmente” bloqueadas e só serão liberadas de acordo com a posição de deputados e senadores na aprovação do PAC.
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Na prática, o governo preparou o corte de modo a ajustar o orçamento de custeio e investimento dos ministérios a um montante semelhante ao que tinha proposto originalmente ao Congresso - antes, portanto, das emendas. Assim, em geral, as pastas que mais perderam recursos foram justamente aquelas mais beneficiadas por emendas, como Turismo, Esportes, Cidades e Integração Nacional.
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Uma das poucas exceções foi o Ministério da Saúde, que ficou com menos recursos até do que o proposto pelo governo no projeto que enviou ao Congresso. No projeto, a Saúde recebeu R$ 37,4 bilhões. Com as emendas parlamentares, subiu para R$ 40,6 bilhões, mas com os cortes caiu para R$ 34,8 bilhões.
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No ano passado, para se ter uma idéia, o contingenciamento retirou apenas R$ 600 milhões da Saúde - quase 10 vezes menos do que o atual corte. O valor de R$ 34,8 bilhões reservado pelo governo para o setor também é inferior ao gasto do ano passado (R$ 35,5 bilhões) e está abaixo do previsto pelo piso constitucional da Emenda 29, que prevê a correção das despesas anualmente pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
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Segundo o ministro, esses números poderão ser alterados no decorrer do ano à medida que a receita cresça mais do que está sendo previsto. Neste momento, porém, o governo preferiu sacrificar a área social para permitir uma maior expansão dos gastos com infra-estrutura.
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As projeções do Ministério do Planejamento indicam que os investimentos deste ano poderão chegar a R$ 26,8 bilhões com os acréscimos do PAC - 38% a mais do que em 2006. Por enquanto, contudo, o governo só liberou R$ 17,1 bilhões para obras de infra-estrutura e aquisição de equipamentos. Outros R$ 3,15 bilhões estão livres de contingenciamento, mas ainda não foram distribuídos entre os ministérios.
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Ao mesmo tempo em que corta R$ 16,4 bilhões de custeio e investimento (ou R$ 20,5 bilhões se considerados os R$ 4,1 bilhões que ainda não foram distribuídos pelos ministérios), o governo está informando que os outros itens de seu gasto deverão ficar R$ 11,8 bilhões acima do previsto. Com isso, a redução efetiva de despesas prevista na programação divulgada ontem será de apenas R$ 4,6 bilhões em relação à lei orçamentária aprovada.
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Do total de investimentos programados, R$ 11,3 bilhões fazem parte do chamado Projeto Piloto (PPI)e poderão ser descontados do cálculo do superávit primário - a economia que o governo tem de fazer para pagar juros da dívida. Mas essa manobra contábil depende de aprovação do Congresso. Por enquanto, a Lei de Diretrizes Orçamentárias permite que o governo desconte apenas R$ 4,6 bilhões. Só depois da mudança na lei é que o governo poderá propor ao Congresso a ampliação dos gastos com o PPI.
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Ao mesmo tempo em que corta R$ 16,4 bilhões de custeio e investimento (ou R$ 20,5 bilhões se considerados os R$ 4,1 bilhões que ainda não foram distribuídos pelos ministérios), o governo está informando que os outros itens de seu gasto deverão ficar R$ 11,8 bilhões acima do previsto. Com isso, a redução efetiva de despesas prevista na programação divulgada ontem será de apenas R$ 4,6 bilhões em relação à lei orçamentária aprovada.
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Só as despesas da Previdência e da Assistência Social vinculadas ao salário mínimo ficarão R$ 3 bilhões acima do previsto pelos parlamentares, de acordo com os números oficiais. O governo também já está considerando a ampliação de investimentos decorrentes do PAC e de outras medidas provisórias baixadas pelo presidente Lula este ano, como a que destina R$ 343,5 milhões para a infra-estrutura dos Jogos Pan-Americanos do Rio.

14 fevereiro 2007

Delfim, Marx e a teoria do porco


Não se pode negar ao economista Delfim Neto, czar da economia no tempo dos governos militares, o papel de brilhante manipulador. Há quem veja no ardiloso talento de Delfim apenas o mero incandescer de uma luz negra, tudo dependendo do ângulo em que ele seja visto. Não concordo com o segundo enquadramento. Sou dos que reconhecem no ex-czar um perito na arte de abusar da credulidade alheia – o que faz com empenho, energia e boa dose de imaginação (especialmente quando se sabe que ele vai completar 79 anos no dia 1o de maio).
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Delfim foi aluno de Stevenson, professor inglês que introduziu na Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas de São Paulo os métodos quantitativos na economia, a aplicação da matemática na “ciência sombria”. O forte de Delfim é, portanto, lidar com números e dados estatísticos, o que lhe garante um incrível manancial de argumentação, sobretudo na defesa dos seus próprios interesses e dos interesses (privilegiados) dos empresários paulistas - do campo ou das fábricas. Palavra fácil, argumentação na ponta da língua, Delfim abusa.
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Por exemplo: na recente entrevista que concedeu às páginas amarelas da revista Veja (no exato momento em que Lula projeta a organização de novo ministério), Delfim deita e rola. Nela, o entrevistado agora se diz apreciador de Marx, não o economista, que sacou da teoria do valor-trabalho de Ricardo o manancial para alimentar a furada mais-valia. Na sua nova mixórdia, esquecendo os fundamentos de Max Weber quanto ao desenvolvimento do capitalismo como fruto do comportamento religioso (protestante), o ex-czar atribui especial importância ao legado antropológico cultivado por Marx, segundo o qual o homem se fez pelo trabalho.
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Em primeiro lugar, convém ressaltar que o “legado antropológico de Marx” não é de Marx, como diz Delfim, mas, sim, de Ludwig Fuerbach, filósofo alemão que, para se contrapor ao Espírito Absoluto (Deus) alimentado por Hegel, subverteu o sagrado divinizando o homem. De fato, Fuerbach desconfiava de Marx e nunca se enredou com ele, mas deixou, em A Essência do Cristianismo, o principio que reduziu a “prolegómena” teológica à mera antropologia: “Não produzo o objeto a partir do pensamento, mas o pensamento a partir do objeto” – uma heresia, claro, para quem acredita no caráter transcendente do homem.
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Em segundo lugar, o importante em Marx não está no seu “legado antropológico”, como quer Delfim, mas sim, na “descoberta” da história do desenvolvimento humano como produto da luta de classe, que hoje, mais do nunca, orienta de forma estratégica a agenda ideológica do petismo e do governo Lula – e na qual Delfim, antigo socialista fabiano e czar da economia estatizante dos militares, funciona como diabólico “apontador”.
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O finado Henrique Simonsen, o “gênio da garrafa” fazendária da Era Geisel, homem das 500 estatais, gostava de afirmar que Delfim foi escolhido por Costa e Silva para administrar a economia do País porque “era apenas um técnico sem ambições políticas”. Aqui, o milico Costa e Silva acertou e errou ao mesmo só tempo. De fato, desde os tempos de escriturário do Departamento de Estradas e Rodagem, como encarregado do controle de gastos de gasolina, Delfim, salvo passagem pela Associação Comercial de São Paulo, sempre mamou como tecnocrata nas tetas do poder: foi assessor do governo Carvalho Pinto, secretario das Finanças de São Paulo no governo Laudo Natel, duas vezes ministro da Fazenda nos tempos do falido “Milagre brasileiro”, embaixador em Paris, ministro da Agricultura, de novo ministro da Fazenda – e por aí andou Delfim, até fazer-se várias vezes Deputado Federal, sempre dependurado nos cofres da Viúva.
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Mas Costa e Silva errou feio quando imaginou que Delfim era apenas um técnico sem ambições políticas. Nada mais irreal. O ex-czar pensa em política 24 horas por dia, ambicionando, em outras eras, governar São Paulo, para depois, penso eu, chegar à presidência da República - o que nunca conseguiu nem conseguirá.
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Na ordem prática das coisas, Delfim avaliza qualquer lorota que o faça permanecer na crista do poder ou em algum ministério. Na dita entrevista da Veja, ele afirma que Lula não é comunista porque “já rejeitava o marxismo no seu discurso de posse no Sindicato dos Metalúrgicos, em 1975”. Delfim assinala que Lula, na sua fala sindicalista, se pronunciou contra um regime em que “parte da humanidade havia sido esmagada pelo Estado, escravizada pela ideologia marxista, tolhida nos seus mais comezinhos ideais de liberdade, limitada em sua capacidade de pensar e se expressar”.
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Meu Deus do céu! Delfim desconhece que uma das mais pífias estratégias do comunismo na tomada do poder é falar exatamente o contrário do que pensa – recomendação, de resto, feita pelo próprio Lenin aos partidos vermelhos atuantes em todo mundo? Decerto que não. O problema é que, mesmo sabendo que o capitalismo de Estado leva ao inexorável Estado totalitário, ele não nega “conselhos” ao tipo que proclama alto e bom som que o seu objetivo é recriar o “Estado forte”, via aumento da carga tributária e da galopante expansão da máquina partidária dentro do setor público, para não falar na permanente ameaça de controlar os meios de comunicação e a liberdade de expressão.
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Querem outro exemplo do poder de mistificação do gordo Delfim? Bem, aqui vai: no momento exato em que ele negava às páginas amarelas a paternidade da famosa “Teoria do Bolo” (que consiste em fazer o bolo crescer para só depois dividi-lo), Lula, no seu proselitismo pelos Estados nordestinos, consagra a “Teoria do Porco”, que consiste em acreditar que “o porco engorda se tiver o olho do dono tomando conta dele, sem terceirizar”.
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É inútil acrescentar que, no processo do avanço da estatização, o dono do porco é o próprio Estado (Lula), e a sua engorda se processa na expansão do setor público, refestelado em cima da miséria geral.
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13.02, 18h12
por Ipojuca Pontes

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13 fevereiro 2007

Grande Mídia e grande público

As costas da imprensa são tão largas quanto é largo o peito de determinados formadores de opinião e seus veículos. Alguns, aliás, são meio disformes com suas costas largas, peito amplo e cérebro pequeno. Deformam as consciências; deprimem os padrões culturais; criam hoje os mitos que lhes convêm para derrubá-los amanhã quando já não servirem mais; estimulam o relativismo e atacam os valores morais; servem ao patrão estatal da vez, e por aí afora. Tais acusações são tão corretas quanto provavelmente sejam corretas outras suspeitas em que se envolvem. Mas o mesmo dedo acusador que aponta com precisão as culpas da mídia dá sinais de ser uma bússola desorientada quando se trata de vasculhar a própria conduta.

A moderna comunicação é um canal de duas vias onde o público desempenha o papel mais importante e onde os fenômenos de ação e reação constituem a cadência permanente (note-se, a propósito, que a omissão é uma forma bem medida de reação). E aí, cabe indagar (especialmente àqueles cuja consciência permite identificar os malefícios causados pela irresponsabilidade social de tais veículos): quais são reações pessoais perante o problema? Como interage? Em que sua atitude difere daquela adotada pelos consumidores menos sensatos ou omissos? Quantas vezes tornou conhecidas suas divergências (ou mesmo seu apoio quando merecido)? A propósito, a que veículos de comunicação concede seu estímulo, assinatura, leitura, audiência ou patrocínio?

Nos países onde a opinião pública tem boa noção de seu valor e força, manipulações e abusos do tipo que ocorrem entre nós são rapidamente corrigidos. Por isso, estou cada vez mais convencido de que, com freqüência, as vítimas somos co-responsáveis pelos males a que nos submetem, pois bastariam, em muitos casos, vinte ou trinta manifestações por telefone, carta ou telegrama para modificar as coisas.

Tenho por hábito contestar, imediatamente, sempre que percebo algo que merece ser reprovado. Ademais, é comum que pessoas me telefonem ou escrevam pedindo que me manifeste sobre tal ou qual assunto. Fico feliz com isso e por vezes atendo também a esses pedidos. Mas não posso deixar de registrar que a reação de muitos é bem mais eficaz do que a expressão de um só. Gostaria de ter mais parceiros nesse “ministério do protesto”.

Percival Puggina

08 fevereiro 2007

Estamos comprometendo o destino de uma geração inteira de brasileiros


O jornal O Estado de São Paulo noticia hoje que uma ala do PT – não por acaso aquela que articulou a candidatura de Arlindo Chinaglia – quer conferir à Lula o poder de convocar plebiscitos passando por cima do parlamento. O mesmo documento que propõe essa medida – proto-ditatorial nas circunstâncias atuais da América Latina – defende também, como não poderia deixar de ser, aquela coisa horrorosa que os petistas chamam de "democratização dos meios de comunicação".
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Mais claro do que isso não poderia ser. Está na cara, para quem quiser ver, a tentativa de passar por cima das instituições e de silenciar ou neutralizar a vigilância democrática exercida pela imprensa livre e independente (o último baluarte da liberdade política no Brasil, já que os partidos de oposição traíram vergonhosamente o mandato recebido das urnas, e duas vezes seguidas: em 2002 e em 2006).
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Esse "plebiscitanismo" (mesmo se fosse patrocinado pelo parlamento, em obediência às regras atuais) já seria uma proposta particularmente inoportuna nos dias que correm e na região em que vivemos. Está havendo uma onda de democracia plebiscitária ou referendatória na América Latina, inspirada no modelo Chávez de parasitar a democracia (ou seja, de usar a democracia contra a democracia). Em síntese, trata-se do seguinte: o líder é eleito e, ato contínuo, convoca um plebiscito para lhe conceder poderes autocráticos (como, por exemplo, o poder de mudar a Constituição, aumentando seus próprios poderes, para poder legislar por cima do parlamento e, inclusive, para poder prorrogar seu mandato indefinidamente). Evo Morales já vai seguindo Chávez. E é provável que os presidentes do Equador e da Nicarágua tomem o mesmo caminho.
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O plebiscito – tido, não se sabe bem por qual motivo, como mecanismo de democracia mais participativa – é desqualificador da pluralidade ou da diversidade de opiniões e, em muitos casos, idiotizante. Ainda que possam ser adotados eventualmente na esfera institucional, nas chamadas "democracias de massa", o plebiscito e o referendo não valorizam as opiniões e – a partir de certo grau (por exemplo, em democracias que enveredam para dinâmicas fortemente plebiscitárias, nas quais o povo é chamado a referendar a vontade de líderes carismáticos ou populistas) – inviabilizam a construção do consenso e o processo emergente de regulação política.
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Plebiscitos e referendos podem se transformar em instrumentos de manipulação das populações, que terão a impressão de estar participando mais quando são chamadas a decidir sobre alternativas já colocadas de cima para baixo. Uma democracia fortemente plebiscitária e referendativa, ademais, acaba "bypassando" e degenerando as instituições. Ora, com o tipo de líder que temos no Brasil (que declarou que Chávez é legítimo e peca por excesso de democracia, já que convocou vários plebiscitos e venceu todos eles), isso é um perigo! Imaginem se, ainda por cima, como querem os petistas instalados agora no comando da principal instância representativa da República, o poder de convocá-lo for atribuído ao líder.
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Só não vê quem não quer. Estamos caminhando para uma situação insustentável para a democracia. A traição dos partidos oposicionistas ao mandato que receberam das urnas – ser e fazer oposição: é assim que funciona nas democracias – nos deixou expostos aos avanços autoritários do governo atual e do seu partido. Sem oposição, o lulopetismo prosseguirá na sua sanha por controle. Se não encontrar resistência, essa turma não respeitará nada: vai continuar parasitando a democracia, aparelhando e degenerando as instituições e pervertendo a política.
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Sim, eles vão acabar reabilitando os chefes da quadrilha que se instalou no Planalto e em muitos outros lugares do Estado e da sociedade. Mas isso é o mínimo que farão. Já está formado no Brasil um verdadeiro "Estado paralelo" que não pode mais ser desmontado facilmente, nem agora e muito menos depois. Inclusive porque não há – no horizonte à vista – nenhum depois! Eles vieram para ficar. E ficarão, de um jeito ou de outro, seja com a eternização de Lula no poder, seja por meio desse imenso aparelho que montaram, profundamente enraizado, que vai de um fundo de pensão até um banco privado, passando por milhares de organizações da sociedade civil, pelas pastorais sociais das Igrejas, pelas Universidades, pelos cineastas que vivem com dinheiro das estatais... E tudo isso foi feito sob as barbas dos nossos democratas, sobretudo dos liberais. E tudo isso foi feito com a leniência e, muitas vezes, com a conivência, dos nossos assim chamados social-democratas. Ambos – liberais e social-democratas – não conseguiram se desvencilhar dos seus ideários anacrônicos e, assim, não lograram formular novos projetos políticos capazes de barrar o avanço das forças regressivas que sustentam o lulopetismo. Os primeiros porque continuaram reproduzindo a velha concepção liberal centrada na autonomia do indivíduo diante do Estado – o que reduz o papel político do cidadão ao de eleitor e fiscalizador, uma atividade claramente impotente diante de um poder maligno que se enraíza e se replica em corporações e coletividades de projeto na base da sociedade. Os segundos porque continuam aprisionados pela idéia de igualitarismo social na sua versão estatista, segundo a qual caberia ao Estado, dirigido por quadros competentes – e não ao processo de democratização da sociedade – promover os mínimos sociais necessários para a emancipação das populações (no que comungam, aliás, com o ideário petista e talvez resida aí a dificuldade congênita dos tucanos de entenderem a ameaça lulopetista: eles seriam "primos" em primeiro ou, vá lá, em segundo grau... mas parentes, por certo, todas as divergências entre eles se resumindo à questão da ética, da competência ou da visão sobre os malefícios ou oportunidades da globalização econômica e a outros aspectos menores, laterais em relação ao problema central que diz respeito ao padrão de relação entre Estado e sociedade).
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Diante do fato de que não há nenhuma proposta política suficientemente articulada e atualizada para enfrentar a estratégia hegemonista do lulopetismo, impõem-se aquelas desesperadoras perguntas que sempre assolam os democratas em momentos como este: e agora? Quem vai reagir? Quem vai resistir aos avanços autocratizantes do poder central?
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Até mesmo os analistas políticos oposicionistas mais esclarecidos estão tendo dificuldade de perceber o centro do problema, o 'x' da questão. E ficam tentando esmiuçar as contradições internas do PT ou as contradições entre o projeto pessoal de Lula e os projetos das tendências petistas. Pura perda de tempo. Lula é o chefe do PT e do aparato sindical que lhe dá sustentação e nada acontece no PT ou na CUT que ele não esteja promovendo ou autorizando, sabendo ou tolerando.
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O principal ardil do lulopetismo é tentar nos aprisionar nas suas divergências internas, impondo-nos a sua "lógica". Caindo nessa armadilha começamos a pensar com a sua cabeça e não com a nossa própria. E ficamos torcendo – para usar uma imagem de Reinaldo Azevedo – pelos "dinossauros herbívoros" contra os "dinossauros carnívoros" (como está ocorrendo agora nessa disputa entre um vacilante Tarso Genro e um determinado Dirceu, da qual, aliás, não vai sair nada de positivo porquanto existe um "cimento", uma "cola" que une todos esses dinossauros por cima de suas eventuais diferenças: o desprezo pela democracia e a obsessão pelo poder).
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Esse é o ponto. Esse é o centro do problema. Aqui está o 'x' da questão: se pudessem, Lula e o PT fariam no Brasil o que Chávez está fazendo na Venezuela. Repito o que já disse em outros artigos: Chávez é a chave para entender o que está acontecendo no Brasil e só os tolos torcem o nariz diante dessa evidência, argumentando que somos muito diferentes daquele país e não vêem que, por isso mesmo, o ditador de Caracas é o Lula possível nas condições da Venezuela; ou seja, dizendo de maneira inversa, que Lula é o Chávez possível nas condições do Brasil. Mas o lulopetismo trabalhará, fortalecido por suas recentes vitórias, com mais afinco e com mais rapidez do que nunca, para mudar essas condições: a proposta de conferir a Lula o poder de convocar plebiscitos à revelia do Congresso – viabilizando uma prorrogação do mandato presidencial e coisas ainda muito piores – é uma prova disso. A proposta de "democratizar" (leia-se: controlar, silenciar ou neutralizar) os meios de comunicação, também é uma prova disso. Não importa se essas duas propostas emplacarão ou não. A sua simples formulação revela um pensamento, uma estratégia que não vai mudar por causa de um ou outro revés tático. Várias outras propostas semelhantes surgirão. E diante da traição oposicionista, algumas delas acabarão sendo aprovadas.
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Os petistas – chefiados sempre por Lula, independentemente de suas divergentes opiniões, concepções, origens e tendências – sabem que uma maioria formada com base no apoio do PMDB não é sustentável. Sabem que têm pouco tempo para usar essa maioria esmagadora que conquistaram para impor a sua própria maioria, baseada em suas próprias forças. Nos próximos dois anos assistiremos à construção, acelerada, das condições para a implantação do neopopulismo lulista no Brasil, um projeto estratégico de longo prazo que comprometerá, no mínimo, o desenvolvimento político de uma geração inteira de brasileiros.
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E nós – os democratas – com o nosso silêncio conveniente, com a nossa inoperância política, com a nossa falta de projeto estratégico, com as nossas vacilações táticas, com a nossa miopia analítica e com o nosso oportunismo (que nos leva a sermos lenientes e coniventes com Lula para emplacar nossos pequenos projetos pessoais, locais e regionais de poder) estamos – nada menos do que isso – selando os destinos de uma geração inteira de brasileiros.
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08.02, 17h44
por Augusto de Franco

05 fevereiro 2007

O aquecimento global e Virgílio, o poeta. Ou "PPC: Pum Pantagruélico da Civilização"

Consta que a ExxonMobil está pagando US$ 10 mil por artigo desqualificando o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). Eu logo fiz como aquele jacaré da piada, que quer entrar na festa do céu, e exclamei: “Obaaaaaaaa!!!”. Mas aí li que eles querem só cientistas e economistas. E eu fechei o bico: “Coitadinhos dos jornalistas...!” Abelhudo como eu não serve. Fiquei tentando a aderir imediatamente a esta onda formidável de condenação ao, como é mesmo?, “ser humano”, que sempre estraga tudo... É sério. O mundo ia bem, ali, naquele seu ritmo, sabem?... Uma explosão ou outra de vez em quando, um maremoto, um meteorito, mas tudo muito natural. Aí apareceu este ignóbil, detestável, verdadeiro lixo das esferas celestiais: o ser humano, doravante grafado “serumano”. E fez o quê? O serumano ficou emitindo o PPC (Pum Pantagruélico da Civilização), esses gases do efeito estufa. E agora estamos nós assim: por culpa do serumano, a coisa vai esquentar.
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Ok. A ExxonMobil faz bem em não me pagar. Eu não entendo nada desse assunto. Mas os que andaram redigindo o apocalipse nos últimos dois ou três dias, depois da divulgação do relatório, também não entendem. Mas sei perceber quando estou diante de uma causa política. E este é definitivamente o caso. Releia, leitor amigo, o que foi publicado a respeito: onde houver honestidade, haverá a ressalva de que tudo o que se tem são hipóteses — ainda que plausíveis, mas hipóteses.
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Devemos, por isso, ficar de braços cruzados? Não, é claro. Mas calma lá com o apocalipse. Ponham ao menos alguns anjos tocando trombetas — e que não tenham a cara do Kofi Annan ou daquele coreano que agora é secretário-geral da ONU, cujo nome ainda não tive tempo de decorar. Há um sujeito no Estadão de sábado afirmando que as guerras mundiais são “fichinha” perto do que se pode ver. Ele inclui o holocausto, as duas bombas atômicas e os milhões de mortos de algumas “guerras” políticas localizadas, como China ou URSS?
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Não, eu não entendo nada de clima. Mas os que andaram produzindo boa parte das toneladas de informação sobre o aquecimento global (o que , é claro, aumenta o aquecimento global) também não entendem. Tanto é assim que a versão não tem contraditório. Sim, há quem não concorde com essas previsões. Mas o pacote já vem completo: ou você começa a se descabelar junto com os 600 cientistas do IPCC ou você é um capacho da ExxonMobil...
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Como ignorar que a estrutura simbólica dessa história segue rigorosamente a das religiões apocalípticas? Reparem que os efeitos realmente dramáticos do aquecimento, aqueles que, parece, ameaçam com o fim da civilização humana, virão dentro de 500 anos. É isso aí: nunca um crente em religiões apocalípticas conseguiu ver o apocalipse. Ele permanece como o evento escatológico, finalista, que dá sentido à crença e aos rituais presentes. Nenhum de nós terá como cobrar o resultado das previsões. Tenho guardada em algum lugar aqui de casa uma reportagem da década de 70 — eu estava no colégio — que tratava do fim da floresta amazônica no ano 2000. Quem afirmava eram os cientistas. Tudo aquilo iria virar um deserto. Que eu saiba, até hoje, apenas 13% da floresta foi “devastada”. E ela ainda engoliu a Transamazônica...
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Agora vou escrever um parágrafo inútil, porque não lhe darão bola. Mas vá lá. Eu acredito, sinceramente, que se devem tomar providências para inibir a emissão de gases poluentes. Ainda que não houvesse o efeito estufa, parece-me que é melhor para a saúde das pessoas, dos animais, da natureza etc e tal. Sim, Santo Deus!, sou um homem bom como qualquer um de vocês ou dos cientistas do IPCC!!! É justo e prudente que os governos se preocupem com isso. O que me causa irritação é essa bobagem de “a culpa é nossa”; “a culpa é do serumano”. Que culpa, cara pálida? Eu não peço desculpas pela invenção do antibiótico, do carro, do vaso sanitário, da informática, do vinho, do ácido acetilsalicílico, do omeprazol, do chicabom...
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Vocês acreditam que eu nem mesmo acho que o mundo já foi melhor um dia, quando era mais fresquinho — 0,7 grau centígrado mais fresquinho, mas era. Ora, vejam vocês: nunca fomos tão felizes. Refiro-me, claro, à espécie. As infelicidades individuais, se têm cura, curam-se com amor, analista, Prozac, as três coisas somadas mais um dose de uísque (não junto com o Prozac...). Mas também não exagerem nas ambições. Esse negócio de que você tem de ser feliz a qualquer custo é pura falta de imaginação, leitor amigo. Só um idiota é plenamente feliz. Mas isso fica para outra hora. Eu retiro do tribunal, para onde querem mandá-la, a “nossa civilização”. Uma banana para esses apocalípticos!
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Eu conheço essa conversa. A resposta ao aquecimento global, vocês podem não saber, mas já estava em Virgílio (70-19 a.C.). Sim, o poeta latino. Leiam lá a Quarta Écloga, das Bucólicas. Ele anuncia a Idade do Ouro, que viria substituir o vale de lágrimas que é o mundo. Do presente e passado, dizia com infinita mais graça o mesmo que dizem os cientistas:
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“Se o nosso crime deixou traços, nada valem eles
que de um terror perpétuo livrar-se-ão todas as terras.
Terá a vida dos deuses o menino, que os verá
No meio dos heróis, e será visto em meio a eles,
Regendo com as virtudes de seu pai um mundo em paz."
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A “saudade do futuro” é um traço de várias culturas. É especialmente forte na nossa. Desnecessário dizer que os cristãos tentaram fazer de Virgílio uma espécie de iluminado, que teria antevisto a vinda do Cristo. Besteira. A sua poesia pertence à mais legítima cultura pagã. Mas também ela tinha suas dissensões com a, digamos, civilização. E sem efeito estufa. Apocalipses e redenções estão entranhados na nossa memória cultural. Assim, é claro que essa onda de calor intelectual vai passar. Só é necessário algum cuidado porque já se fala até numa espécie de polícia planetária para vigiar o meio ambiente... Huuummm. Não há totalitário no mundo que não sonhe com um governo mundial — e não é para buscar a paz perpétua kantiana, não. É para impor ditadura mesmo. Sim, eu sempre tomo muito cuidado com quem gosta mais de baleia do que de gente.
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Vocês não me pegarão propondo uma espécie de ashura (aquela autoflagelação xiita), lastimando os desvios da nossa civilização. Se é que aqueceu mesmo — e há opiniões respeitáveis, censuradas aqui e no mundo, dizendo que não é bem assim —, o que dizer? “Lamento!” Pagamos um preço até pequeno. Em cem anos, a expectativa média de vida do serumano aumentou quase 50%.
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Sim, que os governos se preocupem, busquem energia limpa (os ecochatos vão parar de patrulhar a energia nuclear, por exemplo?), plantem árvores à mancheia para ampliar a capacidade de absorção de carbono, sei lá. Eu, definitivamente, estou fora desse papo obscurantista de que a Terra era bacana, mas o serumano estragou tudo com a sua ambição.
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PS: E, é claro, não custa observar: com o fim das suas ilusões, as esquerdas resolveram se juntar ao extremismo islâmico. Agora, chegou a vez do aquecimento global. É como se uma predição estivesse se realizando: “Estão vendo? O capitalismo só poderia dar nisto aí: autodestruição”.
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Por Reinaldo Azevedo 07:15

02 fevereiro 2007

A liberdade é um fluído

A liberdade funciona como um único fluido em vários vasos comunicantes. Quando um dos vasos está entupido, o fluido não prossegue para os demais, derrama e se perde. A liberdade política se conecta à liberdade econômica, que está ligada à de consumir, que está associada à de adquirir e ter como seu (permitindo a propriedade privada), à de ir e vir, à de imprensa e opinião, e assim por diante. Os dois principais fatores capazes de entupir a comunicação entre esses vasos são a equivocada interferência do Estado e o mau uso da liberdade pelos indivíduos e suas organizações.
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No primeiro caso, estados autoritários ou totalitários tendem a restringir uma, depois outra, e logo todas essas liberdades para ampliar sua própria esfera de poder recusando a livre decisão e o livre discernimento dos indivíduos. No segundo caso, tem-se, por exemplo, a ação predatória de agentes econômicos que utilizam instrumentos indecentes para eliminar a concorrência. Delfim Netto, que está longe de ser um comunista, afirmou certa vez em conferência que escutei: a irrestrita liberdade de mercado tende a acabar com a liberdade de mercado porque o sonho de todo ator da cena econômica é ficar sozinho no mercado.
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Como em tudo mais, portanto, é preciso encontrar a justa medida, ou seja, manter abertos os canais por onde passa o fluido da liberdade, evitando quaisquer abusos que possam inibir sua livre circulação, sejam eles estatais (mediante ação política dos cidadãos), sejam privados (mediante ação política do Estado).
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As fanfarronadas socialistas de Chávez, Morales e seus parceiros sul-americanos (veja quantas liberdades já foram agredidas por eles) não são do século XXI, como anunciam, mas do século XIX mesmo, época de sua formulação. Nada há no que dizem que não tenha sido dito então, e ao longo do século passado, por todos os comunistas que chegaram ao poder para implantar seus tenebrosos regimes. A única coisa nova é a denúncia do tal “neoliberalismo" como palavra capaz de acelerar a produção de adrenalina nas massas de manobra que arregimentam.
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Os relatórios sobre liberdade econômica divulgados anualmente pela Heritage Foundation deveriam pôr sete palmos de terra sobre essas tolices. Acaba de sair o documento de 2007, no qual o Brasil ocupa a 70ª posição entre 157 países analisados. Os 10 primeiros são Hong Kong, Singapura, Austrália, Estados Unidos, Nova Zelândia, Reino Unido, Irlanda, Luxemburgo, Suíça e Canadá. Puxa vida, nenhum socialista! Ao mesmo tempo, os simpatizantes das fanfarronadas esquerdistas, para ficar apenas entre nossos vizinhos, são tão ricos e prósperos quanto Cuba (156º lugar), Venezuela (144º lugar), Bolívia (112º lugar), Equador (108º lugar).
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Tenha certeza, porém, leitor, que nenhuma universidade brasileira examinará esses dados, nem avaliará a relação entre as liberdades econômicas, os sistemas de governo, os Índices de Desenvolvimento Humano, os PIB per capita e os indicadores de liberdade de imprensa nos vários países. Bastaria isso para desmascarar suas perfídias ao saber e à verdade, em nome de uma ideologia que sepulta o futuro das gerações que deveriam estar educando.
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Percival Puggina